Cúrcuma (Curcuma longa) na dieta de Astyanax aff. bimaculatus: segurança e eficácia na produção e no estresse por transporte

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Ferreira, Pollyanna de Moraes França
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/7958
Resumo: Durante a criação de peixes, diversas práticas culturais podem causar estresse aos animais, como por exemplo, manipulação associada à captura e triagem, densidade de estocagem inadequada, transporte, interações biológicas, qualidade da água e manejo de alimentação. Dentre as alternativas para minimizar os efeitos do estresse em peixes cultivados, o uso de plantas medicinais como aditivos em dietas destaca-se em função destas apresentarem menos efeitos colaterais, menor toxicidade e melhor biodegradabilidade, quando comparados aos antibióticos, o que as tornam potencialmente seguras em termos da saúde animal e para o meio ambiente. Durante a última década, a atenção tem sido cada vez mais focada no uso de plantas medicinais para promover uma aquicultura sustentável, uma vez que esses produtos podem ser utilizados para diversos fins como: anestésicos, promotores de crescimento, imunoestimulantes, na profilaxia e tratamento de doenças e como redutores de estresse. Além de avaliar a eficácia dos extratos vegetais no crescimento e no aumento da resistência ao estresse, é necessário avaliar também a segurança do seu uso, uma vez que as plantas podem apresentar toxicidade tanto para o homem quanto para os animais. Dentre as plantas com potencial para serem usadas como aditivos em dietas, a Curcuma longa destaca-se devido a sua grande diversidade de propriedades biológicas como: anti-inflamatória, imunoestimulante, antioxidante, antimicrobiana e anticarcinogênica. Além disso, a cúrcuma apresenta efeitos benéficos na secreção de enzimas digestivas, na desintoxicação do organismo, sobre o desenvolvimento do epitélio intestinal, sobre o metabolismo dos lipídios, sobre a secreção de insulina, sendo hipoglicemiante. Dessa forma, objetivamos avaliar a segurança e eficácia da Curcuma longa na dieta de Astyanax aff. bimaculatus, na produção e no estresse por transporte. Juvenis de Astyanax aff. bimaculatus (0,83 ± 0,04g) foram mantidos em 24 aquários (80L de água), na densidade de 0,5 peixes.L^-1, durante 90 dias. Foram avaliadas seis dietas suplementadas com 0,0; 20,0; 40,0; 60,0; 80,0 e 100,0 g de cúrcuma.kg^-1. Ao final desse período, para a realização do transporte foram utilizados 24 sacos plásticos com 15 peixes cada, contendo 1,5 litros de água, preenchidos com oxigênio. Os peixes foram mantidos nos sacos plásticos durante 24 horas, no porta-malas de um automóvel que alternou períodos em movimento e parado. Os demais peixes foram eutanasiados por excesso de anestésico (400mg de óleo de cravo.L^-1 de água) para a coleta das amostras biológicas. Antes do transporte, foi observado efeito linear crecente da cúrcuma na espessura da túnica muscular, e na altura e largura das pregas dos intestinos. No fígado, houve efeito quadrático da cúrcuma sobre a porcentagem de citoplasma dos hepatócitos, sendo o valor estimado para maximizar essa variável de 86,88 g de cúrcuma.kg^-1 e efeito linear decrescente sobre o percentual de capilares sinusoides. Foi observado efeito quadrático da cúrcuma sobre os níveis de glicogênio hepático, sendo o valor que maximiza essa variável de 45,00 g de cúrcuma.kg^-1. Nas análises histopatológicas, foi observado efeito quadrático da cúrcuma para o índice de brânquias (IBRA), sendo o valor estimado que minimiza esse índice igual a 30,23 g de cúrcuma.kg^-1. Após o transporte, pelo modelo descontínuo LRP (Linear Response Plateau), que melhor se ajustou aos dados (P<0,01), a menor concentração estimada de cúrcuma que maximiza a taxa de sobrevivência foi igual a 16,67 g.kg^-1. Houve efeito quadrático da cúrcuma sobre o lactato sanguíneo, sendo o valor estimado para minimizar essa variável igual a 64,7 g de cúrcuma.kg^-1. Foi observado efeito quadrático da cúrcuma sobre a atividade da enzima superóxido dismutase e para a concentração do malondialdeído nas brânquias dos peixes, sendo os valores que minimizam essas variáveis de 42,50 e 83,33 g de cúrcuma.kg^-1, respectivamente. Dessa forma, concluímos que a Curcuma longa na alimentação de peixes é segura em doses até 30,23 g.kg^-1 de dieta, e que a mesma tem efeito trófico no epitélio e túnica muscular do intestino. Doses baixas de cúrcuma causam aumento da deposição de glicogênio hepático, no entanto, doses elevadas causam diminuição dessa variável. Além disso, após o transporte, a cúrcuma minimiza as respostas de estresse e melhora o estado antioxidante.