Potencialidades e desafios no manejo do rebanho leiteiro em assentamento rural
Ano de defesa: | 2013 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Agroecologia Mestrado em Agroecologia UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/2011 |
Resumo: | Dentre as formas de manejo do solo no Brasil, as pastagens constituem um componente essencial das paisagens e estima-se que 50 a 70% destas estejam em avançado grau de degradação. A degradação das pastagens é considerada um dos maiores entraves à pecuária nacional, devido ao fato do pasto corresponder à base da alimentação animal. Na região da Zona da Mata mineira há o predomínio da pecuária extensiva, manejada em especial pela agricultura familiar. Além da degradação dos pastos, a atividade enfrenta a sazonalidade de produção das pastagens, quando há excesso de produção na estação chuvosa e escassez durante a estação seca. A região apresenta relevo acidentado, onde a degradação de pastagens nestas áreas é mais intensa e está diretamente associada aos processos erosivos, responsáveis por desencadear inúmeros impactos ambientais. A produção leiteira apresenta-se como uma das principais atividades desenvolvidas pelas propriedades familiares no Brasil e caracteriza-se como atividade pilar para a organização produtiva e econômica do assentamento Olga Benário, localizado em Visconde do Rio Branco, Zona da Mata mineira. No que se refere à questão da alimentação do rebanho, há uma carência de informações científicas e práticas sobre técnicas e tecnologias de manejo de pastagens, disponíveis às famílias assentadas em áreas de Reforma Agrária no estado, que possibilite a produção leiteira com sustentabilidade econômica e ambiental. Nesse sentido, o trabalho foi dividido em dois capítulos. No primeiro, objetivou-se identificar e analisar as estratégias desenvolvidas pelos assentados em relação à convivência com as possibilidades e limitações dos recursos naturais disponíveis no assentamento. Especificamente buscou-se: i) Investigar o planejamento e as alternativas adotadas para a produção de alimentos a serem disponibilizados ao rebanho leiteiro no período da seca; ii) investigar como a água é fornecida ao rebanho leiteiro em áreas de pastagem e iii) investigar o manejo das áreas de encostas utilizadas como pastagens. Por meio da utilização de metodologias participativas, foi possível constatar que famílias com capacidade de planejamento da atividade, ou seja, aquelas que procuram se adequar, com antecedência, a disponibilidade de alimentos a serem ofertados ao rebanho durante a seca, através do plantio de cana e capineiras, conseguem manter a produção de leite durante todo o ano. Além disso, buscam pela diversificação da produção, por meio do cultivo de hortaliças e demais gêneros alimentícios, fornecendo uma renda complementar ao leite e garantindo sua segurança alimentar. As pastagens, em geral, são manejadas de forma contínua nos lotes o que dificulta estabelecer um período de descanso ao capim, ocasionando sua degradação. O piqueteamento é uma opção adotada por uma pequena parcela de assentados, no entanto é de interesse dos demais, tornando-se uma alternativa viável e capaz de reverter o quadro de degradação de pastagens instaurado na região. Outro fator que favorece esta degradação vem da ausência de fornecimento de água aos animais no local do pastejo. Isto torna necessário ao rebanho se deslocar constantemente ao longo das pastagens, boa parte localizada em áreas de encostas; até as fontes disponíveis de água, concentradas em fontes naturais; gerando a compactação do solo e assoreamento dos cursos d'água. Já no segundo capítulo, objetivou-se descrever o processo de implantação de uma unidade experimental de Pastoreio Racional Voisin (PRV) em um lote de uma família do assentamento Olga Benário. Esta unidade experimental teve como propósito, buscar através da pesquisa-ação, desenvolver conhecimentos científicos e técnicos que estabelecessem tecnologias de manejo de pastagem, para o rebanho leiteiro, apropriadas à realidade da agricultura familiar da Zona da Mata mineira. A partir dos desafios que surgiram ao decorrer do processo, foi possível constatar que o clima e o relevo da região se apresentaram como entraves a tecnologia e desta forma buscou-se especificamente apontar alternativas ao sistema de PRV, como forma de agregar outras formas de manejo alimentar do rebanho leiteiro a tecnologia. Além disso, existe a necessidade de criar mais parcerias entre instituições de ensino, centros de pesquisas e ONGs, objetivando o aprofundamento na discussão de tecnologias que seguem os princípios agroecológicos; procurando fortalecer a agricultura familiar e o desenvolvimento dos assentamentos no país. Desta maneira, almeja-se suprir a demanda dos agricultores familiares por tecnologias mais acessíveis e sustentáveis, procurando-se desvencilhar dos pacotes tecnológicos e assumir o trabalho da utilização de tecnologias heterogêneas, sendo estas adequadas a realidade local das comunidades e agroecossistemas que serão manejados, na busca pela otimização de recursos endógenos e pela autonomia produtiva destas famílias. |