Idoso economicamente ativo e as situações de violência: um estudo sobre sua existência e relações

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Batista, Rafaela Lopes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/28802
Resumo: O envelhecimento da população, além de favorecer o crescimento do contingente populacional de idosos, ocasionou diferentes mudanças, sendo uma delas a permanência de idosos no mercado de trabalho. Esse fato está relacionado, dentre outros aspectos, à necessidade de o idoso se manter ativo e ao seu papel de provedor financeiro devido à queda nos níveis de renda e/ou desemprego de membros familiares, ou ainda, pela corresidência de filhos e netos. Paralela a essa tendência, observa-se um aumento de casos de violência no mercado de trabalho. Nesse sentido, esta dissertação teve como objetivo principal analisar a percepção de idosos sobre a relação entre atividade econômica e situações de violência vivenciada. Este estudo, descritivo- exploratório, utilizou a metodologia quanti-qualitativa e foi subdividido em duas partes. Na primeira etapa, foi realizada uma revisão integrativa de literatura nas bases de dados Web of Science, Scielo, PubMed e Science Direct. Na segunda etapa, foram realizadas entrevistas fundamentadas, junto a 12 idosos, cujos dados foram analisados utilizando-se a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), com o apoio do software DSC soft. A revisão integrativa da literatura indicou que os longevos enfrentam dificuldades para sua entrada e permanência no trabalho pelas inadequações ambientais ou pelas exigências do trabalho, como levantamento de peso, exposição a ruídos, poeira e vibração; ageismo e estereótipos ligados ao envelhecimento; bem como problemas associados com a condição de saúde do trabalhador, a presença de doenças crônicas e a diminuição de energia, por exemplo. Embora existam iniciativas governamentais para melhorar as condições de trabalho, a maior parte dos estudos foi realizada no exterior e em países desenvolvidos. Quanto aos resultados das entrevistas, os dados indicaram que os idosos inseridos no mercado de trabalho são homens, brancos, casados, com idade entre 60 e 64 anos. Em 75% dos casos, os idosos eram os responsáveis financeiros da família, sendo sua renda praticamente a única fonte de rendimento familiar. Os motivos da permanência e reinserção do idoso no trabalho foram: gostar de trabalhar; necessidade financeira; para alcançar o tempo de contribuição necessário para a aposentadoria; e os benefícios do trabalho para sua vida. As narrativas quanto aos tipos de violências enfrentadas e/ou percebidas no ambiente de trabalho foram: desrespeito; descaso; falta de atenção por parte dos colegas de trabalho; exploração; violência verbal; emocional (psicológica); ser ignorado pelos colegas; discriminação de idade; falta de compreensão; maltrato e olhar torto. As causas da violência apontadas pelos idosos focaram na violência que é acometida contra idosos que dependem de cuidado, como: a situação de saúde da pessoa idosa; suas limitações; a dependência; necessidade de cuidado de terceiros; falta de tempo da família para dedicar ao cuidado dos idosos; estresse; sobrecarga do cuidador; vícios do idoso e do cuidador; impaciência e pontos de vistas antagônicos que geram conflitos. Na visão dos idosos, a permanência no trabalho reduzia a possibilidade de ocorrência de violência, pois o tempo dedicado ao trabalho diminuía o tempo de permanência a lugares perigosos e às pessoas de má índole, além de alcançarem maior independência e autonomia. O estudo também demonstrou que as violências vivenciadas e percebidas no ambiente de trabalho estão relacionadas aos estereótipos do envelhecimento, naturalização da violência contra idosos e com valores capitalistas produtivos, ou seja, os idosos ativos consideram-se protegidos no trabalho em relação aos idosos que não estão, por estarem sendo produtivos. Ressalta-se que, de acordo com a percepção dos idosos, a violência sofrida no envelhecimento não está relacionada diretamente à atividade econômica, e sim, aos estereótipos do envelhecimento. Palavras-chave: Envelhecimento. Violência. Mercado de Trabalho.