"Conquista de Terras em Conjunto": Redes Sociais e Confiança - A experiência dos agricultores e agricultoras familiares de Araponga - MG
Ano de defesa: | 2006 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Instituições sociais e desenvolvimento; Cultura, processos sociais e conhecimento Mestrado em Extensão Rural UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/4141 |
Resumo: | No município de Araponga, em Minas Gerais, uma experiência de compra coletiva de terras entre os pequenos proprietários e trabalhadores rurais vem, até o momento, se destacando como uma experiência única de compras conjuntas de terras em nosso país. A experiência foi denominada, pelos próprios participantes, de "Conquista de Terras em Conjunto". A partir da iniciativa dos próprios agricultores, a iniciativa foi se consolidando progressivamente, com o suporte de agentes externos. Neste esquema de crédito rotativo, os pequenos proprietários e trabalhadores rurais adquirem conjuntamente uma área de terra, em que cada novo proprietário pode adquirir terra de acordo com suas condições. Os lotes individuais variam, em média, de 1 a 6 hectares. Esta experiência começou em 1989 e, desde então, 110 famílias já conquistaram o seu pedaço de terra, totalizando 498,0 hectares. O nosso objetivo foi compreender como foi possível aos agricultores "criar" o conjunto de regras e procedimentos que configuram a Conquista de Terras em Conjunto. Ademais, buscou-se neste trabalho compreender como tornou-se possível expandir e institucionalizar a experiência a ponto de incorporar um número cada vez maior de famílias. Para analisarmos a experiência partimos do pressuposto que redes de relações pré-existentes e redes de informação, estruturadas a partir de parentesco e vizinhança, constituíram a base de interação que permitiu, através da reinvenção de formas tradicionais de ajuda mútua, superar os dilemas de ação coletiva e dar início à experiência. A partir da descrição, coleta e análise dos dados foi possível traçar a história da Conquista de Terras em Conjunto, compreender como novas famílias foram incorporadas no decorrer do tempo e identificar o papel dos atores externos na consolidação da experiência. Como metodologia, fizemos uso de entrevistas semi-estruturadas em profundidade, questionários, observação participante e história oral. O questionário semi-estruturado foi aplicado à 79 famílias, que nos possibilitou analisar padrões de organização familiar, mobilidade social, participação e estratégias econômicas das famílias, realizando um mapeamento das redes de relações sociais dos envolvidos. A partir das informações coletadas nos questionários foi possível construir sociogramas bi-dimensionais, gráficos, tabelas e figuras, que nos permitiram representar os fluxos de informação e confiança que estruturaram a Conquista de Terras em Conjunto. Nossos conceitos centrais foram Redes Sociais (networks), Confiança e Desenvolvimento como Liberdade. O estudo demonstrou que a presença de redes de relações e de contextos de confiança foram cruciais para que a cooperação em bases amplas permitissem que a experiência pudesse emergir. Deste modo, a experiência dos agricultores e agricultoras familiares de Araponga, nos mostra que é possível inventar novos modos de adquirir terra e permanecer no campo, mesmo em condições adversas. A conquista de liberdade para poder plantar o que desejar, não usar agrotóxicos, os filhos poderem frequentar à escola e a família poder participar dos movimentos sociais, levou meeiros e trabalhadores rurais a acreditar na possibilidade de comprar terra. |