Resumo: |
A cidade de São Paulo acompanhou uma tendência mundial que se desenhou a partir das últimas décadas do século XX. Assim como outras cidades no mundo, vem passando por projetos de revalorização urbana de algumas regiões, principalmente nos chamados centros históricos. Em todas as propostas ressalta-se primeiramente a característica de “degradação” associada a sujeira, poluição, presença de população de baixo poder aquisitivo que no geral, são transeuntes, trabalhadores ambulantes e moradores. No caso da região da Luz, vários projetos surgiram desde os anos 1970, que ao identificar essa região como um espaço deteriorado também reconheceu suas potencialidades culturais. Através das pesquisas realizadas nos processos de tombamento das edificações instaladas na área, percebemos que desde então a atenção do órgão estadual que promove a preservação e defesa do patrimônio cultural, Condephaat, voltou sua atenção para o bairro e promoveu uma série de tombamentos principalmente na década de 1980. Convergiram desse modo, tombamentos, identificação da região como degradada e projetos para a revalorização do espaço no bairro da Luz, o que sugere que a memória histórica do bairro foi reconsiderada dentro da prática patrimonial, que abriu espaço para trazer as feições arquitetônicas da Luz para o critério dos tombamentos até então ignoradas pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional. Nesse sentido, foi possível estudar a elaboração do patrimônio cultural e do reconhecimento desse espaço como um conjunto histórico, estudando os documentos dos processos de tombamento e paralelamente, a trajetória da prática patrimonial nacional e desse modo, foi possível entender por que o patrimônio cultural da área foi por tanto tempo ignorado no roteiro patrimonial do instituto nacional. Com um aprofundamento na história e desenvolvimento do bairro da Luz pudemos perceber como se desenrolou aceleradamente, os investimentos urbanizadores neste local principalmente a partir da segunda metade do século XX. Diversas obras aconteceram por volta deste momento visando o progresso urbano e a circulação de automóveis, essas intervenções marcaram o espaço e sua paisagem. Pudemos averiguar como as relações desenvolvidas na modernidade com o espaço do bairro em vários momentos e em alguns episódios específicos, envolveu negociação com os seus elementos urbanos e os lugares de memória, e desse modo, como a identificação do bairro se transformou. |
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