Cana-de-açúcar ensilada com diferentes graus Brix com ou sem óxido de cálcio e silagem de milho em dietas para bovino de corte

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Magalhães, Felipe Antunes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Genética e Melhoramento de Animais Domésticos; Nutrição e Alimentação Animal; Pastagens e Forragicul
Mestrado em Zootecnia
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/5670
Resumo: A cana-de-açúcar é uma forrageira muito utilizada na alimentação de ruminantes, porém seu uso in natura torna-se dificil em sistemas produtivos de maior porte. Com isso, a ensilagem seria uma forma de contornar este problema. No entanto, a fermentação alcoólica que ocorre na silagem de cana-de-açúcar diminui seu valor nutritivo. Neste sentido, foram realizados dois estudo: o primeiro avaliou o padrão fermentativo da silagem de cana-de-açúcar com diferentes graus Brix, tratada ou não com 0,5% de óxido de cálcio; o segundo estudo consistiu de quatro diferentes tratamentos, utilizados para estudar a silagem de cana-de-açúcar em comparação à silagem de milho. No primeiro estudo, objetivou-se avaliar o efeito da ensilagem de cana-de-açúcar com diferentes graus Brix (10,8; 12,0; 13,7; 14,5; 15,3; 16,3; 17,6; 18,7 e 20,9), com ou sem adição de 0,5% de óxido de cálcio sobre a composição química e perdas fermentativas das silagens. O experimento foi realizado em um delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 9x2, compondo 18 tratamentos, com 3 repetições. As silagens foram confeccionadas em silos experimentais a cada 15 dias, e as aberturas foram feitas após 30 dias de fermentação. À medida que o grau Brix do material que foi ensilado aumentou, ocorreu aumento (P<0,05) dos teores de matéria seca (MS) e redução (P<0,05) dos teores de cinzas (CZ), de proteína bruta (PB) e das fibras (FDNcp e FDAcp). Após a fermentação, o teor de MS da silagem apresentou aumento linear com o teor de grau Brix, sendo esse aumento correlacionado positivamente com o teor de cal, já os teores de CZ, PB, EE e FDNcp reduziram linearmente (P<0,05) com o aumento do grau Brix.As silagens tratadas apresentaram maiores teores de CZ e de EE, já os teores de FDNcp e PB foram menores nas silagens com cal. O teor de FDAcp sofreu redução linear para a silagem tratada, enquanto que para a silagem não tratada, observou-se comportamento quadrático com o aumento do Brix. A produção de etanol, em função do grau Brix, comportou-se de forma quadrática (P<0,05) para as silagens sem cal, e de forma cúbica (P<0,05) nas silagens com cal. As silagens sem cal em comparação àquelas tratadas apresentaram teores médios de etanol de 3,92 e 0,69% na MS, respectivamente. Os teores de N-NH3 para as silagens com cal apresentaram aumento linear (P<0,05) com a elevação dos graus Brix, enquanto na silagem controle, não houve efeito (P>0,05). As silagens tratadas ou não apresentaram pH médio de 3,98 e 3,50, respectivamente. Os teores de ácido acético e butírico não foram afetados (P>0,05) pelos teores de cal e de graus Brix. As silagens sem tratamento apresentaram efeito linear decrescente (P<0,05) para os teores de ácido propiônico à medida que o grau Brix aumentou. Quanto maior o valor do grau Brix, maiores (P<0,05) foram as perdas totais de matéria seca nas silagens de cana-de-açúcar com e sem tratamento. Silagens sem óxido de cálcio apresentaram perdas médias de MS, por gases e efluente de 18,3%; 12,9% da MS e 137,7 Kg/t de MV, já para as silagens tratadas essas perdas foram de 11,3%; 5,3% da MS e 106,0 Kg/t de MV, respectivamente. No segundo estudo foram realizados três experimentos. No experimento 1, objetivou-se