Efeitos da caminhada sobre o balanço energético em mulheres obesas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Silva, Rafael Pacheco
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Aspectos sócio-culturais do movimento humano; Aspectos biodinâmicos do movimento humano
Mestrado em Educação Física
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/3476
Resumo: Esta dissertação foi proposta com o objetivo principal de verificar os efeitos da caminhada sobre o balanço energético em mulheres obesas e, para isso, foram conduzidos uma revisão de literatura e 2 artigos originais sequenciais. Na revisão, verificou-se que a obesidade tem crescido de forma epidêmica em todo o mundo, tanto em adultos como em adolescentes e tem sido apontada como um fator independente para o risco de desenvolvimento de doenças de ordem cardiometabólica, além de estar associada a outros fatores de riscos, tais como as dislipidemias, o diabetes mellitus e a hipertensão arterial. Vários são os métodos de diagnóstico da obesidade, variando o seu custo operacional e possibilidades de aplicação em pesquisas epidemiológicas. Nos últimos anos, o foco da pesquisa sobre o excesso de peso corporal tem sido a distribuição da gordura e sua relação com os mecanismos inflamatórios, que são mediados principalmente pelas concentrações de proteína C-reativa (CRP), leptina e de citocinas, tais como o fator de necrose tumoral α (TNF-α), a interleucina-6 (IL-6), a adiponectina e o inibidor do ativador de plasminogênio-1(PAI-1). As estratégias de prevenção e tratamento adotadas têm buscado, além das técnicas comumente usadas, acompanhar em todo o tempo a aderência ao tratamento, evitando possíveis respostas compensatórias e o re-ganho de peso após programas de reeducação alimentar e intervenções com atividades físicas. Mulheres obesas optam pela caminhada em um ritmo mais confortável e com menor gasto de energia. Assim, o objetivo do artigo original 1 foi comparar o custo energético por distância em diferentes velocidades de caminhada. 13 mulheres obesas (IMC= 33,82 ± 2,95 kg/m2) e sedentárias foram voluntárias no estudo. Para determinar o custo energético por distância (m/min), foram medidas as trocas respiratórias em um protocolo de esteira que consistia em 5 estágios de 4 minutos, com 4 minutos de repouso, com velocidades crescentes (3,0, 4,0, 5,0, 6,0 km/h e a velocidade de caminhada auto-selecionada-VCAS). A VCAS foi calculada através da média do tempo para percorrer uma pista de 50 metros de comprimento. O gasto energético por distância foi definido como: (economia grossa = VO2 [ml/kg.min] dividido pela velocidade [m/min]). O VO2 e a FC aumentaram conforme ocorriam os aumentos da velocidade na esteira. A VCAS média obtida pelas voluntárias foi de 4,8 km/h. A velocidade de 3,0 km/h apresentou maior valor de economia grossa em relação a 4,0, 5,0, VCAS e 6,0 km/h [0,089, contra 0,076, 0,073, 0,074 e 0,078 (ml/kg.m)]. Concluiu-se que A VCAS é a que representa o menor custo de energia por distância, entre cinco velocidades diferentes, em mulheres obesas e sedentárias. Além disso, verificou-se que 3,0 km/h representam a velocidade que promove o maior gasto de energia por distância percorrida. A ineficácia de programas de exercícios em promover emagrecimento tem sido questionada, contudo a análise das variáveis relativas à atividade física habitual (AFH) e a ingestão alimentar são componentes não considerados em diversos estudos foi o objeto de estudo do artigo original 2. Assim, o objetivo foi investigar as respostas compensatórias sobre o balanço energético e composição corporal de mulheres obesas. Oito mulheres obesas se submeteram a um programa de caminhadas durante 8 semanas (4 supervisionadas e 4 não supervisionadas). Nas fases pré-intervenção (PRÉ), após 4 semanas (4S) e ao final das 8 semanas de intervenção (PÓS), a AFH foi monitorada por 7 dias com o acelerômetro ActiGraphGT3X e a ingestão alimentar foi verificada por um registro de 3 dias. Foram realizadas antropometria e percentual de gordura, medido por bioimpedância tetrapolar. Em PRÉ e PÓS, foram estimados o consumo de oxigênio (VO2max), por calorimetria indireta, além de glicose, colesterol total e frações, e triglicerídeos. ANOVA com post hoc de Tukey foi realizada para variáveis medidas em PRÉ, 4S e PÓS, teste t pareado para variáveis medidas em PRÉ e PÓS. Não foram verificadas diferenças na composição corporal. Sete mulheres aumentaram a ingestão calórica após 4S. Na comparação das diferenças entre os períodos (Δ), foram encontradas diferenças entre Δ4S-PRÉ (253 kcal/dia) x ΔPÓS-4S(-42 kcal/dia)(p=0,014) e em ΔPÓS-PRÉ(211 kcal/dia) x ΔPÓS-4S(-42 kcal/dia)(p=0,033). A ingestão calórica média por semana em PRÉ, 4S e PÓS foi 9620,33 ± 2368,70, 11394,39 ± 2004,59, e 11097,91 ± 1477,53, respectivamente. Na AFH, houve diferenças entre PRE e PÓS em relação à 4S (274423 ± 126044, 224352 ± 78669 e 283437 ± 120909 contagens, respectivamente), bem como aumento significativo do VO2max (21,13 ± 3,58 e 24,40 ± 3,22 ml.O2.kg-1.min-1) e redução do LDL (147,00 ± 24,01 e 130,45 ± 20,81 mg.dL-1). Concluiu-se que, apesar dos benefícios à saúde e aptidão física, o programa de caminhadas realizado nesse estudo não contribuiu para alterações significativas na composição corporal nas mulheres obesas, devido às respostas compensatórias relacionadas ao aumento da ingestão alimentar e diminuição da atividade física habitual.