"Parece que o sol baixou": percepção e estratégias de enfrentamento de agricultores familiares frente às mudanças climáticas em Baixa Grande-Bahia-Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Pereira, Geusa da Purificação
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/27681
Resumo: Esta tese dedicou-se a identificar a percepção de agricultores familiares localizados no semiárido baiano, referente às mudanças climáticas, tendo como locus de estudo o município de Baixa Grande- BA e, neste, trabalhou-se três comunidades específicas. O objetivo central consistiu na compreensão, a partir da percepção dos agricultores entrevistados, dos impactos provocados pelas mudanças climáticas nos meios de vida da agricultura familiar, na identificação e análise das consequências socioeconômicas e culturais por eles enfrentados associados a esse fenômeno, bem como as estratégias de adaptação por eles adotadas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujos dados de campo foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas, observação livre e realização de atividades em grupo entre os meses de julho a setembro de 2018, e em agosto de 2019. Os principais instrumentos de coleta de dados utilizados foram: entrevistas semiestruturadas com agricultores familiares com idade igual ou superior a 40 (quarenta) anos; observação livre em distintos espaços nas comunidades e reuniões em grupo. (Como principais categorias teóricas abordaram-se as temáticas das mudanças climáticas; percepção ambiental; percepção de risco; meios de vida; Tecnologia Social (TS) e adaptação. O estudo evidenciou que o termo “mudanças climáticas” é estranho a muitos agricultores, no entanto, estes percebem e enumeram diversas transformações no ambiente e nos seus meios de vida e os associam às “mudanças ambientais” e/ ou “mudanças no tempo”, apontando os seres humanos e suas ações como sendo os principais responsáveis por tais transformações. Diversas foram as transformações ambientais percebidas pelos agricultores familiares, no entanto, a maioria não realiza uma ligação direta com o termo científico “mudanças climáticas”, nem conseguem fazer uma ligação dos acontecimentos globais com as consequências locais. Como efeito, as mudanças percebidas causaram a alteração e redução da precipitação pluviométrica e o aumento da temperatura na região. Tais fatos, por sua vez, influenciaram nos períodos de chuva, sobretudo, o inverno e trovoada. Essas alterações interferiram sobremaneira na produção agropecuária, nas perdas de sementes e, consequentemente, na geração de renda das famílias, influenciando de maneira diversa seus meios de vida e os distintos ativos que o compõe. Contudo, algumas consequências positivas também foram trazidas, em decorrência dessas alterações no ambiente com vistas à adaptação do agricultor às novas realidades impostas pelo clima. Como exemplo, tem-se ações e políticas, tais como, o Garantia Safra; o Pronaf; a plantação da palma forrageira; a “Operação Caminhão Pipa” utilizado no fornecimento de água; a criação de casa de sementes; e, principalmente, as cisternas de placa, tecnologia social apontada como sendo o mais importante instrumento adaptativo para a realidade semiárida, revolucionando a forma como a população lida com a água, e possibilitando a melhoria da qualidade de vida e saúde desta população.