Caracterização da microestrutura do pelo de Primates brasileiros

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Coelho, Flávio Augusto da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/28422
Resumo: A associação das características principalmente da cutícula e da medula dos pelos é considerada um caractere taxonômico para mamíferos, ainda que algumas espécies não possam ser identificadas pelo método devido à grande similaridade entre elas. A maioria dos estudos tricológicos utiliza apenas dados qualitativos, que tendem a ser subjetivos. O presente estudo tem como objetivo caracterizar qualitativa e quantitativamente a microestrutura do pelo guarda de diferentes espécies brasileiras da Ordem Primates com possíveis aplicações taxonômicas. Amostras de pelos foram coletadas de exemplares taxidermizados depositados em coleções científicas e de animais vivos da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte. Para a confecção das lâminas de cutícula, foi feita a impressão em esmalte incolor e para a visualização da medula, o pelo foi descolorido. A microestrutura da cutícula e medula foi caracterizada de acordo com a literatura. Para as análises quantitativas foram medidas dez escamas cuticulares, e na medula realizadas em três regiões diferentes. As medidas nas escamas foram: maior altura (MA) e maior largura (LA), calculando o Índice Cuticular (IC). Na medula, também foram aferidas a largura da medula (LM) e largura do pelo (LP), calculando o Índice Medular (IM). Para as análises estatísticas, foi feita Análise de Variância e teste Kruska-Wallis, dependendo do comportamento dos dados. Para uma melhor visualização da distribuição dos dados, foram realizados o Box Plots, Gráficos ternários e Regressão Bivariada de cada família e gênero. Quando possível foi feito uma ANOVA para verificação de possível dimorfismo sexual nas microestruturas do pelo. Foram analisadas 82 espécies o que corresponde a 65% da diversidade de primatas brasileiros, com representantes de todos os gêneros e de todas as famílias. Na Família Callitrichidae, as espécies apresentaram padrão cuticular semelhante do tipo losângico estreito, sendo a única exceção, as espécies do gênero Leontopithecus com escamas ondeadas transversais. O padrão medular do tipo listrado também é constante na maioria das espécies, entretanto as espécies do gênero Mico apresentaram o tipo semi-escaliforme e descontínua, e as espécies do gênero Leontopithecus a medula foi descontínua. Resultados das análises quantitativas em relação ao índice medular indicam três grupos estaticamente válidos dentro da família: um formado por Callimico + Cebuella + Leontocebus; o segundo por Leontopithecus + Mico e o terceiro por Saguinus. A família Aotidae tem padrão semelhante à maioria dos calitriquídeos, com escamas cuticulares losângica estreita e medula listrada, sem diferenças qualitativas e quantitativas entre as espécies analisadas. Em Cebidae, é possível separar as espécies do gênero Cebus com base na morfologia da medula: C. olivaceus com células medulares de formado granuláceo enquanto C. albifrons tem medula poligonal regular. O gênero Sapajus, pode ser dividido em dois grupos, sendo o primeiro formado pelas espécies S. nigritus e S. xanthostermos com escamas no formato ondeado, transversal com bordas lisas e medula rentagulariforme, enquanto as outras espécies analisadas apresentam escamas com bordas ornamentadas e medula crivada. No gênero Saimiri a espécie S. cassiquiarensis apresenta escamas ondeadas transversais com borda lisa, enquanto as outras espécies do gênero, possuem bordas ornamentadas. Na análise geral dos gêneros da família Cebidae, é possível separar o gênero Cebus dos outros com base no índice medular. Na família Pitheciidae, o gênero Cacajao pode ser dividido em dois grupos com base na medula, sendo o primeiro formado por C. calvus novaesi e C. calvus calvus e o segundo pelo C. ucayalii e C. melanocephalus, onde a principal diferença são as células mais condensadas do primeiro grupo quando comparado com o segundo. Dentro dos gêneros Callicebus e Plectorucebus, a diferença entre as espécies é baseada no número de fileiras de células da medula. O gênero Pithecia apresenta o pelo com maior espessura além de ter escamas mais estreitas quando comparado com os outros gêneros da família. Na análise geral da família, pode-se ver a formação de três grupos com base no índice medular: primeiro formado pelo Pithecia, o segundo pelos gêneros Callicebus, Plectorucebus e Cheracebus, o terceiro pelos gêneros Cacajao e Chiropotes. Na família Atelidae, o gênero Alouatta apresenta as principais diferenças no padrão medular, sendo A. belzebul com padrão retangulariforme, A. caraya e A. nigerrina do tipo poligonal regular, A. guariba semi- escalariforme e A. discolor e A. seniculus granuláceo. As espécies do gênero Ateles possuem a microestrutura do pelo semelhante, entretanto A. marginatus se diferenciou das outras espécies com base no IM. O dimorfismo sexual nesta amostra de estudo só pode ser observado no gênero Ateles, onde o IM dos machos foi maior do que das fêmeas. Foi possível concluir que tanto a cutícula quando a medula dos pelos são fatores importantes na identificação taxonômica de primatas brasileiros e que as análises quantitativas complementaram os resultados obtidos pelas análises qualitativas. Apesar das grandes sobreposições dos resultados aqui encontrados, a tricologia se mostrou uma técnica válida, principalmente quando diz respeito ao baixo custo, simplicidade operacional e coleta de amostras.