Composição nutricional do leite humano e sua correlação com variáveis maternas: estudo prospectivo
Ano de defesa: | 2006 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Valor nutricional de alimentos e de dietas; Nutrição nas enfermidades agudas e crônicas não transmis Mestrado em Ciência da Nutrição UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/2713 |
Resumo: | A fração lipídica do leite humano é especialmente importante para o recém-nascido e pode ser modulada pelas condições maternas e dos recém-nascidos. Este estudo prospectivo analisou os percentuais de ácidos graxos (AG), de lipídios totais (LT) e de energia do leite humano de 33 nutrizes do município de Viçosa - MG, ao longo de três meses de lactação (períodos medianos de 1, 7, 32, 62 e 91 dias pós-parto). Relacionou-se o comportamento desses parâmetros frente às seguintes variáveis: período de lactação, escolaridade, peso ao nascer, tipo de parto, paridade, etnia materna, idade gestacional, ganho de peso do recém-nascido e alimentação materna. Esta última foi avalida de acordo com o Recordatório de 24 Horas (R24H), aplicado aos 7, 32, 62 e 91 dias pós-parto; o Questionário de Freqüência de Consumo Alimentar (QFCA) e a Lista de Disponibilidade de Alimentos (LDA) foram aplicados aos 91 dias pós-parto. Observou-se que as nutrizes apresentaram baixa renda (R$652,00 ± R$367,00) e baixa escolaridade (8,8 ± 2,5 anos de estudo). Em relação ao período de lactação, encontraram-se diferenças significantemente inferiores (p<0,001) para os ácidos graxos C10:0 e C14:0 no período de 1 dia em relação aos demais períodos. O C16:0 de 32 dias foi significantemente menor (p=0,03) que no período de 1 dia e o C16:1 apresentou menores percentuais no período de 1 dia em relação aos demais períodos (p=0,01). A relação n-6:n-3 e o total da síntese de novo (C10:0, C12:0 e C14:0), ao longo do estudo, foi de 10 a 14 e de 5,6 a 17,9 mg%; respectivamente. Os percentuais de LT e de energia foram significantemente menores (p=0,03) no período de 1 dia em relação aos períodos de 32 e 91 dias. Do total de amostras de leite humano coletado (n=156), observou-se fortes correlações (p<0,001) entre o C18:2n-6 com o C18:3n-3, com o somatório de n-3, de ácidos graxos poliinsaturados (AGP) e de AG totais. Assim também ocorreu para o conteúdo de C18:3n-3 relacionado ao somatório de n-6, de AGP e de AG totais. A escolaridade, o peso ao nascer, o tipo de parto, a paridade e idade gestacional não modificaram significantemente os parâmetros analisados no leite humano. Em relação ao ganho de peso, a média geral deste parâmetro correlacionou-se de forma inversa e significante com os percentuais de C12:0 (r=-0,468; p=0,03), de C14:0 (r=-0,062; p=<0,001) e de ácidos graxos saturados (AGS) (r=-0,443; p=0,02). Não foram observadas correlações significantes entre os parâmetros investigados pela média dos quatro R24H com os percentuais de AG, de LT e de energia do leite humano. De acordo com o QFCA e com a LDA, o consumo de leite de vaca integral pela nutriz correlacionou-se positivamente (p<0,05) com o total de AGS, de ácidos graxos monoinsaturados, de AGP, de AG totais e com os percentuais de C18:2n-6 do leite humano. Boas correlações negativas foram observadas entre a ingestão de carne suína com os percentuais de C18:2n-6 (r=-0,630, p=- 0,035). O consumo de peixe, apesar de ter sido equiparável ao consumo per capita diário de carne bovina, não apresentou alterações relevantes nos parâmetros estudados do leite humano. Esse estudo confirma que o conteúdo lipídico do leite humano pode ser modulado de acordo com o período de lactação e pela alimentação materna. Acredita-se que as demais variáveis maternas e dos recém-nascidos também possam contribuir para a modulação da composição lipídica do leite humano, embora não tenham demonstrado seus efeitos neste estudo. O consumo diário de leite de vaca provocou alterações positivas no perfil de ácidos graxos do leite humano; diferentemente do consumo de carne suína. Não foram observadas as presenças de ácidos graxos docosahexaenóico e de eicosapentaenóico no leite humano, pois o leite integral não é fonte desses ácidos graxos. A utilização dos inquéritos QFCA e LDA, que têm a característica de avaliar a ingestão habitual, foram mais eficazes para a análise da interferência alimentar materna sobre o perfil de ácidos graxos do leite humano, em relação à média dos quatro R24H. Ressalta-se a pouca disponibilidade na literatura científica de estudos prospectivos, que avaliem a evolução da composição lipídica do leite humano ao longo dos estágios inciais da amamentação. |