Avaliação do componente arbóreo, da regeneração natural e do banco de sementes de uma floresta restaurada com 40 anos, Viçosa, MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Miranda Neto, Aurino
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Manejo Florestal; Meio Ambiente e Conservação da Natureza; Silvicultura; Tecnologia e Utilização de
Mestrado em Ciência Florestal
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/3074
Resumo: A partir do século XIX, a cobertura florestal da Zona da Mata de Minas Gerais foi subjugada a um intenso processo de fragmentação, constatando portanto, a necessidade de conservação dos remanescentes florestais ainda existentes, da realização de restauração florestal e, consequentemente, o monitoramento e avaliação dos projetos de restauração. O conhecimento dos processos ecológicos envolvidos na dinâmica de populações de plantas através do monitoramento e avaliação de áreas restauradas é extremamente importante para a definição de estratégias de conservação, manejo e restauração dos ecossistemas florestais. Portanto, este trabalho tem como objetivo geral, avaliar o estrato arbustivo-arbóreo, o estrato de regeneração, o banco de sementes e a serapilheira de uma floresta restaurada por meio de plantio, após 40 anos de sua implantação. Foram alocadas na área total de um hectare, 16 parcelas contíguas de 25 x 25 m para a avaliação do estrato arbustivo-arbóreo, registrando todos os indivíduos com CAP &#8805; 15 cm. Dentro de cada parcela, alocou-se duas subparcelas de 5,0 x 5,0 m para a avaliação do estrato de regeneração, registrando todos os indivíduos com altura &#8805; 0,5 m e DAP < 5,0 cm. Coletou-se em cada parcela contígua, cinco amostras de solo superficial (0,30 x 0,30 x 0,05 m) para avaliação do banco de sementes e uma amostra de 1,0 m² de serapilheira, posteriormente secada e pesada, para avaliação da mesma. Também foi realizado a classificação quanto a classe sucessional e síndrome de dispersão, análise da abertura do dossel, por meio de fotografias hemisféricas, análise física e química do solo, análise da temperatura, da umidade relativa e da luminosidade da floresta restaurada, bem como análise de similaridade florística, pelo índice de Jaccard, entre os componentes da floresta e entre os levantamentos florísticos já realizados no município de Viçosa, MG. No estrato arbustivo-arbóreo registrou-se 1.432 indivíduos, 112 espécies e 36 famílias, sendo 95 espécies nativas e 16 exóticas, com maior VI para espécie Guarea guidonia e família Fabaceae, alta diversidade (H =3,51) e baixa dominância ecológica (J =0,743), maior porcentagem da classe sucessional secundária inicial, a nível de espécie (34,82%), e de secundária tardia, a nível de indivíduos (34,29%), e predomínio de síndrome de dispersão zoocórica. A área basal foi de 47,8 m²/ha, apresentando na distribuição para classe diamétrica um padrão invertido, e a altura média de 10,6 m, variando de 2,2 m a 27,2 m. No estrato de regeneração registrou-se 1.938 indivíduos, 102 espécies mais um morfotipo (trepadeiras) e 33 famílias, sendo 94 espécies nativas e 7 exóticas, com maior VI para espécie Psychotria sessilis e família Fabaceae, alta diversidade (H =3,56) e baixa dominância ecológica (J =0,768), maior porcentagem da classe sucessional secundária inicial, a nível de espécie (33,33%), e de secundária tardia, a nível de indivíduos (37,05%) e predomínio de síndrome de dispersão zoocórica. No banco de sementes recrutou-se 5.555 indivíduos, 93 espécies mais um morfotipo (trepadeiras) e 32 famílias, nenhuma espécie exótica, com maior VI para espécie Leandra niangaeformis e família Melastomataceae, média diversidade (H =3,21) e baixa dominância ecológica (J =0,708), maior porcentagem da classe sucessional pioneira, a nível de espécie (50,00%) e de indivíduos (87,06%) e predomínio de síndrome de dispersão zoocórica. Quanto ao hábito de vida, maior percentual de ervas, a nível de espécie (45,74%) e de indivíduos (35,17%). A serapilheira acumulada obteve 3.432 kg/ha, com a fração foliar representando 65% e correlação significativa com a área basal (p = 0,031; R² = 0,29) do estrato arbustivo-arbóreo. A camada de 0-20 cm do solo apresentou média saturação de bases (V = 43,40%) e a camada de 20-40 cm baixa saturação de bases (V = 34,70%), com densidades do solo (1,08 e 1,07 kg/m³) dentro da faixa ideal para solos com textura argilosa. A abertura do dossel obteve média de 5,81% e o índice de área foliar média de 4,68 m² de componentes do dossel / m² de área do solo. As temperaturas e umidades relativas médias em março de 2011 apresentaram valores superiores em relação a agosto de 2010, e a luminosidade média foi superior em agosto de 2010. Houve semelhança florística entre o estrato arbustivo-arbóreo e o estrato de regeneração e dissimilaridade entre estes e o banco de sementes. A floresta restaurada apresenta baixa semelhança florística com os fragmentos florestais do município de Viçosa, MG, devido, principalmente, pela composição de espécies alóctones utilizadas no plantio. A presença de espécies exóticas invasoras como a Archontophoenix cunninghamiana, torna-se necessário uma ação de manejo visando a retirada desta espécie para propiciar melhor conservação da floresta. A floresta restaurada, após 40 anos, alcançou um patamar semelhante às Florestas Estacionais Semideciduais, em estádio avançado de sucessão, da região de Viçosa, MG, e resultados superiores às áreas restauradas em diferentes idades no Estado de São Paulo, em termos dos parâmetros fitossociológicos. Por fim, a avaliação de áreas restauradas possibilita corrigir eventuais problemas que venham a ocorrer e definir intervenções de manejo que garantam o sucesso do projeto de restauração.