Procariotas residentes de filoplano do feijoeiro como agentes de biocontrole de enfermidades da parte aérea da cultura

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Vieira Júnior, José Roberto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/10226
Resumo: O Brasil é o principal produtor de feijão no mundo, com mais de três milhões de toneladas produzidas anualmente. Entretanto, esta produtividade poderia ser maior. Diversos fatores têm impedido que a produção do país aumente, entre eles, a ocorrência de doenças durante o ciclo da cultura tem papel central. Mais de duzentos patógenos já foram relatados ocorrendo em feijoeiro, embora apenas uma dúzia tenha sido relatada como importante. No Brasil, o crestamento bacteriano, a mancha angular, a ferrugem e a antracnose são as principais doenças da parte aérea da cultura, podendo reduzir a produção em até 70%. Atualmente, as medidas de controle adotadas têm sido relativamente eficientes devido à alta variabilidade dos patógenos no campo e pequeno número de genes de resistência disponíveis e o plantio das mesmas cultivares por ciclos sucessivos. Assim o controle biológico tem papel fundamental, quando inserido numa estratégia de manejo integrado de doenças. Dentre os organismos estudados para atuarem no biocontrole de doenças, as bactérias têm sido relatadas como capazes de inibir outros microrganismos por meio de mecanismos de antibiose, parasitismo, competição e indução de resistência. O presente trabalho teve como objetivos selecionar bactérias do filoplano de feijoeiro como agentes de biocontrole de doenças da parte aérea da cultura, baseado em estratégias de seleção conjuntas in vitro e in vivo, determinar que mecanismos de controle poderiam estar envolvidos, se os isolados obtidos estariam atuando como promotores de crescimento ou indutores de resistência e testar a efetividade dos isolados em campo, em diferentes cultivares e em idades diferentes da cultura, contra os patógenos desafiantes, Colletotrichum lindemuthianum, Erysiphe polygoni, Phaeoisariopsis griseola, Pseudomonas viridiflava, Uromyces appendiculatus e Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli. Dos 500 isolados obtidos, três foram mais promissores, quanto ao controle das doenças em casa de vegetação, reduzindo a severidade das doenças quando comparados ao tratamento com água, sendo dois identificados por sequenciamento do RNA16S como Bacillus cereus (UFV-75 e UFV-172) e o terceiro, por análise de ácidos graxos, como Pseudomonas putida (UFV-108). Nos ensaios de antibiose in vitro, verificou-se que a bactéria Bacillus cereus (UFV-75) foi capaz de inibir, seja a germinação de conídios ou o crescimento micelial de fungos ou o crescimento de bactérias, todos os patógenos testados. Demonstrou-se em ensaio in vitro que B. cereus (UFV-75) foi produtor de sideróforos, compostos voláteis, bacteriocinas e da enzima quitinase. As bactérias B. cereus (UFV-172) e P. putida (UFV-108) também produziram sideróforos, embora o isolado UFV-172 não tenha inibido o crescimento de nenhum dos patógenos in vitro. Nos ensaios de campo, UFV-75, UFV-108 e UFV-172, reduziram a severidade da mancha angular (P. griseola) e da ferrugem (U. appendiculatus). Nos ensaios de promoção de crescimento, o isolado UFV-74 (Pseudomonas putida) foi selecionado, por promover o aumento do tamanho das folhas e das plantas em casa de vegetação e também aumentar a produtividade no campo, quando pulverizado sobre as folhas ou via microbiolização de sementes. Nos testes com produtos comerciais, B. cereus (os dois isolados) e P. putida foram sensíveis apenas aos fungicidas Cupravit Azul Br e Manzat 800. Nos ensaios de amplitude de controle, onde se avaliou a eficiência de B. cereus (UFV-172 e UFV-75) e P. putida, em controlar: a) o crestamento bacteriano em plantas da cultivar Pérola com idades diferentes; b) a antracnose, o oídio, a mancha bacteriana e a mancha angular na cultivar Pérola e; c) em nove cultivares diferentes contra o crestamento bacteriano, todos os três isolados foram eficientes em controlar o crestamento bacteriano comum em plantas com idades até 60 dias após a emergência. Todos os isolados foram capazes de reduzir a severidade da antracnose, do oídio, da mancha bacteriana e da mancha angular, exceto nos ensaios de UFV-75 X oídio e todos os isolados foram eficientes em controlar o crestamento bacteriano, em todas as cultivares testadas, exceto nos ensaios de UFV-75 X ‘Vermelhinho’. Nos ensaios de sistemicidade, onde buscava-se determinar se B. cereus (UFV-172) poderia estar atuando como indutor de resistência sistêmica, o isolado inibiu os patógenos desafiantes X. a. pv. phaseoli e M. incognita, quando aplicado em região separada espacialmente da região que foram aplicados os patógenos, dando indícios de que o isolado pode estar agindo nas plantas de feijoeiro como indutor de resistência. Esse resultado é corroborado pelo ensaio de restrição de multiplicação de X. a. pv. phaseoli, quando o isolado foi aplicado quatro dias antes do patógeno e esse, quando infiltrado em folhas de feijoeiro, teve um desenvolvimento inferior ao de plantas não expostas ao isolado, sugerindo que mecanismos de sinalização que induzem a síntese de compostos que restringem o desenvolvimento dos patógenos são desencadeados nas plantas quando estas são expostas ao isolado e que esse sinal é sistêmico sendo translocado das folhas até as raízes.