Efeito do néctar de manga Ubá na modulação do estresse oxidativo e da inflamação em ratos obesos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Natal, Dorina Isabel Gomes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/9197
Resumo: A elevada prevalência da obesidade nas últimas décadas tem sido considerada um grave problema de saúde pública. Essa patologia é caracterizada por um quadro de inflamação sistêmica e estresse oxidativo, que pode ser prevenido e melhorado com uma dieta rica em compostos bioativos com atividade antioxidante, como os compostos fenólicos. A manga Ubá é uma fruta tropical encontrada na Zona da Mata Mineira que se destaca nesse contexto por conter elevado conteúdo de antioxidantes na polpa e na casca, mas que até o momento não foram utilizados em pesquisas in vivo para combater a obesidade. O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito de néctares de manga Ubá com e sem adição de antioxidantes da casca na modulação do estresse oxidativo e da inflamação em ratos obesos. A manga Ubá foi coletada no município de Ubá, Minas Gerais, em fevereiro de 2013. Foram desenvolvidas duas formulações de néctar, sendo um controle com 50% de polpa + 50% de água filtrada, e outro com substituição da água pelo extrato da casca de manga. Foram realizadas análises físico químicas para caracterização dessas bebidas em diferentes condições de armazenamento. Utilizou-se 32 ratos machos da linhagem Wistar, mantidos em grupos de quatro, em caixas de polietileno, por 60 dias, consumindo ração comercial e água destilada ad libitum. Na fase I, os animais foram alocados em gaiolas individuais, de aço inoxidável e divididos conforme o peso corporal: o controle negativo foi mantido com dieta AIN-93M e os outros três grupos experimentais receberam dieta hiperlipídica (HFD), durante 49 dias. Após esse período, foram avaliados o índice de massa corporal (IMC), a glicemia de jejum e os triglicerídios séricos, por meio de punção da veia caudal. Conforme a diferença encontrada nesses valores e para manter a homogeneidade dentro do mesmo grupo experimental, os três grupos que receberam HFD foram realocados. Por mais 56 dias, fase II, manteve-se o grupo controle positivo (HFD) e iniciou-se dois grupos testes, um recebendo HFD e néctar de manga (MHFD) e outro com HFD e néctar adicionado de extrato da casca de manga (HMHFD). A ingestão dos néctares foi controlada diariamente em, aproximadamente, 35mL e semanalmente monitorou-se o peso e o consumo alimentar. O teste de tolerância oral à glicose (TTOG) foi realizado utilizando solução de glicose na concentração de 200mg/kg, seguindo o mesmo protocolo descrito anteriormente. A glicemia foi mensurada nos tempos 0, 30, 60, 90 e 120 minutos. Ao final do experimento, os ratos ficaram em jejum por 12 horas, foram anestesiados e submetidos à eutanásia por punção cardíaca. Foram realizadas as medidas biométricas anteriormente citadas e calculados os índices de adiposidade e hepatossomático. Os valores bioquímicos séricos foram determinados no soro dos animais por meio de kits específicos para cada análise. Foram também quantificadas citocinas pró e antiinflamatória (TNF-α, IL-10) assim como a capacidade antioxidante total do plasma. Finalmente foram analisadas a histomorfometria e histopatologia do tecido adiposo epididimal e do fígado. A polpa e os néctares apresentaram valores médios de acidez titulável, pH e sólidos solúveis correspondentes às exigências da legislação brasileira. A composição química centesimal, a concentração de fenólicos totais e a atividade antioxidante foram superiores para o néctar enriquecido e as diferentes condições de armazenamento não alteraram as concentrações dos antioxidantes. Os grupos que receberam os néctares de manga apresentaram ganho de peso corpóreo, peso do tecido adiposo visceral, índice hepatossomático e adiposidade corpórea semelhantes ao AIN-93M. Além disso, o perímetro abdominal e o IMC confirmaram a indução da obesidade nos grupos HFD, reduzindo após a intervenção com o néctar enriquecido. Houve aumento da citocina pró- inflamatória TNF-α no grupo HFD e os néctares foram capazes de reverter o quadro inflamatório para os níveis fisiológicos normais (p≤0,05). A capacidade antioxidante total do plasma dos animais que ingeriram o néctar controle foi menor em relação aos demais (p≤0,05) e o grupo HMHFD apresentou valor semelhante (p>0,05) ao HFD. A histologia dos tecidos hepático e adiposo confirmou a indução da obesidade no controle positivo e o efeito antioxidante dos néctares de manga ao reduzir a gordura e a inflamação hepáticas, assim como a hipertrofia dos adipócitos (p≤0,05). Portanto, os néctares desenvolvidos corresponderam às exigências da legislação e apresentaram elevado conteúdo de fenólicos totais e atividade antioxidante, que aumentou com a adição de casca. A dieta hiperlipídica foi eficaz em induzir obesidade nos animais e os néctares de manga reduziram fatores de riscos metabólicos relacionados com a inflamação e com o estresse oxidativo.