Fenologia e chuva de sementes em Floresta Estacional Semidecidual no município de Viçosa, Minas Gerais, Brasil.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Campos, Érica Pereira de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Botânica estrutural; Ecologia e Sistemática
Doutorado em Botânica
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/376
Resumo: O presente estudo foi dividido em dois capítulos. No primeiro, objetivou-se estudar a fenologia de 20 espécies arbóreas e responder às seguintes questões: (1) Qual o grau de sazonalidade na produção de flores, de frutos, da queda e do brotamento foliar? (2) Existe sincronia de floração e frutificação intra e interespecífica? (3) Qual é a influência das condições climáticas nos ciclos fenológicos? (4) A produção de diásporos, zoocóricos e anemocóricos, estaria relacionada à estacionalidade climática? (5) O comportamento fenológico das espécies estudadas estaria favorecendo a sua abundância na área de estudo? Os estudos foram realizados por dois anos consecutivos, de dezembro de 2004 a novembro de 2006 e as espécies selecionadas representaram a comunidade arbórea local, pois totalizaram 81,25% da densidade relativa e 75,65% do valor de importância para o trecho do fragmento estudado, uma Floresta Estacional Semidecidual, em Viçosa (20045 S e 42055 W), Minas Gerais, situada do campus da Universidade Federal de Viçosa, com 81 anos de regeneração. As observações fenológicas foram realizadas mensalmente e para cada espécie foram acompanhados 10 indivíduos adultos, totalizando 200 indivíduos. Das 20 espécies avaliadas, Piptadenia gonoacantha e Chrysophyllum gonocarpum não floresceram e nem apresentaram queda e brotamento foliar definidos. A floração das demais espécies, em conjunto, foi contínua. A floração da maioria das espécies foi anual; Protium warmingianum, Siparuna guianensis, Plinia glomerata e Dalbergia nigra floresceram na estação seca e as demais na chuvosa. Das 18 espécies que floresceram, quatro não frutificaram: Casearia decandra, C. ulmifolia, Anadenanthera peregrina e Myrciaria axilaris. Houve predomínio de espécies com diásporos zoocóricos (65%) e a zoocoria foi observada em espécies com graus de deciduidade variados, ao passo que a anemocoria predominou em espécies decíduas ou semidecíduas. A fenologia vegetativa mostrou sazonalidade bem marcada; todas as espécies que apresentaram comportamento decíduo ou semidecíduo, a queda foliar se concentrou durante a estação seca. Registraram-se correlações significativas entre as fenofases e as variáveis climáticas. Nos dois anos de estudo, registrou-se estabilidade no comportamento fenológico de Rollinia sylvatica, Trichilia pallida, Siparuna guianensis, Brosimum glaziovii, Sorocea bonplandii, Plinia glomerata, Coutarea hexandra, Allophylus edulis e Luehea grandiflora, demonstrando que estão adaptadas às condições nas quais estão submetidas e que apresentam maiores probabilidades de permanecerem no local de estudo. Por outro lado, espécies em estádios iniciais de sucessão, tais como Piptadenia gonoacantha e Anadenanthera peregrina pareceram apresentar limitações reprodutivas e provavelmente tendem a sair do sistema. No segundo capítulo, objetivou-se avaliar, por meio da análise da chuva de sementes, a composição florística e a densidade e a freqüência de sementes, em 25 coletores, ao longo de um hectare, no mesmo fragmento de Floresta Estacional Semidecidual, do capítulo anterior. Além disso, classificar os táxons identificados quanto à forma de vida, às síndromes de dispersão e, nas arbóreas, quanto ao estádio sucessional e verificar a similaridade florística entre as espécies identificadas na chuva de sementes e as espécies arbóreas localizadas nas mesmas parcelas dos coletores. O trabalho foi realizado no mesmo período, ou seja, de dezembro de 2004 a novembro de 2006. Mensalmente, todo o material depositado nos coletores, foi recolhido para a identificação e separação dos diásporos e a contagem das sementes. Foram reconhecidos 43 táxons, 30 ao nível específico, cinco ao nível genérico, três ao nível de família e cinco permaneceram indeterminados. Foram identificadas 17 famílias; Leguminosae foi representada por 11 espécies. A forma de vida dominante foi arbórea (63,1%), das quais 70,8% foram classificadas como secundárias iniciais, 20,8% como secundárias tardias e 8,4% como pioneiras. As lianas foram representadas por 28,9% das espécies amostradas, as herbáceas por 5,3% e as arbustivas por 2,6%. Nos dois anos de estudo, foram contabilizadas 16.986 sementes, 712 no primeiro ano e 16.274 no segundo. A densidade média de sementes no primeiro ano foi de 113,92 sementes/m2 e no segundo de 2.603,84 sementes/m2. Essas diferenças demonstraram heterogeneidade espacial e temporal da chuva de sementes. A similaridade florística encontrada pelo índice de Sorensen entre as espécies da chuva de sementes e as espécies arbóreas do trecho do fragmento estudado foi de 32%, valor considerado baixo (< 50%). Esse resultado mostrou que a composição da vegetação arbórea adjacente pouco influenciou na chuva de sementes.