Demanda domiciliar por frutas e hortaliças no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Silva, Maria Micheliana da Costa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Economia e Gerenciamento do Agronegócio; Economia das Relações Internacionais; Economia dos Recursos
Mestrado em Economia Aplicada
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/80
Resumo: Diante do baixo consumo de alimentos saudáveis pelos brasileiros, torna-se necessário verificar quais os fatores influenciam a demanda por frutas e hortaliças pelas famílias brasileiras. A análise da demanda por alimentos específicos, especialmente os considerados mais saudáveis, é relevante para se conhecer o que influencia seu consumo e elaborar estratégias para melhorá-lo, o que por sua vez poderá contribuir para a redução da incidência de doenças relacionadas à má alimentação e suas ineficiências socioeconômicas. Dessa forma, este estudo buscou analisar, de forma desagregada, a demanda por frutas e hortaliças nos domicílios brasileiros, baseando-se nos microdados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF/IBGE) de 2008/2009. Especificamente, foram analisadas a sensibilidade do consumo de frutas e hortaliças em relação ao dispêndio e aos preços, assim como a influência de variáveis de composição familiar e hábitos de vida. Além disso, buscou-se comparar o nível de consumo e sensibilidade, por nível de rendimento domiciliar, bem como avaliar os efeitos de subsídios sobre o consumo de frutas e hortaliças, a fim de se compreender o impacto de tais políticas no estímulo a hábitos alimentares mais saudáveis. Para tanto, estimou-se um sistema de demanda desagregada por frutas e hortaliças, por meio do modelo QUAIDS com a correção dos gastos nulos pelo procedimento de Shonkwiller e Yen. Além deste problema econométrico, também foram corrigidas a endogeneidade dos preços e dispêndio, como forma de obter estimativas mais precisas. No primeiro estágio da estimação, puderam-se verificar quais fatores contribuem para a decisão de adquirir ou não determinado bem. Destacam-se os efeitos do estoque educacional do chefe do domicílio, além das variáveis que expressam a localização domiciliar. As variáveis que expressam os hábitos de vida foram importantes para explicar a decisão de compra, principalmente em domicílios mais ricos. No segundo estágio, obtiveram-se as elasticidades-dispêndio, elasticidades-preço próprias e cruzadas para cada bem, que permitiram analisar o comportamento dos domicílios frente às mudanças nas variáveis econômicas em relação à demanda por alimentos saudáveis. Os resultados indicaram diferentes graus de sensibilidade entre as classes e entre produtos, principalmente em relação ao preço dos produtos. Quanto ao dispêndio total com a cesta considerada, o grau de sensibilidade da demanda por frutas é decrescente com o nível de renda, ao passo que, em relação à demanda por hortaliças, é crescente. Logo, a hipótese de que domicílios pobres seriam mais sensíveis a mudanças no nível de dispêndio é refutada apenas para a demanda por hortaliças. Em relação ao preço dos bens, há predominância de bens com demanda elástica em todas as classes de rendimento. Diferente do que ocorre com os resultados para o dispêndio total, o comportamento com relação ao preço de cada bem é semelhante entre a classe inferior e intermediária, principalmente para as frutas. Pôde-se confirmar também que a demanda por produtos saudáveis depende da composição e localização domiciliar. Além dessas características, a demanda por frutas e hortaliças relaciona-se com variáveis que expressam hábitos e conscientização com a saúde. Assim, possibilitou-se traçar um perfil mais detalhado sobre seu consumo. Conjuntamente com o impacto da variável que expressa o estoque educacional do tomador de decisão de domicílio, entender o efeito dessas variáveis pode ser importante para elaborar políticas informativas e preventivas. Além dessas questões, buscouse verificar os efeitos de uma política de modificação dos preços das frutas e hortaliças analisadas sobre a quantidade total demandada. A aplicação de um thin subsidy de 5% foi capaz de aumentar a quantidade consumida nos domicílios pobres em 8%. Domicílios da classe intermediária foram beneficiados com um aumento de 8,5%. Já em domicílios com renda superior, o consumo total aumenta em 10%. De forma geral, pode-se considerar que, caso o objetivo seja reduzir as disparidades de consumo entre as classes, o percentual de redução dos preços deve ser diferenciado entre as classes. Isto porque, para que a média de consumo dos indivíduos da classe intermediaria alcance a quantidade recomendada, a redução de 5% nos preços já seria eficaz. No entanto, para que isso seja alcançado pelos indivíduos com renda inferior, em média, a redução deveria ser equivalente a 55%. Como em alguns produtos o subsídio por si só é ineficaz, mas as variáveis que expressam a conscientização e o nível educacional influenciam seu consumo, seria interessante que as ações informativas sobre os efeitos benéficos desses alimentos sejam aplicadas conjuntamente à redução dos preços.