Estudos taxonômicos e filogenéticos em Merostachys Spreng. (Poaceae: Bambusoideae: Bambuseae: Arthrostylidiinae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Silva, Ronaldo Vinícius da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Botânica
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
DNA
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/29346
Resumo: Merostachys Spreng. é um gênero de bambu lenhoso Neotropical que engloba, atualmente, 54 espécies descritas, as quais apresentam um ciclo reprodutivo peculiar com um longo período de crescimento vegetativo (ca. 30˗50 anos). O gênero é morfologicamente bem delimitado e facilmente reconhecido. No entanto, apesar de apresentar algumas espécies de fácil identificação com base em caracteres morfológicos, o gênero também apresenta desafios à taxonomia e estes estão relacionados, principalmente, a (1) espécimes coletados sem estruturas reprodutivas devido à dificuldade em se encontrar espécies em floração; (2) amostragem apenas de secções do ápice do colmo; (3) espécies descritas por autores clássicos com base apenas em fragmentos; (4) espécies com descrições originais pouco informativas; (5) dificuldade de recoletar as espécies descritas com base apenas em fragmento devido às condições atuais dos locais tipo; (6) mistura de materiais (a partir de diferentes táxons) na descrição de uma única espécie e (7) falta de literatura especializada com chaves de identificação. Esforços em trabalhos de campo e análises morfológicas tem sido realizados e a continuidade dos estudos é imprescindível para a resolução de questões como as expostas acima. Durante as análises morfológicas foi possível reconhecer grupos morfológicos, fato realmente relevante, uma vez que Merostachys não apresenta uma classificação infragenérica. Estes agrupamentos foram estabelecidos informalmente e, portanto, são necessários estudos que averiguem se há suporte desses grupos em um contexto filogenético. Estudos filogenéticos prévios a partir de dados moleculares com uma baixa amostragem em Merostachys sugerem o monofiletismo do gênero e também uma estreita relação ora com Actinocladum ora com Athroostachys. A pesquisa aqui proposta objetiva (1) estudar, detalhadamente o gênero em seus aspectos morfológicos; (2) realizar análises de filogenia molecular a partir de uma amostragem mais ampla a fim de testar o monofiletismo do gênero; (3) verificar as relações entre suas espécies e entre Merostachys e os demais gêneros de Arthrostylidiinae; e (4) averiguar a possível congruência entre dados morfológicos e moleculares. Como resultados são apresentados (1) a descrição de três novas espécies para o gênero; (2) a descrição do material reprodutivo de Merostachys bifurcata e Merostachys procerrima; (3) a redescrição e relectotipificação de Merostachys speciosa, espécie tipo do gênero; (4) a redelimitação específica de Merostachys magnispicula, Merostachys medullosa e M. procerrima e (5) a filogenia molecular de Merostachys baseada em sete marcadores plastidiais (um gene: ndhF e seis regiões não codificadoras: rpl16, rps16, rps16-trnQ, trnC-rpoB, trnD-trnT e trnT-trnL). O monofiletismo de Merostachys foi confirmado. Dois clados foram bem sustentados dentro do gênero, assim como também foi o posicionamento de Merostachys como grupo irmão de Athroostachys; Actinocladum, por sua vez, foi sustentando como grupo irmão do clado Merostachys + Athroostachys. A maioria dos grupos morfológicos não foram congruentes com os dados moleculares, exceto aquele relacionado com a surperfície do flósculo (reluzente ou opaco) que apresentou uma correlação interessante na topologia molecular. Um dos clados reconhecidos dentro do gênero apresenta uma politomia composta por várias espécies. Este cenário pode estar associado a fatores como (1) a utilização de marcadores pouco informativos para o grupo; (2) longo tempo de geração dos táxons; (3) ocorrência de hibridação e/ou (4) ocorrência de sorteio incompleto de linhagens. As duas últimas possíveis explicações estão, geralmente, relacionadas a espécies de radiação recente. A partir das nossas observações, tanto em campo quanto em herbários, acreditamos que o evento mais provável de estar influenciando na evolução de Merostachys é o sorteio incompleto de linhagens.