Interações entre o predador Podisus nigrispinus (Heteroptera: Pentatomidae) e o parasitóide Palmistichus elaeisis (Hymenoptera: Eulophidae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Soares, Marcus Alvarenga
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Ciência entomológica; Tecnologia entomológica
Doutorado em Entomologia
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/881
Resumo: O uso de mais de uma espécie de inimigo natural para o controle de pragas pode aumentar a eficiência do controle biológico, principalmente, quando esses organismos atuam sobre diferentes estágios da praga. A diversificação da fauna benéfica pode reduzir a população de herbívoros e quanto mais diversa, maior o tempo sem perturbação dos ecossistemas, maior o número de conexões formadas e a estabilidade local. O objetivo deste trabalho foi determinar se existe competição e predação intraguilda entre Podisus nigrispinus (Dallas) (Heteroptera: Pentatomidae) e imaturos de Palmistichus elaeisis Delvare & LaSalle (Hymenoptera: Eulophidae) e o efeito desses fenômenos na biologia desses inimigos naturais. No capítulo I pupas de Thyrinteina arnobia (Stoll) (Lepidoptera: Geometridae) e do hospedeiro alternativo Tenebrio molitor Linnaeus (Coleoptera: Tenebrionidae) foram expostas ao parasitismo por seis fêmeas de P. elaeisis. Para verificar a seletividade do predador uma pupa sadia (T1) e outra parasitada por P. elaeisis (T2) foram dispostas em faces opostas de uma placa de Petri. Fêmeas de P. nigrispinus foram liberadas, individualmente, no centro dessas placas e a preferência de cada fêmea por pupa, sadia ou parasitada por P. elaeisis, foi observada. No capítulo II cem fêmeas de P. nigrispinus foram pesadas e individualizadas em placas de Petri. Vinte e cinco dessas fêmeas receberam, por três dias consecutivos, pupas de T. molitor sadias (T1), enquanto outras 75 receberam pupas com um (T2) ou nove (T3) ou 18 dias (T4) do parasitismo por P. elaeisis. A predação foi permitida por 24 horas com as pupas sendo pesadas antes e após esse período e substituídas por novas. No quarto dia, as fêmeas de P. nigrispinus foram novamente pesadas para se avaliar o peso final das mesmas. No capítulo III pupas do hospedeiro alternativo Tenebrio molitor (Coleoptera: Tenebrionidae) foram expostas ao parasitismo por P. elaeisis por 24 horas. Essas pupas, contendo larvas ou pupas de P. elaeisis, foram individualizadas em placas de Petri com um chumaço de algodão embebido com água destilada e com uma fêmea de P. nigrispinus. Os tratamentos consistiram dos períodos sem predação (T1) ou com 24 (T2) e 48 horas (T3) do predador com as pupas. A seguir, as pupas foram retiradas das placas de Petri e individualizadas em tubos de vidro. O ciclo (ovo-adulto), a emergência, a longevidade, a razão sexual e os parâmetros morfométricos de adultos de P. elaeisis foram avaliados. Nos capítulos IV e V os tratamentos foram ninfas de P. nigrispinus alimentadas com pupas de T. molitor parasitadas por P. elaeisis (T1); ninfas de P. nigrispinus com pupas parasitadas ou sadias em proporções equivalentes (1:1) (T2) e ninfas de P. nigrispinus com pupas sadias (T3). Após a emergência os adultos de P. nigrispinus receberam a mesma dieta das ninfas que os originaram e foram sexados, individualizados em sacos brancos de organza envolvendo folhas de Eucalyptus spp. e acasalados, com um casal por saco de organza. Podisus nigrispinus é seletivo, ao evitar presas parasitadas e, quando isso não ocorre, a predação intraguilda ocorre de forma simétrica. O consumo da biomassa de presas parasitadas foi menor que o das sadias e aumentou com a progressão ontogenética do parasitóide. Fêmeas de P. nigrispinus atingem o peso ideal (>60 mg), para maior fecundidade, mesmo se alimentando de presas parasitadas. A predação intraguilda afeta a emergência e a biologia do parasitóide P. elaeisis. O número de adultos emergidos por pupa e a razão sexual desse parasitóide diminuiram, quando o hospedeiro permaneceu com o predador por 48h. Pupas hospedeiras, com parasitóides no estágio de larva, quando predadas, apresentam efeitos positivos na biologia de P. elaeisis, como menor ciclo (ovo-adulto) e maior longevidade de suas fêmeas. Podisus nigrispinus pode coexistir com P. elaeisis e ter reduzido impacto no desempenho de suas ninfas por esse competidor. Ninfas de P. nigrispinus, em intensa competição com imaturos de P. elaeisis, têm seu ciclo aumentado em, até, oito dias, mas sua sobrevivência permanece alta. A massa corpórea das ninfas e adultos de P. nigrispinus foi menor com pupas parasitadas, mas seus adultos mantiveram a largura da cabeça característica da espécie. A predação intraguilda intensa pode, também, reduzir a oviposição e taxas de crescimento populacional e aumentar a mortalidade de adultos de P. nigrispinus, mas sem provocar a exclusão da espécie. No entanto, competições equilibradas (1:1) com parasitóides têm menor impacto em adultos desse predador. O reduzido impacto da competição ou predação intraguilda entre P. nigrispinus e P. elaeisis, mostra que esse predador não pode excluir P. elaeisis da área, ou vice versa e esses inimigos naturais possuem estratégias de coexistência no mesmo habitat.