Terras pretas arqueológicas no Médio Amazonas e Alto Solimões: química, mineralogia, micromorfologia e idade
Ano de defesa: | 2018 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
Solos e Nutrição de Plantas |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://locus.ufv.br//handle/123456789/29328 |
Resumo: | Os estudos científicos de Terra Preta Arqueológica (TPA) concentram-se no Médio Amazonas e principalmente próximo a calha do rio Solimões/Amazonas. A tese foi estruturada em quatro seções, na seção I propõem-se estudar as TPAs do Médio Amazonas na sub-Bacia do rio Autaz-açú em suma, a gênese, físico-química, mineralogia, idade e formas de fósforo e compara-las com as TPAs do rio Amazonas descritas por (Lima, 2001). Na seção II o estudo concentra-se nas TPAs do Alto Solimões, por meio de atributos químicos, mineralogicos, idade e formas de fósforo. A seção III o objetivo é comparar as TPAs do rio Solimões/Amazonas com as TPAs de seus afluentes. Na IV seção o objetivo foi identificar e caracterizar as principais organizações micropedológicas e microquímicas de TPAs do Alto e Médio Solimões/Amazonas. Nas seções I e II foram abertas trincheiras e as amostras foram submetidas as análises físico-químicas de rotina, fracionamento de P, difração de raio-X, datação por radiocarbono ( 14 C), digestão total, dissolução seletiva de ditionito citrato bicarbonato e oxalato de Amônio. Na seção III construiu- se um banco de dados a partir de trabalhos com TPAs, totalizando 125 perfis. As variáveis analisadas foram as mesmas descritas na seção I e II. Organizou-se o conjunto de dados em horizonte A antrópico e horizonte B nas proximidades do Solimões/Amazonas e nos rios afluentes. Para Seção IV foram coletadas amostras indeformadas em 4 perfis no Alto Solimões, e 6 no Médio Amazonas. De modo geral ocorre incremento de P, Ca 2+ , Mg 2+ , K + , Mn e Zn nos horizontes antrópicos. As idades das TPAs do rio Autaz-Açú variam de 960 – 470 a 1990 – 1957 AP. Nas TPAs do rio Autaz-Açú corre predominância das formas de P-Al e P-Fe seguido de P-Ca, com uma exceção, em que ocorre valores semelhantes de todas as formas. A mineralogia da fração argila é composta de minerais 1:1, caulinita, goethita, quartzo, óxidos de titânio (rutilo) e minerais 2:1, vermiculita e mica/ilita. Nas TPAs do Alto Solimões as características químicas expressam fertilidade elevada nos horizontes antrópicos, com valores elevados de pH, P, Ca 2+ , Mg 2+ , Mn, Zn, SB, CTC, V, MO. Os horizontes antrópicos de Várzea demonstram maiores níveis de fertilidade. O fracionamento do P revelou predominância do P-Ca para os horizontes antrópicos em várzeas, enquanto os horizontes antrópicos de Terra Firme foram dominados por P-Al e P-Fe. As idades das TPAs de Terra Firme no Alto Solimões variam de 1190 – 1410 anos AP (mais recentes) a 2500 - 2870 anos AP (mais antigas). Já, nos ambientes de Várzea variou de 920 – 1270 anos AP. A mineralogia do pedoambiente de Terra Firme, revelou predomínio de caulinita, goethita, gibbsita, quartzo e vermiculita com hidroxi entre camadas; na Várzea predominou caulinita, mica/ilita, goethita, quartzo, pirofilita e vermiculita com hidroxi entre camadas. A análise de componente principal selecionou dois componentes principais, que juntos explicam 80% do conjunto de variáveis. Tal análise selecionou as variáveis pH, Ca, SB, CTC, H+Al e V como as mais importantes para explicar a variabilidade de TPA. A análise discriminante gerou duas funções para os horizontes A, com acerto de 73,91%. Isto se assemelha no horizonte B com acerto de 83%. Para os horizontes A dos solos adjacentes a classificação foi 100 % de acerto. Das 139 observações nos horizontes A (afluentes), 96 permaneceram neste grupo, 11 realocaram-se nos solos adjacentes e 32 nas TPAs do Solimões. Das 150 observações dos horizontes A do Solimões, a função manteve a classificação em 115 casos, apenas 2 foram para os adjacentes e 33 para as TPAs dos afluentes. De modo geral as TPAs do Alto e Médio Solimões apresentam microestrutura semelhantes, agregados em blocos subangulares e grumos, a micromassa é de natureza organo-mineral, que surgem envolvendo minerais opacos, grãos de quartzo e fragmentos de carvão. Cutâs estão presentes no interior dos poros principalmente no horizonte B. Fragmentos de ossos foram mais frequentes nas TPAs de Várzeas. Comparativamente, As TPAs do Médio Solimões possuem mais cutãs que os solos do Alto Solimões. A bioturbação é frequente em todos os solos estudados. Os fragmentos de ossos possuem aproximadamente 33% de Ca e 10% de P. A ocorrência de formas de P-Ca em conjunto aos fragmentos de ossos comprovados pela microquímica, indicam que apatita biogênica seja a fonte primária de P em TPAs. A composição mineralógica dos horizontes antrópico e não antrópico é semelhante, o que evidencia a mesma natureza mineralogica. As TPAs do Solimões/Amazonas são mais ricas quimicamente que as TPAs dos Afluentes, o que evidencia que os povos indígenas que habitaram as várzeas rio Solimões/Amazonas desfrutaram de maior acesso à recursos alimentares. As TPAs de Várzeas do Alto Solimões revelam natureza química superior as TPAs de Terras Firmes. A ocorrência de TPAs em Várzea e Terra Firme no Alto Solimões, evidencia que o modelo de ocupação não foi diferente ao longo de todo o sistema Amazonas-Solimões. |