Influência do perfil de macronutrientes da dieta nos níveis plasmáticos de glicose e de insulina em mulheres com peso normal e excesso de peso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Volp, Ana Carolina Pinheiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/8842
Resumo: A obesidade está comumente associada a um conjunto de doenças metabólicas, sendo que os componentes desta síndrome são caracterizados pela hiperinsulinemia e por diferentes intensidades de resistência a insulina (RI). A insulina é um hormônio secretado pelas células ß pancreáticas, em resposta aos nutrientes ingeridos, especialmente a glicose. Circula em níveis proporcionais ao tecido adiposo e é considerada sinalizador da quantidade de gordura corporal total, sendo que a composição da dieta parece interferir na insulinemia, bem como na sua homeostase, em pessoas normais e com excesso de peso. O presente estudo teve como objetivo investigar o efeito da ingestão de dietas ricas em sacarose (DRS) e em lipídio (DRL) nas concentrações de glicose e insulina plasmáticas em mulheres com peso normal e excesso de peso, bem como a associação entre insulinemia e composição corporal, e entre glicemia e insulinemia em estado de jejum e pós-prandial. Foram selecionadas 20 mulheres hígidas, 13 com peso normal (Idade 22,5 ± 2,1 anos; IMC 22,2 ± 1,9 kg/m2) e 7 com excesso de peso (Idade 21,8 ± 2,8 anos; IMC 28,4 ± 3,2 kg/m2), incluídas nos grupos G1 e G2, respectivamente. As dietas testes DRS (59% carboidratos com 23,0% de sacarose; 28,0% de lipídios; 13,0% de proteínas, 20,2 g de fibras) e DRL (42,0% de carboidratos, com 1,3% de sacarose; 45,0% de lipídios, 13,0% de proteínas, 22,2 g de fibras) foram ingeridas, em condições de vida livre, por 14 dias e oferecidas de forma randomizada após o primeiro ensaio em dieta basal (DB). Antes do início da ingestão das dietas testes DRS e DRL e após cada dieta (dia 15), foram realizadas as avaliações antropométricas (peso, altura, circunferências da cintura e quadril e pregas cutâneas para determinação da composição corporal) e da composição corporal por bioimpedância elétrica; e coletas de sangue para determinações de glicose e insulina por técnicas de colorimetria enzimática e radioimunoensaio, respectivamente. As amostras de sangue foram retiradas em jejum e 30, 60, 180 e 240 minutos após a ingestão alimentar de DB, DRS e DRL. O cálculo de HOMA-IR (Homeostasis Model Assessment of Insulin Sensitivity- Modelo de Avaliação da Homeostase da Sensibilidade à Insulina) foi relizado segundo a fórmula: HOMA-IR = [insulina mU/L X glicose mmol/L / 22,5 ] (Mattews et al.,1985). A glicemia, insulinemia e valores de HOMA-IR não diferiram entre G1 e G2 (p>0,05). Porém, em DB, os valores de insulina plasmática se correlacionaram com os dados antropométricos e de composição corporal (p<0,05), sendo que a insulina apresentou correlação direta com peso (kg) (r=0,750), índice de massa corporal (kg/m2) (r=0,929), circunferência da cintura (CC) (cm) (r=0,750), circunferência do quadril (CQ) (cm) (r=0,741), prega cutânea do bíceps (PCT) (mm) (r=0,786), prega cutânea subescapular (PCSE) (mm) (r=0,757), percentual de gordura corporal total (%GCT) (BIA) (r=0,857), gordura corporal total (kg) (r=0,786), e massa livre de gordura (kg) (r=0,964) para G2 e correlação direta entre insulinemia e relação cintura-quadril (RCQ) (r=0,550) para G1. Os resultados sugerem que mulheres com excesso de peso, independente da quantidade de gordura corporal, podem ainda manter um perfil metabólico estável, fato este possivelmente influenciado pela dieta habitual/basal. Ainda, em DB, os valores de HOMA-IR se correlacionaram com os dados antropométricos e de composição corporal (p<0,05), sendo que o HOMA-IR apresentou correlação direta com peso (kg) (r=0,750), índice de massa corporal (kg/m2)(r=0,929), circunferência da cintura (CC) (cm) (r=0,750), prega cutânea do tríceps (PCT) (mm) (r=0,750), percentual de gordura corporal total (%GCT) (BIA) (r=0,857) e massa livre de gordura (kg) (r=0,786) para G2 e correlação direta entre HOMA-IR e relação cintura-quadril (RCQ) (r=0,550) para G1. Os resultados confirmam a relação direta entre HOMA-IR, gordura abdominal visceral e a gordura corporal. No presente estudo, as concentrações de insulina plasmática de jejum e os valores de HOMA-IR de jejum, em DB foram significativamente maiores que em DRL para G1 (p<0,05). A dieta DRS apresentou maior teor de carboidrato total e de sacarose, especificamente, comparada a DB e DRL, indicada pelos registros alimentares. A dieta DRL formulada para o dia de teste, em contrapartida, apresentou quantidade de lipídio significativamente maior que DB e DRS (p<0,05). Isto sugere que a maior ingestão de carboidrato, com conseqüente aumento da glicemia, pode estimular de uma maneira mais rápida a secreção da insulina que mediaria a captação e a utilização de glicose no tecido adiposo, reduzindo níveis da glicose, enquanto a ingestão de dieta rica em lipídio teria fraco efeito na secreção da insulina. Quando analisados os valores de HOMA-IR individualmente em jejum, após DB, 30,76% e 57,14%, e após DRS, 20% e 60% das mulheres de G1 e G2, respectivamente, apresentavam RI. Por fim, após DRL 60% de G2 encontravam-se com RI. Os resultados sugerem que a RI pode apresentar-se de forma precoce, independente do peso e da adiposidade. Acredita-se que a inclusão de um maior número de voluntárias no estudo, também com maior IMC e maior %GCT e o seguimento mais controlado sobre o consumo alimentar das mesmas, em especial quanto às cargas de sacarose e lipídio, poderiam levar a resultados mais conclusivos.