Nicho trófico de grilos de serrapilheira florestal: uma análise utilizando isótopos estáveis de carbono e nitrogênio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Jesus, Fabiene Maria de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/7390
Resumo: Vários mecanismos propostos por ecólogos teóricos buscam elucidar os processos envolvidos na coexistência de espécies em comunidades biológicas. Dentre esses mecanismos destacam-se aqueles que preveem a coexistência de espécies sendo facilitada por uma partição de recursos, associando processos competitivos à teoria de nicho. Assim, a coexistência e as interações entre as espécies têm sido investigadas por meio dos conceitos de nicho postulados e revisados por diversos estudiosos. Alguns autores têm proposto uma abordagem metodológica e tecnológica relativamente nova baseada em análise de isótopos estáveis (AIE), que pode ser utilizada para medir algumas das muitas dimensões dos nichos ecológicos. Neste contexto, a utilização da AIE em tecidos animais está permitindo descrever nichos isotópicos, cujos eixos em um espaço multidimensional seriam diferentes assinaturas isotópicas (por exemplo, δ 15 N e δ 13 C). A utilidade da AIE reside no fato de que os tecidos em expansão apresentam grandes variações temporais de δ 15 N e δ 13 C que refletem diretamente a gama de recursos alimentares consumidos e isotopicamente contrastantes ao longo do tempo. No entanto, estudos que utilizam AIE para estimar nicho trófico exigem o conhecimento de alguns fatores que podem alterar os valores isotópicos de δ 15 N e δ 13 C em tecidos animais, tais como: (i) os tipos de preservação que as amostras são submetidas antes da análise; (ii) o fracionamento isotópico que ocorre em tecidos de consumidores com relação a sua dieta. Neste contexto, esta tese apresenta três capítulos. No primeiro capítulo, nosso objetivo foi estabelecer uma metodologia que preservasse amostras de grilos para posterior AIE sem que houvesse alterações nos valores de δ 15 N e δ 13 C. Para isso, nós comparamos amostras de grilos recém processadas (controle) com amostras submetidas a dois métodos de preservação: físico (congelamento) e químico (etanol comercial e combustível) por 15 e 60 dias. Nossos resultados indicam que todos os métodos de preservação testados alteram pelo menos um dos valores isotópicos dos grilos quando comparado com o controle. Assim, recomendamos o uso de material recém-processado para AIE em grilos. No segundo capítulo, nosso principal objetivo foi avaliar como se dá o fracionamento dos valores isotópicos de δ 13 C e δ 15 N encontrados em corpos de grilos alimentados com dieta artificial e com isso fornecer informações de base para interpretar resultados de nicho trófico baseados na AIE de grilos em comunidades biológicas. Para isso, estimamos os valores isotópicos de δ 13 C e δ 15 N de indivíduos de três espécies de grilos alimentados com dieta artificial, e comparamos com os valores isotópicos da dieta artificial. Estimamos também os valores isotópicos de δ 13 C e δ 15 N encontrados em corpos de grilos alimentados em campo (dieta natural desconhecida). Nós demonstramos que a AIE é uma ferramenta promissora para investigar a posição trófica dos grilos de serrapilheira, uma vez que temos estimativas do quanto o 15 N varia nos grilos com relação à sua dieta. E por último, no terceiro capítulo descrevemos o nicho trófico da comunidade de grilos, avaliando a partição de nicho entre espécies coocorrentes de grilos. Encontramos evidências de que a coexistência de espécies de grilos em comunidades naturais envolve partição de recursos alimentares. O local de forrageamento influenciou diretamente no uso da dieta e conseqüentemente na posição trófica dos grilos, os quais apresentaram até três níveis tróficos quando avaliados em um contexto global da dieta. Essa partição é evidenciada pelos diferentes valores de δ 15 N encontrados nos corpos dos grilos. Os valores de δ 13 C evidenciam que os grilos utilizam recursos alimentares com origem em plantas C 3 . Finalmente, encontramos evidências de estreitamento do nicho trófico à medida que aumenta o número de espécies coocorrentes.