Avaliação de estresse oxidativo e análise histopatológica em peixes coletados à jusante das barragens Eustáquio e Santo Antônio, no município de Paracatu-MG.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Azevedo, Filipe Silveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Biologia Celular e Estrutural
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/31774
https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2023.664
Resumo: Monitorar a qualidade de vida da ictiofauna próxima a barragens é crucial para avaliar as atividades de extração, em especial das espécies nativas. Neste contexto, peixes são modelos desejáveis, uma vez que estão em contato direto com os poluentes através das brânquias e fazem parte dos últimos níveis tróficos das cadeias alimentares, sendo os últimos a serem submetidos às propriedades bioacumulativas dos metais pesados. Baseado nisto, nosso objetivo foi investigar possíveis alterações histopatológicas em tecidos de peixes encontrados em locais potencialmente impactados pelas barragens. Também objetivamos entender a patogênese destas lesões relacionadas ao estresse oxidativo em brânquias, fígado, gônadas e músculos. Para realizar estas análises foram coletados 113 peixes para as análises histopatológicas e 82 peixes para as análises de estresse oxidativo. Foram distribuídos em 2 grupos: peixes de localidades não impactadas pela contaminação (área de referência (AR)) e peixes de localidades possivelmente impactadas pela contaminação (área diretamente afetadas/áreas de influência (ADA/AI)). Foram retirados fígado, brânquias, músculos e gônadas para análises histopatológicas e músculos e brânquias para análises de estresse oxidativo. Nos fígados, houve aumento de infiltrados inflamatórios nos peixes de ADA/AI. No entanto, não foram encontradas diferenças significativas em regiões de isquemia e hemorragia. Não houve diferenças no metabolismo e armazenamento de glicogênio e não foram encontrados sinais de morte celular e fibrose nos tecidos hepáticos em ambas as áreas. Para as brânquias, as regiões ADA/AI tiveram aumento na fusão lamelar, hiperplasias e maior destruição do epitélio secundário. Em relação ao tecido muscular, não foram encontradas patologias significativas entre as áreas AR e ADA/AI não houve diferença na área de suas fibras musculares. Para as gônadas, foram encontrados alguns ovócitos em atresia, mas não houve diferença significativa entre as áreas. Em relação ao estresse oxidativo, houve diminuição na atividade da enzima antioxidante catalase e do marcador de peroxidação lipídica malondialdeído nos músculos das áreas ADA/AI comparadas com AR. Houve também aumento de óxido nítrico (NO) nos músculos nas áreas ADA/AI em relação as áreas AR. Diferentes espécies possuem predisposição a serem afetadas a certos metais, justificando as diferenças apontadas nas espécies do estudo. As diferenças entre as localidades se relacionam as características físicas e químicas dos rios e as diferentes concentrações de metais. Isto pode justificar o aumento dos processos inflamatórios em áreas ADA/AI e a patogênese pode estar associada pelas ligações específicas que alguns metais estabelecem com as células hepáticas, especialmente devido ao fenômeno de explosão respiratória que está diretamente ligado ao estresse oxidativo nos tecidos. Em nosso estudo, observamos que as brânquias apresentaram hiperplasia e algumas regiões de fusão lamelar em áreas ADA/AI. Estas modificações estão associadas principalmente às funções de defesa deste órgão. Geralmente em condições de estresse as brânquias aumentam as células do epitélio lamelar para impedir a chegada dos metais na corrente sanguínea, explicando a hiperplasia e fusão lamelar. Em condições mais drásticas, o epitélio lamelar é completamente perdido, como foi observado para as áreas ADA/AI. A diminuição de malondialdeído (MDA), juntamente com a catalase (CAT), nas regiões ADA/AI indicam que o balanço oxidativo está em equilíbrio nesses peixes. Por outro lado, houve um aumento de óxido nítrico no tecido muscular nas áreas ADA/AI. Este achado possivelmente está relacionado a outras atividades do NO dentro das células como vasodilatação e sinalização celular, já que o estresse oxidativo dentro destes tecidos parece estar controlado. Conclui-se que os peixes das localidades a jusantes das barragens de Eustáquio e Santo Antônio, não apresentaram contaminação severa a partir de análises histopatológicas e de estresse oxidativo feitas com tecidos do fígado, brânquias, gônadas e músculos. Palavras-chave: Barragem. Estresse Oxidativo. Histopatologia. Metais Pesados.