Relação da ingestão de macro e micronutrientes com fatores de risco cardiovasculares em crianças de Viçosa - MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Magalhães, Elma Izze da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/7274
Resumo: As doenças cardiovasculares (DCV) estão entre as principais causas de morte no mundo, tornando-se um problema de saúde pública. A ingestão dietética desempenha papel fundamental na prevenção e controle dos fatores de risco cardiovasculares, sendo que a obesidade infantil está associada a um estilo de vida sedentário e uma alimentação inadequada. A maioria dos trabalhos que avaliaram a relação entre a ingestão dietética e o desenvolvimento de fatores de risco cardiovasculares está focada em macronutrientes, enquanto que estudos com micronutrientes são escassos na população infantil. Neste contexto, este estudo objetivou avaliar a associação entre a ingestão dietética de macro e micronutrientes e fatores de risco cardiovasculares em crianças de 8 e 9 anos de Viçosa, Minas Gerais. Trata-se de um estudo transversal realizado com uma amostra probabilística de crianças matriculadas em todas as escolas do município. Os dados foram coletados em dois momentos. No primeiro encontro realizou-se aferição das medidas antropométricas (peso, estatura e perímetro da cintura), avaliação da composição corporal e coleta de sangue para os exames bioquímicos. Além disso, aplicou-se um questionário para coleta de informações socioeconômicas e demográficas e solicitou-se o preenchimento de três registros alimentares em dias não consecutivos, incluindo um final de semana. No segundo encontro, aferiu-se a pressão arterial da criança e recolheram-se os registros alimentares preenchidos. A regressão de Poisson com variâncias robustas foi realizada para estimar a associação entre a ingestão de macro e micronutrientes e os fatores de risco cardiovasculares. Foram avaliadas 347 crianças, sendo a maioria do sexo feminino (59,1%), residente na zona urbana (91,1%) e de escolas públicas (77,8%). Quanto às características socioeconômicas, mais da metade das crianças pertenciam às classes C e D/E (67,2%); a maioria das mães (60,9%) tinham idade entre 31 e 40 anos, 52,8% tinham o ensino fundamental completo e cerca de 66% trabalhavam. Em relação ao estado nutricional, destaca-se que 32% das crianças apresentaram excesso de peso e 4,3% baixo peso. A mediana do perímetro da cintura foi de 59,5 cm, sendo a obesidade central verificada em 10,7% das crianças. A média de gordura corporal foi de 22,9%, sendo que 10,4% dos indivíduos apresentaram adiposidade corporal excessiva. A hiperglicemia e hiperinsulinemia foram verificadas em 4,9 e 4,1% das crianças, respectivamente, e a prevalência de HOMA-IR (Homeostasis Model Assessment - Insulin Resistance) aumentado foi de 12,2%. Quanto à prevalência de dislipidemias, observou-se que mais da metade das crianças (55,9%) apresentavam hipercolesterolemia, sendo a mediana de colesterol total 177,1 mg/dL. Além disso, 6,38% e 23,77% apresentaram triglicerídeos elevados e HDL baixo, respectivamente. A hipertensão arterial sistêmica foi verificada em 3,8% das crianças avaliadas. Em relação a ingestão dietética, observou-se maior mediana de consumo entre os meninos (p = 0,038), além de maiores médias de consumo de gordura saturada nas crianças das classes econômicas mais altas (p = 0,026) e de escolas privadas (p = 0,001). Verificou-se uma maior mediana de ingestão de magnésio entre as crianças de escola pública (p = 0,034). Quanto à adequação da ingestão dietética, 69,2% das crianças apresentaram um consumo de gordura saturada acima do recomendado e 89,3% apresentaram uma ingestão de fibra abaixo das recomendações. Verificou-se um elevado percentual de consumo de cálcio (96,3%) e potássio (98%) abaixo do recomendado. O consumo de sódio acima do limite máximo tolerável foi verificado em 15,9% das crianças avaliadas. Nas análises de regressão de Poisson, após ajuste por fatores de confusão observou-se uma associação entre o menor consumo de cálcio (RP: 1,41; IC95%: 1,01-1,96) e maior ingestão de fósforo (RP: 1,43; IC95%: 1,03-2,00) e o excesso de peso nas crianças; uma maior prevalência de hipertensão arterial nas crianças com ingestão de sódio no maior quintil (RP: 3,04; IC95%: 1,04-8,85) e naquelas com consumo de magnésio no menor quintil (RP: 2,98; IC95%: 1,02-8,68); bem como uma maior prevalência de HOMA-IR aumentado em crianças no menor quintil de consumo de vitamina B6 (RP: 2,15; IC95%: 1,20-3,85) e ferro (RP: 1,95; IC95%: 1,07-3,54). Os resultados deste estudo evidenciam a importância de se avaliar a influência da ingestão dietética de micronutrientes sobre os fatores de risco cardiovasculares, para o esclarecimento e confirmação dos vários aspectos da dieta envolvidos na gênese das DCV.