Transformações na casa e nos modos de morar no rural mineiro: uma análise das décadas de 1960 a 2010

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Rodrigues, Eduarda da Costa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/18315
Resumo: O processo de urbanização e industrialização da sociedade brasileira ganhou ênfase no final do Século XIX e início do Século XX quando, principalmente, no centro sul do país iniciou-se a construção de ferrovias, portos, rodovias e estendeu-se a rede de energia elétrica no meio urbano. As mudanças pelas quais a sociedade urbana passa, sejam elas no âmbito tecnológico ou na esfera dos costumes e dos valores não ficam restritas apenas ao espaço citadino. No campo, tais transformações se evidenciaram de forma mais nítida a partir dos anos 1970 com a modernização da agricultura. A partir da aplicação desse pacote tecnológico emergiu uma nova maneira de interação do homem do campo com o tempo. Mas, em que ritmo e com que abrangência tais mudanças são absorvidas pelo campo? Tem-se como pressuposto nesse trabalho que as alterações socialmente vividas no campo não se restringiram ao meio de trabalho, se expandindo também para a esfera da vida doméstica. É dentro dessa perspectiva que se firmou o objetivo da presente pesquisa que foi o de analisar a forma como as mudanças no ambiente macrossocial mais amplo vêm se materializando nos modos de morar no campo. Especificamente pretendeu-se: compreender como a organização da vida das famílias que vivem no campo, na Zona da Mata mineira se relaciona com as mudanças na estrutura física da casa; identificar através dos dados do censo demográfico relativo ao estado de Minas Gerais as mudanças na estrutura física das casas e no seu aparelhamento, o perfil sociodemográfico das famílias e sua relação com o modo de morar, considerando o período compreendido entre os anos de 1960 e 2010; identificar as tecnologias tradicionais e modernas incorporadas na cotidianidade das famílias que vivem no campo no estado de Minas Gerais, e, compreender a forma como as tecnologias domésticas são incorporadas na cotidianidade das famílias que vivem no campo, na Zona da Mata mineira. Em termos metodológicos, utilizaram-se procedimentos de análise de dados secundários de duas fontes, os microdados dos censos demográficos, por meio do projeto Integrated Public Use Microdata Series, International – IPMUS - International, criado pelo Minnesota Population Center, University of Minnesota, correspondentes ao estado de Minas Gerais nos anos de 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010. Além destes dados, foi utilizado o banco de dados do Grupo de Estudos Rurais: Agriculturas e Ruralidades (GERAR) referentes a pesquisas realizadas nos anos de 2013 a 2015 em cinco pequenos municípios da Microrregião de Viçosa: Araponga, Cajuri, Coimbra, Piranga e São Miguel do Anta. Foram analisados três grupo de variáveis: perfil socioeconômico dos moradores; características e infraestrutura básica das propriedades e das moradias; e, bens de consumo e tecnologias domésticas dos domicílios. A pesquisa constatou a forte influência da cultura urbana sobre a sociedade rural, no que diz respeito à configuração da família e da sua morada no estado de Minas Gerais. A família, vem se tornando cada vez mais uma unidade heterogênia em constituição. Por outro lado, efeitos do envelhecimento da população, ocasionado pela transição da estrutura etária brasileira trouxe um aumento na porcentagem de pessoas idosas na família. Na análise da infraestrutura básica das casas, em sua maioria, constatou-se serem abastecidas com água da rede geral, terem acesso à energia elétrica e possuírem banheiro. Porém o esgotamento sanitário público, o destino do lixo e o acesso à internet se configuram como um problema para os moradores do campo e evidenciam a falta de investimento público na infraestrutura do meio rural. Já com relação à estrutura da casa, percebeu-se a incorporação de tecnologias, eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Pode-se dizer que a cultura urbana foi se tornando mais presente nos munícipios pesquisados, em cada um dos anos analisados e, na maioria das variáveis consideradas. O campo se apresenta na atualidade como um espaço em transformação, o qual, pela evolução tecnológica reestruturou sua dinâmica consequentemente afetando as práticas cotidianas das famílias. Nesse sentido, a presença maciça de eletrodomésticos e eletroeletrônicos nas casas apontou para a busca dessa população rural pela facilidade e aceleração do tempo de execução das tarefas domésticas. Pode-se concluir que as sociedades rurais estão transformando o seu modo de morar pela incorporação elementos antes considerados característicos do morar citadino. Porém, a presença de alguns utensílios e equipamentos domésticos típicos do modo de vida rural atesta para a permanência de elementos associadas à cultura campesina e para um processo de hibridização dos modos de morar dos moradores do campo.