Efeitos da infusão de Camellia sinensis (L.) Kuntze sobre parâmetros morfofisiológicos cardíacos e renais de ratos Wistar com diabetes tipo 1

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Ladeira, Luiz Carlos Maia
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/28229
Resumo: Introdução: O diabetes tipo 1 é um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que se desenvolve principalmente na infância e adolescência. A hiperglicemia decorrente do diabetes gera estresse metabólico sistêmico favorecendo o desenvolvimento de várias comorbidades, dentre elas a nefropatia diabética (ND) e a cardiomiopatia diabética (CD). Ambas as doenças são prevalentes em pacientes com diabetes e se não tratadas ou prevenidas podem evoluir para falências dos órgãos e morte do paciente. O chá verde é tradicionalmente utilizado como tratamento do diabetes e seus efeitos foram relacionados à capacidade hipoglicemiante, reduzindo a sobrecarga glicêmica e o dano oxidativo nos tecidos. Entretanto, estes resultados ainda são controversos e nem sempre o chá exerce uma ação hipoglicemiante, podendo levar a efeitos positivos por outras vias. Objetivo: Avaliar como os efeitos da infusão de chá verde (Camellia sinensis L. Kuntze) afetam parâmetros morfológicos, bioquímicos e funcionais dos rins e do coração frente a um estado hiperglicêmico grave gerado pelo diabetes tipo 1 experimental em animais jovens. Metodologia: Utilizamos neste trabalho um total de 18 ratos Wistar, machos e jovens. Tratamos seis ratos com diabetes tipo 1 induzido por estreptozotocina, com 100 mg/kg de chá verde, diariamente, por 42 dias. Além disso, um grupo controle saudável (n=6) e um diabético (n=6) também compuseram o experimento. A infusão foi preparada com o objetivo de reproduzir a forma consumida normalmente por humanos e os animais foram mantidos em condições controladas de temperatura (22 ± 2 oC) e luminosidade (12/12h), e receberam alimento e água ad libitum. Todos os procedimentos deste experimento foram aprovados pelo CEUA/UFV (protocolo no 53/2018). No Artigo 1 (Capítulo 2), foram avaliados marcadores sorológicos da função renal e marcadores teciduais de estresse oxidativo, homeostasia iônica e função de transportadores de íons, alterações morfológicas glomerulares e tubulares, bem como o dano ao DNA em células renais. Ainda, utilizamos a ferramenta de network pharmacology para explorar as vias de sinalização relacionadas aos resultados encontrados in vivo. No Artigo 2 (Capítulo 3) foram avaliados os marcadores séricos e teciduais para função cardíaca e estresse oxidativo. Além disso, analisamos por microscopia de campo claro, as alterações morfológicas e os danos ao DNA. Ainda, avaliamos também as alterações teciduais e ultraestruturais mitocondriais em fragmentos do ventrículo esquerdo por microscopia eletrônica de varredura. Resultados: Nossos resultados revelaram que uma dose diária de 100 mg/kg de tratamento com infusão de chá verde por 42 dias evitou danos renais cardíacos desencadeados pela hiperglicemia em ratos jovens com diabetes tipo 1 de início precoce, mesmo sem conseguir controlar a hiperglicemia grave nos animais. Os dados relativos às análises renais (Capítulo 2) revelaram que os componentes do chá verde interagem em vias de sinalização que regulam o metabolismo energético, incluindo a síntese e degradação da glicose e do glicogênio, além da reabsorção de glicose pelos rins, manejo da hipóxia e morte celular por apoptose. Tais interações levaram à redução do acúmulo de glicogênio no órgão e proteção do DNA ao dano oxidativo. Além disso, o chá verde foi capaz de prevenir danos morfológicos nos glomérulos, sugerindo um efeito protetor ao órgão e a preservação de sua função. No coração (Capítulo 3), apesar da falta de efeito direto sobre as atividades das enzimas antioxidantes, o chá verde preveniu a fibrose cardíaca e a hipertrofia dos cardiomiócitos, mantendo a distância de difusão dos vasos sanguíneos e a área de secção transversal das fibras em níveis semelhantes aos encontrados nos animais saudáveis. Além disso, a quantidade de células marcadas com iodeto de propídio foram mais baixas no grupo tratado com chá verde do que nos animais com diabetes não tratado, indicando um efeito protetor do chá verde contra danos ao DNA. Ainda, menores taxas de infiltração de mastócitos foram encontradas nos animais tratados com chá verde quando comparados ao controle diabético. Da mesma forma, menores taxas de mastócitos ativados também foram encontradas no grupo tratado com chá verde quando comparado ao controle diabético. Adicionalmente, foram encontradas alterações morfológicas nas mitocôndrias dos animais diabéticos, com maiores frequências de fusão mitocondrial que no grupo controle, e que foram prevenidas pelo tratamento com chá verde. Esses resultados positivos refletiram nos níveis mais baixos de creatina quinase (CK-MB) e lactato desidrogenase (LDH), sugerindo uma melhor função cardíaca no grupo tratado com chá verde, independentemente de quaisquer melhorias nos valores de glicose no sangue. Conclusões: A ingestão da infusão de chá verde é capaz de prevenir a remodelação dos tecidos do coração e dos rins, neutralizando as alterações induzidas pelo diabetes, prevenindo fibrose no miocárdio e pericárdio e a nefrose glicogênica nos rins, a remodelação vascular no miocárdio e infiltração e ativação de mastócitos no coração, e o desenvolvimento de alterações patológicas nos glomérulos. Além disso, o chá verde foi capaz de prevenir danos ao DNA dos cardiomiócitos e nas células renais, e controlar a dinâmica morfológica da mitocôndria, que ocorre como uma adaptação metabólica ao diabetes. Esses resultados benéficos, considerados em conjunto, refletem-se no potencial efeito protetor da infusão de chá verde frente às comorbidades decorrentes do diabetes envolvidas neste estudo. Palavras-chave: Cardiomiopatia diabética. Chá verde. Diabetes tipo 1. Fitoterapia. Nefropatia diabética.