avaliar o efeito de dietas contendo silagem de cana-deaçúcar com baixo (SCBB) e alto grau Brix (SCAB), com (T) ou sem a adição de 0,5% de óxido de cálcio, e silagem de milho (SM), com concentrado ofertado na base de 1% do peso corporal (PC) sobre os consumos, o desempenho e os rendimentos de cortes comerciais da carcaça de bovinos de corte em confinamento. Nesse experimento foram utilizados 35 bovinos machos, inteiros, mestiços Europeu-Zebu (Girolando), com peso corporal inicial médio (PC) de 350 ± 32,96 kg, dos quais cinco foram abatidos ao início do experimento (grupo referência), e os outros 30 foram distribuídos em blocos casualizados, com cinco tratamentos e seis blocos (repetições), sendo o peso corporal considerado como critério para blocos. No experimento 2, foram utilizados cinco bovinos inteiros, mestiços Europeu-Zebu (Girolando) com peso corporal médio inicial de 350 ± 18,99 kg, distribuídos num quadrado latino 5x5 incompleto, sendo os mesmos cinco tratamentos do experimento 1, cinco animais, e quatro períodos, com o objetivo de determinar as digestibilidades dos constituintes das dietas e a produção de proteína microbiana. Cada período experimental teve a duração de 21 dias, sendo dezoito para adaptação às dietas e três para as coletas de dados. Ao final do experimento 1, todos os animais foram abatidos e seus tratos gastrointestinais esvaziados para determinação do peso de corpo vazio (PCVZ). Com exceção dos consumos de fibra em detergente neutro (FDNcp) em % PC, a dieta contendo silagem de milho (SM) apresentou melhor (P<0,05) consumo dos demais nutrientes e melhor ganho de peso (GP). Para as características de carcaça, apenas o rendimento de carcaça em relação ao PC e PCVZ não foi afetado (P>0,05) pelas dietas, sendo as demais características de carcaça maiores (P<0,05) para a dieta contendo SM. Não houve diferença (P>0,05) entre as dietas contendo silagens de cana-de-açúcar para as características de carcaça. O consumo de MS e o GMD dos animais submetidos às dietas contendo SM e SC foram de 9,82 e 1,48 e de 7,65 e 0,93 kg/dia, respectivamente. Os animais que receberam a dieta contendo silagem de cana-de-açúcar com alto Brix (SCAB) apresentaram (P<0,05) menor consumo de fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) e FDNcp (% PC) em relação aos alimentados com a dieta contendo SCBB. Os animais da dieta contendo silagem de cana-de-açúcar com alto Brix tratada (SCTAB) apresentaram menor consumo (P<0,05) de FDNcp e FDNi (% PC) em relação aos da dieta com SCAB. Houve menor (P<0,05) número de acessos e maior tempo de permanência por acesso ao cocho para a dieta contendo SM. A dieta contendo SM apresentou maior digestibilidade (P<0,05) para os nutrientes, com exceção da proteína bruta (PB) e dos carboidratos não fibrosos (CNF) que não diferiram em relação às dietas contendo silagem de cana de açúcar. Entre as dietas contendo silagem de cana-de-açúcar, não houve (P>0,05) diferença para as digestibilidades, com exceção da dieta contendo SCTAB que apresentou maior digestibilidade da FDNcp (P<0,05) em relação à dieta contendo SCAB. Não houve efeito (P>0,05) das dietas contendo SC para a excreção de compostos nitrogenados na urina. No entanto, a dieta contendo SM apresentou menor excreção (P<0,05) desses compostos. Houve maior (P<0,05) síntese de proteína bruta microbiana na dieta contendo SM em relação às dietas contendo SC. Não houve diferença (P>0,05) entre os tratamentos para a eficiência microbiana. No experimento 3, objetivou-se avaliar o efeito de dietas contendo silagem de cana-de-açúcar com baixo e alto grau Brix, com ou sem 0,5% de óxido de cálcio e silagem de milho sobre as digestibilidades