Consumo alimentar residual e relações com características nutricionais e de qualidade da carne em bovinos Nelores
Ano de defesa: | 2011 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Genética e Melhoramento de Animais Domésticos; Nutrição e Alimentação Animal; Pastagens e Forragicul Doutorado em Zootecnia UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/1772 |
Resumo: | O presente trabalho foi desenvolvido a partir de dois experimentos. Em ambos, bovinos Nelore não castrados foram terminados em confinamento em baias individuais até atingirem 4 mm de espessura de gordura subcutânea (EGS) no músculo Longissimus dorsi (LD), critério definido para abate. A dieta do Experimento 1, referente ao ano de 2009, foi composta por feno de capim braquiária (Brachiaria brizantha), milho, caroço de algodão, farelo de algodão, polpa cítrica, ureia e mistura mineral. A dieta do Experimento 2, referente ao ano de 2010, foi composta por feno de tifton (Cynodon spp.), bagaço de cana, milho, caroço de algodão, farelo de algodão, polpa cítrica, uréia e mistura mineral. A relação volumoso:concentrado utilizado foi 19:81 para ambos os experimentos. O consumo voluntário de cada animal foi calculado pela diferença entre o oferecido e as sobras. Para tanto, as sobras foram pesadas diariamente e amostradas semanalmente em 10% do seu peso, sendo realizados ajustes para que estas se mantivessem entre 5 e 10% do total oferecido. Nos dois experimentos, o CAR de cada animal foi obtido pela diferença entre o consumo de massa seca observado (kg/dia) e o consumo estimado em função de seu desempenho estimado por uma equação de regressão entre o peso corporal médio metabólico e o ganho médio diário (kg/dia) dos animais. A identificação do CAR foi realizada no período pós desmame, sendo assim, os animais quando entraram na terminação já estavam previamente identificados. Em ambos os experimentos, o delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, sendo os dados analisados pelo procedimento MIXED do SAS. As médias foram ajustadas pelo método dos quadrados mínimos e comparadas pelo teste t, a 5% de probabilidade. No Experimento 1, oito animais compuseram a linha base e foram abatidos logo após o período de adaptação para servirem de referência quanto à composição corporal para os demais animais que permaneceram no experimento. Parte dos animais restantes (n=17) recebeu dieta ad libitum para atender as exigências de ganho e parte (n=9) recebeu dieta restrita de 65 g massa seca/kg de peso metabólico para atender as exigências de mantença. Estes animais receberam três tipos de dietas distintas, pois foi feito um estudo paralelo à este no qual objetivou-se estudar as exigências nutricionais em bovinos Nelore identificados para consumo alimentar residual (CAR). No Experimento 2, todos os animais receberam dieta ad libitum. No primeiro capítulo desta tese objetivou-se avaliar o efeito de classes divergentes de CAR sobre as características qualitativas da carcaça de bovinos Nelore. Para tanto foram avaliados os animais dos Experimentos 1 e 2 conjuntamente, totalizando 59 animais previamente identificados para CAR e classificados em alto CAR (> média + 0,5 Desvio Padrão; n=27) e baixo CAR (< média - 0,5 Desvio Padrão; n=32), com peso corporal médio inicial de 369 kg e idade média de 567 dias terminados em baias individuais. O critério de abate foi 4 mm de EGS, entre as 12a e 13a costelas, medida por ultrassom. Após o período de resfriamento, as carcaças foram pesadas, separadas nos quartos primários e desossadas e realizou-se a mensuração do pH, área de olho de lombo (AOL), EGS e espessura de gordura na garupa (EGG) e análises de cor. Em seguida foram coletadas amostras do músculo LD para realização das análises de qualidade de carne. Foram retirados 4 bifes de 2,5 cm de espessura, mantidos em câmara refrigerada à temperatura de 2ºC. A primeira amostra foi congelada no dia da desossa, simulando a carne não