Sistema intensivo de criação de suínos ao ar livre no Estado de Minas Gerais - viabilidade técnica e econômica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2001
Autor(a) principal: Garcia, Simone Koprowski
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/11162
Resumo: A tecnologia de exploração intensiva de suínos em confinamento total foi introduzida no Brasil há 30 anos. Atualmente, observa-se o aumento do tamanho e a diminuição do número dos plantéis, refletindo a tendência mundial à concentração e especialização da atividade, o que requer grande inversão de capital. O Sistema Intensivo de Criação de Suínos ao Ar Livre (SISCAL) representa uma alternativa ao confinamento total, na qual os animais permanecem em piquetes específicos para cada categoria, até a desmama ou até a saída da creche. Com isso, o SISCAL combina uma vantagem econômica, de menor custo de implantação, à idéia de maior bem-estar para os animais explorados. Por estas razões, sua adoção em escala comercial vem crescendo em vários países nos últimos 15 anos. No Brasil, o SISCAL tem sido implantado apenas na região Sul, em pequenas propriedades. Nesse estudo, foram apresentadas uma revisão crítica da literatura mundial sobre o SISCAL e comparações, em termos econômicos, de projetos de grande porte simulados para o SISCAL e para o confinamento no Estado de Minas Gerais. De forma geral, pretendeu-se discutir as peculiaridades dessa tecnologia e estimular a continuidade das pesquisas sobre o SISCAL no país. O objetivo específico foi determinar sob quais condições a implantação do SISCAL seria técnica e economicamente recomendável para o Estado de Minas Gerais. As regiões mineiras do Triângulo, Alto Paranaíba e Centro-Oeste foram consideradas aptas para a adoção do SISCAL, tanto no aspecto edafo-climático quanto pela disponibilidade de grãos. A proximidade com os pólos de bovinocultura de corte e a existência de municípios com altas densidades de suínos nessas regiões são fatores de risco epidemiológico. Outro risco é o da descaracterização do sistema, como foi observado na literatura e em duas criações mineiras, devido à falta de técnicos especializados para orientar a implantação e condução do SISCAL. Foram simulados nove cenários para o confinamento e nove para o SISCAL, com três níveis de produtividade (alto, médio ou baixo) e três tamanhos de plantel (200, 700 ou 1500 matrizes), com confinamento dos leitões após a fase de creche. Considerou-se, dentre outros índices, 25,7 leitões desmamados/porca/ano no confinamento e 23,8 no SISCAL de alta produtividade sendo que, nos cenários de média e de baixa produtividade, estimou-se uma ineficiência zootécnica de 5% e de 10%, respectivamente. Foram comparados os custos de implantação e de produção, as margens líquidas e os indicadores de valor presente líquido (VPL), à taxa de 12% ao ano, taxa interna de retorno (TIR) e período de recuperação (PR) dos projetos simulados, num horizonte de dez anos. Foi previsto o financiamento de 30% do valor dos investimentos, a ser pago em cinco anos, com um ano de carência, à taxa de juros de 17,25% ao ano. Os custos de implantação, por matriz, foram R$ 1.891,80, R$ 1.696,96 e R$ 1.586,06 para o SISCAL com 200, 700 e 1500 matrizes, e R$ 2.280,28, R$ 2.106,36 e R$ 2.044,29 para o confinamento nas mesmas escalas, representando 17%, 19,4% e 22,4% de diferença a favor do SISCAL, respectivamente. As planilhas de custos de produção, baseadas nos preços médios de R$ 1,43/kg de cevado e de R$ 0,21/kg de milho, obtidos em Minas Gerais no ano de 2000, resultaram em custos fixos totais cerca de 14% a 18% menores no SISCAL e custos variáveis totais menores em 3,5% a 6% nos cenários do SISCAL de alta e média produtividade e em cerca de 8,7% a 11,5% no nível mais baixo, o que está de acordo com a literatura. Os custos totais médios (CTM) dos dois sistemas foram semelhantes nos cenários de alta produtividade, especialmente após os anos de pagamento dos financiamentos. Nos cenários menos produtivos, os CTM do confinamento foram inferiores aos do SISCAL. A margem líquida foi maior para o SISCAL apenas nos cenários de alta produtividade com 700 e 1500 matrizes, entre 1,5% e 2,5%, mas essa vantagem não se manteve nos cenários de menor eficiência. Em todos os cenários, foi possível quitar o empréstimo até o 6o ano. O menor PR foi obtido no SISCAL de alto nível com 1500 matrizes (5 anos) e o maior, no confinamento de nível médio com 200 matrizes (8 anos). Os resultados do VPL e da TIR indicaram a viabilidade econômica dos cenários de alta e de média produtividade, exceto do SISCAL de média eficiência com 200 matrizes. Em relação ao confinamento, os SISCAL de alta produtividade com 700 e 1500 matrizes apresentaram os melhores resultados. Na análise de sensibilidade, a diminuição em 10% do preço do cevado inviabilizou todos os cenários. Tanto a diminuição em 5% desse preço quanto o aumento em 20% do preço do milho inviabilizou todos os cenários de média produtividade, bem como os de alta produtividade com 200 matrizes. Os SISCAL com 700 e 1500 matrizes tiveram maior VPL e TIR que o confinamento. Finalmente, o aumento do preço do milho em 10% inviabilizou os projetos de média produtividade e manteve a vantagem dos SISCAL de maior porte. Mesmo apresentando desempenho zootécnico um pouco inferior ao do confinamento, o SISCAL foi a melhor opção de investimento para projetos a partir de 700 matrizes, desde que implantado e conduzido segundo as recomendações técnicas que garantem a sustentabilidade e competitividade desse sistema.