Histórias cruzadas: tramas de vida de estudantes negras graduandas da Universidade Federal de Viçosa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Ladeira, Priscila Daniele
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/26614
Resumo: Este trabalho teve como tema de investigação as relações raciais no Ensino Superior, sendo as estudantes de graduação negras e suas produções cotidianas na Universidade Federal de Viçosa (UFV) os sujeitos desta pesquisa. Ao longo da construção deste trabalho, pretendi acompanhar e encontrar possíveis respostas ao seguinte problema: como as composições tecidas no cotidiano acadêmico das estudantes negras da UFV contribuem para a construção das suas narrativas e como influenciam na construção de suas trajetórias pessoais e acadêmicas? O objetivo geral da pesquisa foi analisar as narrativas de estudantes negras e identificar os pontos que tecem uma trama comum na história de vida dessas mulheres, e os objetivos específicos foram: a) verificar a presença de estudantes negras nos cursos de graduação da UFV; b) compreender as estratégias e táticas presentes nos processos de escolarização formal da população negra, especificamente de mulheres negras dos cursos de graduação da Universidade; e c) analisar as trajetórias de escolarização vivenciada por estudantes negras da Instituição. O primeiro capítulo apresenta os percursos metodológicos percorridos para produção dos dados desta pesquisa, realizados em três etapas. A primeira etapa contou com um levantamento quantitativo no Registro Escolar da UFV, a fim de produzir dados sobre a população negra na Universidade, em especial as mulheres. A segunda etapa consistiu em um encontro coletivo para realização de um grupo de discussão. Desenvolveu-se com as participantes uma dinâmica de grupo chamada de “Rio da Vida”¹ , a partir de elementos pedagógicos, como: livros com a temática racial; imagens de mulheres e personalidades negras; produtos de beleza; fantoches; bonecas; flanelógrafos e outros, que despertavam nas participantes memórias de suas trajetórias de vida até chegarem à Universidade. Estes elementos foram distribuídos pelo Departamento de Educação da UFV em espaços que levavam à sala onde seriam realizados os debates. Após breve apresentação, as participantes tiveram a oportunidade de interagir com os elementos e escolher um que havia lhes chamado mais atenção e despertado nelas memórias referentes à sua construção enquanto mulheres negras até chegarem ao Ensino Superior. O terceiro momento foram entrevistas individuais realizadas com todas as participantes do grupo de discussão em dias, horários e locais previamente agendados. A partir do segundo capítulo, apresentam-se, em forma de contos, as narrativas das mulheres negras participantes da pesquisa. Cada conto permitiu-me dialogar com as questões que atravessam a temática racial e de gênero, a partir dos referenciais bibliográficos consultados. Os temas abordados nestes capítulos versam sobre as seguintes questões: construção da identidade negra em uma perspectiva relacional a partir dos conceitos de preconceito de marca e preconceito de origem de Oracy Nogueira; panorama quantitativo sobre a população negra da UFV, especificamente as mulheres; a solidão da mulher negra, o processo de preterimento experimentado nas relações afetivas e de trabalho e como o racismo institucional afeta suas narrativas; a trajetória escolar do povo negro a partir da narrativa de uma intelectual negra, estudante do curso de Geografia da UFV e autora de diversos textos no periódico Cadernos Negros; o conceito de colorismo a partir do uso do termo negro ao longo da História do Brasil, as teorias eugenistas e a teoria do embranquecimento, bem como a ideia de democracia racial desconstruída por meio de pesquisas ao longo da década de 1950; e o feminismo negro e sua contribuição para a luta das mulheres negras e não negras. Nas considerações finais são apresentadas as contribuições desta pesquisa nas discussões raciais dentro da Universidade e os pontos que tecem uma trama comum nas histórias de vida das mulheres negras. ¹ O Rio da Vida é uma dinâmica muito utilizada por organizações não governamentais em trabalhos de base com grupos de mulheres. Consiste em desenhar no chão um rio, ou usar um tecido TNT ou papel para representar um rio. Diversos elementos são disponibilizados para que as/os participantes possam colocar no rio de forma a representar sua trajetória de vida (nascimento, formação escolar, relações familiares etc.) e socializá-las com o restante do grupo.