“Mais que uma menina que se veste de menino” – Uma análise discursivo-crítica das representações de Tereza Brant

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Souza, Daniela Márcia de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/19577
Resumo: As representações sócio discursivas sobre Tereza Brant configuram-se como um problema social, pois ela se identifica como uma mulher; no entanto se apresenta em um corpo masculinizado: cabelo curto, barba, ombros largos, braços fortes, viril. Nossos objetivos foram compreender como esse corpo “diferente” seria representado e identificado pelas práticas midiáticas digitais, como os/as leitores/as destes textos midiáticos reagiriam discursivamente à temática e às questões de gênero/corpo/sexualidade nela envolvidas. Este estudo apresenta um modelo metodológico qualitativo e interpretativo que tem como principal material empírico textos, é, portanto, uma pesquisa de cunho documental. Esse modelo dialoga com outras teorias e métodos sociais para analisar textos como elementos do processo social, sendo, deste modo, transdisciplinar. Dessa forma, as discussões partiram das contribuições Queer e dos debates sociológicos sobre o corpo e as mídias. Essa investigação se vincula à Análise de Discurso Textualmente Orientada (FAIRCLOUGH, 2001, 2003) como forma de crítica explanatória. O corpus se constitui de nove textos jornalísticos digitais, os quais abordam a performatização do corpo de Tereza Brant, no período entre 2013 e 2014, sem autoria identificada. Estes textos foram resultado de uma pesquisa online, localizada mediante a procura das palavras-chave “Tereza Brant”. A delimitação do recorte temporal se deveu pela busca de práticas midiáticas que contemplassem o momento em que Tereza surgiu nas mídias. Para a análise discursiva textualmente orientada foram aplicadas as categorias dos Significados Identificacional e Representacional (FAIRCLOUGH, 2003). Em todos os textos é notável a tentativa de enquadrar Tereza em algum modelo, para assim ser possível uma normalização desse corpo, sobre o qual o status de celebridade direciona as representações. Há, nos discursos das práticas midiáticas, uma tentativa de enquadrá-la em um padrão de gênero heterossexual. De outra forma, as identidades de Tereza são representadas por ela como um processo, um movimento de transformação contínuo, que não está aplicado essencialmente ao corpo físico. A sua identificação de si está muito menos relacionada ao olhar do/a outro/a e à aparência, mas às questões afetivas. As reações discursivas dizem muito sobre a relação entre a sociedade e as questões de gênero e LGBT como um todo, as amostras analisadas apontaram para uma visão intolerante e preconceituosa, pautada principalmente em discursos conservadores. Acreditamos que cabe às práticas midiáticas relativizar as hegemonias, possibilitar novos olhares para esse corpo marginalizado, tratar desse tema sensível de modo a fomentar o respeito e a inclusão de forma mais solidária.