Condicionantes ambientais da infecção de carrapatos Amblyomma spp. (Acari: Ixodidae) por Rickettsia spp. (Rickettsiales: Rickettsiae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Gomes, Gabriel Guimarães
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Bioquímica e Biologia molecular de plantas; Bioquímica e Biologia molecular animal
Mestrado em Bioquímica Agrícola
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/2473
Resumo: Patógenos transmitidos principalmente por seus hospedeiros invertebrados carrapatos, as bactérias do gênero Rickettsia podem ocasionar doenças de alta letalidade em homens e animais. Buscando esclarecer por que alguns carrapatos do gênero Amblyomma são infectados por Rickettsia e outros não, avaliamos os condicionantes ambientais desta infecção. Testamos as hipóteses de que a ocorrência de infecção se correlaciona com condições climáticas mensais (temperatura e umidade) e disponibilidade de hospedeiros, e que os condicionantes desta infecção diferem entre os estádios de desenvolvimento desses. Foram realizadas coletas mensais de carrapatos, ao longo de um ano, em 15 locais, distantes, pelo menos, 50m entre si, numa área de 1km 2. Os carrapatos coletados foram separados de acordo com o estádio de desenvolvimento, larvas, ninfas e adultos, gerando um total de 540 amostras, sendo 180 para cada estádio. A seguir as amostras foram submetidas à Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) em Tempo Real, para investigação da presença de infecção por organismos do gênero Ricketsia. Para avaliar os condicionantes ambientais da infecção, foram realizadas análises logísticas binárias, considerando a ocorrência da infecção como variável resposta. Foram ajustadtas as regressões lineares múltiplas, usando modelos lineares generalizados mistos, com erros binomiais e interceptos aleatórios. Para avaliar a auto-correlação temporal decorrente, foi incluída nos modelos a sequência de amostragens como medidas repetidas. A significância dos termos explicativos foi avaliada por deleção, à partir de modelo completo sem interações, ajustando-se modelos diferentes para cada estádio do hospedeiro. Para descrever a variação sazonal da abundância de hospedeiros, foram utilizadas regressões semi- paramétricas, com número de indivíduos como variável resposta, ajustando-se modelos aditivos generalizados (GAMs) com distribuição Poisson. Verificou-se que a infecção das larvas diminuiu com o aumento da temperatura (&#967; 2= 10,5; P = 0,001), enquanto a infecção de ninfas (&#967;2= 5,3; P = 0,02) e adultos (&#967;2= 5,4; P = 0,02) aumentou quando do aumento desta variável climática. Não se verificou umidade e abundância dos hospedeiros afetando a ocorrência de infecção por Rickettsia (&#967;2 < 2,6; P > 0,1). Avaliando-se a sazonalidade dos carrapatos na região estudo, verificou-se máxima abundância de larvas no inverno (junho a agosto), diminuindo no verão (novembro a fevereiro), com as ninfas apresentando máxima abundância na primavera (setembro e outubro). Não foi possível verificar a variação sazonal em adultos. Associando-se os achados, verificamos a ocorrência de correlação negativa da infecção de larvas com organismos do gênero Rickettsia, com a queda dos valores de temperatura coincidindo com a máxima abundância dos hospedeiros, como acentuado na estação do inverno. Também foi observado que o aumento na infecção de ninfas e adultos coincidiu com a maior abundância destes hospedeiros nos períodos mais quentes do ano. Com estes achados, verificamos que esses padrões sugerem forte sintonia do patógeno com a dinâmica populacional de seu hospedeiro.