Papel de fatores anorexígenos e orexígenos na regulação do balanço energético em adolescentes com obesidade: análise longitudinal
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=9383051 https://hdl.handle.net/11600/64585 |
Resumo: | Introdução: A obesidade é caracterizada como uma doença complexa, multifatorial e crônica, com consequências biológicas e sociais desencadeadoras de diversas comorbidades. O balanço energético positivo atua como um fator que desregula as vias de sinalização orexígenas (Neuropeptídio Y – NPY e Peptídeo relacionado ao gene agouti - AgRP) e anorexígenas (Hormônio estimulante de melanócito - α-MSH) controladoras da fome e saciedade, aumentando a quantidade e o tamanho das células adiposas; modificando a ação das adipocinas (Leptina e Adiponectina), e influenciando negativamente a fisiopatologia da obesidade. Devido à escassez de estudos com humanos, principalmente em populações pediátricas, o comportamento de variáveis do balanço energético em protocolos para emagrecimento em diferentes faixas etárias ainda permanece pouco elucidado. Objetivos: Avaliar em adolescentes com obesidade submetidos a terapia interdisciplinar para emagrecimento de longo prazo a influência dos níveis séricos iniciais do neuropeptídeo anorexígeno α-MSH, bem como a influência do percentual de redução de peso corporal e do consumo de gordura alimentar/Índice Inflamatório da Dieta (E-IID) na modulação de fatores anorexígenos e orexígenos do balanço energético. Métodos: Foram selecionados 148 adolescentes de ambos os sexos, com idades entre 14 e 19 anos, classificados com obesidade de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC) por gênero e idade da Organização Mundial da Saúde (OMS), e estagiamento puberal 5, de acordo com a classificação de Tanner. Os voluntários foram submetidos a 1 ano de terapia interdisciplinar com acompanhamento endocrinológico, psicológico, nutricional, fisioterapêutico e, treinamento físico supervisionado. Após a seleção inicial e período de intervenção, os voluntários realizaram avaliações da composição corporal e coletas sanguíneas para análise dos marcadores séricos metabólicos, hormonais e do balanço energético (MCH - hormônio concentrador de melanócitos, AgRP, NPY, α-MSH, Leptina e Adiponectina). As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software Statistica versão 7.0, adotando p≤0,05. Resultados: Artigo 1 – 110 participantes concluíram o tratamento e foram divididos após a terapia em de acordo com tercil inicial dos níveis séricos de α-MSH: Tercil 1 (< 0,75 ng/ml; n=37); Tercil 2 (≥0,75 to ≤1,57 ng/ml; n=40); Tercil 3 (>1,57 ng/ml; n=36). O tratamento promoveu melhora da gordura corporal e da massa livre de gordura para todos os grupos. Apenas no Tercil 3 foi observado um aumento da relação α-MSH/NPY e diminuiçã concentração de MCH, em comparação com os Tercis 1 e 2. No grupo com maior concentração de α-MSH foram observadas correlações negativas entre Δα-MSH/NPY com ΔNPY/AgRP, NPY e MCH. Artigo 2 – 108 adolescentes completaram a terapia e foram analisados de acordo com a redução do peso corporal nos grupos baixa perda de peso (BPP: <10%; n=68) e grupo alta perda de peso (APP: ≥10%; n=40). Os dois grupos apresentaram redução no peso corporal, IMC, gordura corporal, leptina, e aumento de massa livre de gordura. A variação do α-MSH foi menor no grupo BPP comparado ao grupo APP, sendo que os valores permaneceram positivos apenas no grupo com redução ponderal acima de 10% do peso corporal. O Δα-MSH/AgRP e Δα-MSH/NPY foram menores no BPP comparado ao APP. As concentrações de leptina chegaram a valores médios próximos a normalização somente no APP, e o ΔLeptina para o mesmo grupo foi maior comparado ao BPP. As variações dos neuropeptídeos orexígenos AgRP e NPY foram maiores no grupo com redução ponderal menor que 10% do peso corporal. Os deltas de peso corporal, α-MSH e Leptina foram associados a diminuição de gordura corporal e a fórmula: Y = -14.01 + (0.28 x Δpeso) + (-1.72 x Δα-MSH) + (0.06 x ΔLeptina), foi gerada. Artigo 3 – Foram analisados o diário de três dias de 50 adolescentes classificados de acordo com aumento (> E-IID; n=30) ou diminuição (< E-IID; n=20) em seus escores de E-IID. Nos dois grupos, foi observado redução no peso corporal, gordura corporal e na massa livre de gordura. Os níveis de leptina também foram reduzidos em ambos os grupos, enquanto os valores de adiponectina aumentaram apenas no grupo < E-IID. Os níveis séricos de neuropeptídeos, as razões anorexígenas e orexígenas não mudaram após o tratamento no grupo >E-IID, enquanto no grupo <E-IID houve uma redução significativa nos níveis de αMSH, MCH e NPY e um aumento na razão anorexigênica αMSH/NPY. Quando analisada a amostra toda foram encontradas correlações negativas entre ΔSFAs e ΔαMSH/AgRP (r = -0,35; p = 0,01), ΔNPY/AgRP e ΔMUFAs (r = -0,33; p = 0,01) e PUFAs (r = -0,31; p = 0,02). Conclusões: Em suma, a alta concentração de α-MSH promoveu melhor modulação de vias anorexígenas/orexígenas em adolescentes com obesidade após terapia de perda de peso a longo prazo. A perda de peso corporal menor que 10% parece ser desfavorável a normalização das funções dos neuropeptídeos séricos orexígenos e anorexígenos e a reversão da hiperleptinemia em adolescentes com obesidade. O modelo matemático apresentado que indica um possível prognóstico de perda de gordura corporal utilizando variações de peso corporal, α-MSH e leptina. Por fim, a diminuição do escore de E-IID após terapia interdisciplinar a longo prazo para perda de peso parece estar relacionada à diminuição sérica de neuropeptídeos orexígenos e com aumento na razão anorexígena, resultando em um cenário mais favorável para o controle do peso e da ingestão de alimentos, bem como uma melhora do estado pró-inflamatório. |