Árvores em sistemas agroflorestais: ciclagem de nutrientes e formação da matéria orgânica do solo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Duarte, Edivânia Maria Gourete
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Fertilidade do solo e nutrição de plantas; Gênese, Morfologia e Classificação, Mineralogia, Química,
Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/1630
Resumo: Os benefícios dos sistemas agroflorestais (SAFs) na qualidade dos solos têm sido recentemente evidenciados em muitos trabalhos científicos. Porém, há necessidade de aprofundar o conhecimento sobre o potencial de ciclagem de nutrientes e a formação da matéria orgânica do solo por espécies arbóreas nativas de ambientes tropicais, com vistas ao estabelecimento de estratégias de uso e manejo dessas espécies nos SAFs. Este estudo faz parte de um conjunto de estudos realizados com os agricultores que trabalham com SAFs na região da Zona da Mata de Minas Gerais, e teve como objetivo, avaliar o aporte de resíduos e nutrientes por espécies arbóreas usadas nestes SAFs e ainda, avaliar a formação da matéria orgânica e a disponibilização de nutrientes a partir destes resíduos. As espécies selecionadas para avaliar o aporte de resíduos e nutrientes foram: Persea americana (abacateiro), Luehea grandiflora (açoita cavalo), Zeyheria tuberculosa (ipê preto), Erythrina verna (mulungu), Aegiphila sellowiana (papagaio), musa sp (bananeira), Sollanum mauritianum (capoeira branca), Inga subnuda (ingá) e Senna macranthera (fedegoso). Para as duas últimas espécies aprofundaram-se os estudos sobre a formação da matéria orgânica do solo e ciclagem de nutrientes. Os resíduos senescentes foram coletados durante um ano, em SAFs de agricultores nos municípios de Araponga e Divino. Ambos localizados na zona da Mata de Minas Gerais. Para a bananeira foram feitas três coletas ao longo do ano. Foi quantificada a massa seca de resíduos. Determinaram-se os teores de nutrientes nestes resíduos. Para a bananeira determinou-se também os teores de C, lignina, celulose, hemicelulose e polifenol. Para avaliar a formação da MOS no solo a partir dos resíduos de fedegoso e ingá, incubou-se por de 12 meses, solo sem resíduos e solo com 5 g de C-resíduo das espécies, os quais tiveram duas formas de disposição, incorporados, e mantidos à superfície. Foram avaliados em quatro repetições: o fluxo de C-CO2, a massa seca remanescente de resíduos, os teores totais de C e N do solo, da biomassa microbiana e das substâncias húmicas além da matéria orgânica leve-livre. Aos 12 meses, avaliou-se também a relação 13C/12C no solo, na fração humina e na matéria orgânica leve-livre. Também foi feita a análise de rotina. O aporte de resíduos entre as espécies variou de 0,32 a 5,6 Mg ha-1 ano-1. Os aportes de N, P e K, via resíduos das espécies, variaram de 5 a 112 kg ha-1ano-1 de N; 4,1 a 48,6 kg ha-1ano-1 de K e 0,2 a 6,8 kg ha-1ano-1 de P. O fedegoso, a capoeira branca e o ingá estão entre as três espécies que aportaram as maiores quantidades resíduos e de N, P, K. Ingá, açoita cavalo e abacate apresentaram as maiores relações lignina mais polifenol/N e lignina/N e maiores teores de celulose, indicando lenta taxa de decomposição dos resíduos, comparadas às demais. Nos estudos de formação da matéria orgânica e ciclagem de nutrientes, ficou evidente que no tratamento com resíduos de fedegoso incorporado, houve, em curto prazo, grandes incrementos nos teores de C das frações da MOS desde as mais lábeis, às mais recalcitrantes, resultando em 37,4% de matéria orgânica derivada do resíduo na sua fração humina. Estes, com efeitos também sobre o pH, os estoques de nutrientes, a soma de bases, a CTC, além de reduções na capacidade de fixação de P e na saturação por Al3+ no solo. O tratamento com resíduos de ingá incorporado, apesar da lenta decomposição apresentou 33,1 % de matéria orgânica derivada do resíduo na sua fração humina. Já, o tratamento com resíduos de fedegoso incubado na superfície apresentou 27% da matéria orgânica derivada do resíduo na sua fração humina. Nestes dois tratamentos também foram verificados melhorias nas características químicas do solo. Porém, para o ingá disposto à superfície, este apresentou 25% de matéria orgânica derivada do resíduo na sua fração humina, mesmo assim pouco se diferiu do controle no período avaliado, confirmando que os resíduos de fedegoso são mais eficientes que o ingá, tanto na ciclagem de nutrientes quanto na formação da matéria orgânica do solo, inclusive em frações mais estáveis. Tal resultado evidencia a importância de se planejar o desenho de SAFs utilizando espécies estratégicas para desempenhar as funções desejadas e mostra que é importante também incentivar práticas que promovam uma maior diversidade de fauna do solo, responsáveis pela quebra e incorporação parcial dos resíduos aportados ao solo.