totais e parciais, os parâmetros ruminais (pH, N amoniacal, taxas de digestão e de passagem) e o balanço de compostos nitrogenados. Utilizaram-se cinco bovinos machos, inteiros, mestiços Europeu-Zebu (Girolando) fistulados no rúmen e no abomaso com PC médio inicial de 180 ± 31,81 kg, distribuídos em quadrado latino 5x5, sendo os cinco tratamentos (distribuídos em esquema fatorial 2x2+1) constituídos de dietas contendo silagem de cana-de-açúcar com dois níveis de óxido de cálcio (0 ou 0,5% na base da matéria natura) e dois graus Brix (15 e 20o) e silagem de milho, sendo o concentrado ofertado na base de 1% do PC. Foram realizados cinco períodos experimentais de 14 dias cada, sendo sete dias para adaptação às dietas e sete dias para as coletas de dados. Os animais submetidos à dieta contendo silagem de milho (SM) apresentaram maior (P<0,05) consumo de matéria seca e dos nutrientes em relação aos animais que receberam dietas contendo silagens de cana-de-açúcar. Não houve diferença (P>0,05) para os consumos entre as dietas contendo silagem de cana-deaçúcar, exceto para consumo de FDNcp (% PC), onde os animais submetidos à dieta contendo silagem de cana-de-açúcar tratada com baixo Brix (SCTBB) apresentaram menor consumo (P<0,05) em relação aos da dieta contendo silagem de cana-de-açúcar com baixo Brix (SCBB). Com exceção da digestibilidade aparente total dos CNF, houve maior digestibilidade aparente total (P<0,05) para a MS e demais nutrientes para bovinos alimentados com a dieta contendo SM em relação àqueles recebendo dietas contendo silagem de cana-de-açúcar. Não houve diferença para digestibilidade aparente total (P>0,05) da MS e dos nutrientes entre as dietas contendo silagem de cana-deaçúcar, com exceção da digestibilidade da FDNcp que foi menor para as dietas contendo SCAB em relação às dietas contendo SCBB. Não houve diferença (P>0,05) para as digestibilidades ruminais e intestinais dos nutrientes entre as dietas contendo silagem de cana-de-açúcar. A dieta contendo SM apresentou maior (P<0,05) digestibilidade ruminal da MS e intestinal do EE. Observaram-se maiores taxas de ingestão (ki) e de digestão (kd) (P<0,05) para a MS e FDNcp para a dieta contendo SM em relação às dietas contendo silagens de cana-de-açúcar. As taxas de ingestão da FDNi não diferiram (P>0,05) entre a dieta contendo SM com aquelas contendo silagens de cana-de-açúcar. Não houve diferença (P>0,05) para as taxas (ki, kp e kd) da MS e da FDNcp entre as dietas contendo SC. As ki da FDNi foram menores (P<0,05) para a dieta contendo SCTAB em relação à dieta contendo SCAB. Não houve diferença (P>0,05) entre os tratamentos para as concentrações de nitrogênio uréico no soro, exceto para a dieta contendo SM que apresentou menor valor em relação às dietas contendo SC. Não houve diferença (P>0,05) para síntese de compostos nitrogenados microbianos e síntese de proteína bruta microbiana ruminal nas dietas avaliadas. Os animais que receberam SM apresentaram menor (P<0,05) eficiência de síntese microbiana do que os das dietas contendo SC. Conclui-se que o tratamento da cana-de-açúcar com 0,5% de óxido de cálcio na base da matéria natural, foi efetivo em reduzir a fermentação indesejada resultando em maior conservação do material ensilado. A dieta contendo SM propiciou maior consumo, digestibilidade da maioria dos nutrientes e desempenho em relação às dietas contendo SC. A utilização da cal durante a ensilagem da cana-de-açúcar ou o uso de cana-de-açúcar com 15 ou 20 graus Brix não altera o consumo, a digestibilidade e o desempenho de bovinos de corte, assim sugere-se que a cana-de-açúcar pode ser ensilada com graus Brix variando de 15 a 20.