Influência do déficit hídrico sobre os traços funcionais e estocagem de carbono em florestas de Mata Atlântica, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Lambrecht, Fernanda Raquel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Ciência Florestal
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/29746
https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2022.432
Resumo: A Mata Atlântica é uma floresta com alta biodiversidade, que foi muito fragmentada ao longo dos anos. Nessas áreas heterogêneas, fatores bióticos e abióticos podem ter grande influência na composição de espécies, na dinâmica e na produção de biomassa e, consequentemente, na estocagem do carbono. Desta forma, os objetivos desse estudo foram: i) avaliar a relação da variabilidade dos espectros de folhas (ex, baseado na refletância foliar) e área foliar específica (SLA) de árvores de maior valor de importância(VI) em um gradiente de déficit hídrico em floresta estacional semidecidual da Mata Atlântica, Minas Gerais, Brasil (Capítulo 1); ii) avaliar a resposta dos traços funcionais aquisitivos e conservativos das espécies arbóreas, ao longo de um gradiente de déficit hídrico em floresta de Mata Atlântica (Capítulo 2); iii) avaliar como fatores bióticos e abióticos influenciam a produção de biomassa e carbono em fragmentos de Mata Atlântica (Capítulo 3). Para atender ao primeiro objetivo do estudo (Capítulo 1), foram coletadas folhas das 16 espécies de maior VI em dois fragmentos florestais em Viçosa, Minas Gerais Brasil (Mata da Garagem e Mata da Silvicultura). Determinou-se a área foliar específica (SLA), peso fresco, peso seco e refletância foliar. O espectrorradiometro FieldSpec HiRes4, com cobertura espectral de 400-2500 nm, foi usado para determinação da reflectância foliar e o programa ImagemJ para determinar a área foliar. O déficit hídrico climático (CWD) foi utilizado como um proxy para as condições de seca em cada fragmento. Random Forest (RF) e Vector Machine (VM) foram os modelos para avaliar o desempenho ou a eficiência da área foliar específica como preditor de variações do déficit hídrico. Verificou-se que nos sítios os indivíduos com maior SLA apresentaram os menores diâmetros. A Mata da Garagem apresentou menor variação do SLA quando comparada a Mata da Silvicultura, demostrando haver diferença no microclima. Porém na “Mata da Silvicultura” as espécies Anadenanthera peregrina, Machaerium floridum e Pseudopiptadenia contorta tiveram uma maior variação SLA e refletância, podendo estar associado a uma alta plasticidade fenotípica. Os diferentes modelos testados validam que a SLA é um forte preditor com uma alta correspondência com as variações de refletância foliar ao longo do gradiente de déficit hídrico. Para atender os objetivos do capítulo 2, foram utilizados os mesmos fragmentos florestais em Viçosa, do capítulo 1, determinou-se a área foliar específica (SLA), peso fresco, peso seco e refletância foliar. Além disso, realizou-se a análise do teor de nutrientes (N, P, K, Ca e Mg) presente nas folhas dessas espécies. O déficit hídrico climático (CWD) foi utilizado como um proxy para as condições de seca em cada fragmento. Os resultados demonstram que as variações de traços funcionais e o balanço entre traços é fortemente influenciada pela disponibilidade de recursos em uma floresta. Observou- se que o teor de K e SLA apresentam diferenças entre as duas florestas secundárias com contrastantes de condições de CWD. Também foi evidente que o CWD teve um efeito significativo positivo sobre a SLA como possível resposta da aclimatação ou adaptação para manter funções de aquisição de carbono e crescimento das árvores. Para atender ao terceiro objetivo do estudo (Capítulo 3), foram utilizadas 134 parcelas de sete fragmentos florestais em Minas Gerais, Brasil. Todos os indivíduos com diâmetro a altura do peito ≥ 5 cm foram mensurados. Variáveis de temperatura e precipitação foram adquiridas da estação meteorológica mais próxima ao fragmento. O CWD foi calculado. Amostras de solo foram coletadas aleatoriamente em cada parcela de cada fragmento, para análise química. Dados de topografia (altitude, declividade e exposição do terreno) foram coletados. Modelos lineares de efeitos mistos (LMMs, com efeitos aleatórios e fixos) foram utilizados para testar os principais efeitos de múltiplos fatores sobre o carbono acima do solo. A riqueza de espécie diferiu entre os fragmentos estudados, mesmo se tratando da mesma tipologia florestal. A Mata de São José (SJ) foi o fragmento com maior riqueza de espécies. De acordo com os modelos testados, verificou-se que a riqueza de espécies afetou positivamente a estocagem de carbono. Já a declividade e matéria orgânica apresentaram efeito negativo e significativo em relação a estocagem de carbono. Assim foi possível concluir que tanto fatores bióticos, quanto abióticos influenciam a biomassa e carbono na floresta. Palavras-chave: Diversidade funcional. Ecologia. Área foliar. Carbono.