Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Silva, Yan Victor Leal da |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/24304
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Resumo: |
A experiência humana na trajetória da roça para a cidade guarda memórias relacionadas ao espaço e ao tempo vivido. Este trabalho buscou compreender como algumas dessas pessoas, seja de forma coletiva ou individual, territorializam memórias, afetos e conhecimentos em espaços do domínio da vida. Dentre os vários espaços do domínio da vida memorizados pelas pessoas enfatizarei os quintais. Esse lugar está povoado de campesinidades, simbolismos, cosmologias e significados. Como parte indissociável da casa, os quintais nas periferias urbanas representam micromundos onde se reproduzem memórias de momentos anteriores à migração. Sendo constantemente territorializados por plantas de uso alimentício e medicinal, classificadas por sistemas de conhecimentos e, algumas, utilizadas em rituais de curas e benzeções, os quintais materializam também a memória biocultural. Em uma abordagem etnográfica e microsocial, acompanhei quatro moradores que cultivam seus quintais em Nova Viçosa, Viçosa (MG). Dos quatro sujeitos entrevistados foram relatadas experiências de deslocamentos distintos a partir de seus lugares de origem até chegar ao bairro Nova Viçosa. Dois deles têm suas origens em Cajuri e em Porto Firme, na microrregião de Viçosa. Entrevistei, também, uma senhora benzedeira que nasceu em Taquaraçu, município próximo a Mariana (MG) e mais uma senhora das Posses, bairro vizinho de Nova Viçosa. Optei por trabalhar com quatro moradores para trazer uma diversidade nos significados e sentidos que são atribuídos aos quintais por essas pessoas. Para compreender os quintais como espaço de memória, utilizei instrumentos qualitativos de análise, sejam eles a observação participante, entrevistas abertas e diários de campo. Por meio desses instrumentos metodológicos registrei depoimentos e elaborei uma descrição em diário de campo das práticas realizadas nos quintais durante o trabalho de campo. Além disso, realizei um levantamento biocultural das espécies cultivadas, bem como os usos e cosmologias a elas associadas. As entrevistas abertas e vivências realizadas com os sujeitos de pesquisa indicaram que os quintais e a casa são lugares de sociabilidade, privilegiados no presente em uma relação de temporalidade com o passado. Os quintais são lembrados como lugares de experimentações e brincadeiras sendo também cultivados, na atualidade, como lugar de deleite. Para além de uma utilidade apenas material, as pessoas compreendem as plantas em seus quintais não como objetos, mas como atoras não-humanas que potencializam as relações. É através de trocas simbólicas realizadas com vizinhos que os quintais são espaços de uma diversidade biocultural. As vivências realizadas nos quatro quintais de Nova Viçosa trouxeram depoimentos e práticas que apontam a coexistência das práticas cotidianas dos quintais com o tempo disciplinado do trabalho determinado pelo relógio. Nessa coexistência de ritmos de vida distintos os quintais surgiram como espaços de reconstrução das trajetórias de vida dos sujeitos de pesquisa. Sob esta perspectiva, os quintais estão permeados de campesinidades e ritmos de tempos não industriais e não capitalistas, como também territorializam memórias que provocam o caminho para um mundo pós-capitalista, para as terras do bem-viver. |