Tornar-se médica/o veterinária/o: o papel do currículo oculto e das trajetórias sociais na formação acadêmica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Barros, Rodrigo Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/28751
https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2021.221
Resumo: A formação acadêmica em Medicina Veterinária é um campo social com gênese fortemente associada à divisão sexual do trabalho, com predomínio inicial de indivíduos do sexo masculino e recente processo de feminização. Propôs-se, neste estudo, um olhar sobre as assimetrias de gênero na formação universitária em Medicina Veterinária, mais especificamente nas mediações de gênero operadas por meio do currículo oculto. Os seguintes pressupostos foram adotados: (i) o currículo oculto é uma expressão do habitus; (ii) a formação universitária em Medicina Veterinária é um campo social; e (iii) o gênero está na base das relações de poder que constituem os campos sociais. Ou seja, não se nasce Médica/o Veterinária/o, torna-se Médica/o Veterinária/o. Em diálogo com as teorias sociológicas de Pierre Bourdieu e a teoria feminista, buscou-se compreender como as relações de gênero e o currículo oculto operam para a produção/incorporação do habitus. O percurso metodológico foi divido em duas etapas, a primeira de coleta e sistematização de dados, constituída pela pesquisa documental (Censo da Educação Superior dos cursos e estudantes de Medicina Veterinária do Brasil, de 1998 a 2019; Dados dos estudantes de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Viçosa, de 1932 a 2019; Atos normativos sobre a criação e regulamentação dos cursos de Medicina Veterinária do Brasil, de 1910 a 2019; Publicações do Conselho Federal de Medicina Veterinária), observação participante, entrevistas (com professores e estudantes do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Viçosa) e diário de campo. A segunda etapa consistiu na análise dos dados, por meio da pré- análise, exploração do material, tratamento e interpretação dos resultados. Dessa forma, reuniu-se e analisou-se um grande número de informações acerca do contexto em que foi criado o campo de formação universitária em Medicina Veterinária e as trajetórias sociais dos cursos e agentes. O movimento de criação e expansão dos cursos foi dividido em quatro ondas, que começam com pequenas mudanças e culminam com um acontecimento maior que marca o período. A primeira onda é representada pela associação da Medicina Veterinária ao exército e aos cursos de hipiatria; a segunda onda é marcada pela associação às ciências agrárias, pertencimento ao Ministério da Agricultura, extensão rural e revolução verde; a terceira onda está associada às ciências da saúde, instituição da LDB96, mobilização para o fim do currículo mínimo e instituição das DCNs; e a quarta onda, refere-se à expansão do número de cursos e mudança no perfil dos estudantes (55% das matrículas em Medicina Veterinária no Brasil passam a ser do sexo feminino). O curso de graduação em Medicina Veterinária, inicialmente ocupado apenas por homens, tem, atualmente, seu corpo discente majoritariamente ocupado por mulheres. Tal crescimento quantitativo não necessariamente informa igualdade entre homens e mulheres e sim que, na medida em que os espaços que vão sendo paulatinamente ocupados por mulheres, informam desigualdades de gênero. Especificamente quando se trata da Medicina Veterinária, dar visibilidade às questões de gênero que perpassam a formação dos/as estudantes contribui para a crítica dos modelos atuais de formação que reforçam espaços de atuação e a produção de conhecimentos hierarquizados. Palavras-chave: Classe social. Gênero. Habitus. Raça/Etnia. Socialização secundária.