maturada; a segunda amostra no dia sete pós-desossa, simulando a maturação de sete dias; a terceira amostra no dia 14 pós-desossa e a quarta amostra no dia 21 pós-desossa, simulando os períodos de maturação comercialmente utilizados. As análises de força de cisalhamento (FC), perdas por cocção (PCOC), perdas por exsudação (PEXS), perdas totais (PTOTAIS) e índice de fragmentação miofibrilar (IFM) foram realizadas nessas amostras. Foram também retiradas amostras para determinação do teor de colágeno solúvel e total, comprimento de sarcômero e perfil de ácidos graxos da gordura da cavidade abdominal e intramuscular. Os dados de perfil de ácidos graxos não entraram na presente tese. Os animais mais eficientes consumiram 0,730 kg/dia de massa seca (MS) a menos em relação aos menos eficientes. Detectaram-se diferenças (P<0,05) para consumo de massa seca expresso em kg/dia, em percentual de peso corporal e em gramas por kg de peso corporal metabólico, sendo os animais de alto CAR os que apresentaram maiores consumos. Animais das classes de alto e baixo CAR apresentaram desempenhos semelhantes (P>0,05), com 0,97 kg e 0,91 kg/dia de ganho de peso, respectivamente. Não foram encontradas diferenças significativas (P>0,05) no peso corporal ao abate (PCA), peso do corpo vazio (PCVZ), pesos da carcaça, tanto quente como resfriada, AOL, EGS e EGG. Em relação ao rendimento de carcaça quente e resfriada e proporções de % traseiro, dianteiro e ponta de agulha, não foram detectadas diferenças significativas (P>0,05) entre as classes de CAR. O pH final medido no LD e no lagarto (M.Semitendinousus) foram semelhantes (P>0,05) entre os grupos de CAR. A FC, o IFM e o teor de colágeno solúvel foram influenciados pelas classes de CAR sendo observado o aumento da FC e colágeno solúvel e redução dos valores de IFM para o baixo CAR em relação ao alto CAR. Contudo, os valores de FC para o dia 14 e 21 dias de maturação foram semelhantes (P>0,05) entre as classes de CAR e verificou-se apenas no dia 0 diferença significativa (P<0,05) para IFM. Apesar das diferenças encontradas nos valores de IFM e FC serem significativas para o dia zero, a análise de comprimento de sarcômero demonstrou semelhança entre as classes de CAR. Os valores de luminosidade L*, a* e b* da carne não diferiram entre as classes de CAR (P>0,05). No segundo capítulo, objetivou-se estudar as relações entre CAR e características nutricionais e metabólitos sanguíneos. Foram utilizados 25 machos não castrados Nelore, previamente classificados para alto CAR (> média + 0,5 DP; n=12) e baixo CAR (< média – 0,5 DP; n=13), provenientes de um mesmo grupo contemporâneo com peso corporal médio inicial de 398 kg e idade média de 573 dias. Os animais mais eficientes consumiram 0,674 kg/dia de MS a menos em relação aos menos eficientes. Não foram detectadas diferenças (P>0,05) para consumo de massa seca expresso em kg/dia, em percentual do peso corporal e em gramas por kg de peso corporal metabólico. Os animais não apresentaram diferenças (P>0,05) em desempenho entre as classes de CAR alto e baixo, com 1,37 e 1,32 kg/dia de ganho de peso, respectivamente. Contudo, foram detectadas diferenças significativas (P<0,05) na excreção e no coeficiente de digestibilidade da fibra em detergente neutro corrigido para cinzas e proteína (FDNcp) entre as classes de CAR, sendo que animais de alto CAR apresentaram maior excreção fecal e menor coeficiente de digestibilidade para FDNcp. Quanto ao comportamento ingestivo não houve diferenças (P>0,05) entre os animais mais e menos eficientes para nenhuma das variáveis analisadas. Quanto aos metabólitos sanguíneos avaliados, verificou-se diferenças (P<0,05) apenas para os níveis séricos de cortisol no final do período de terminação, sendo os animais mais eficientes os que apresentaram menor concentração de cortisol, componente chave para a resposta fisiológica em situações de estresse. Diante dos resultados obtidos torna-se extremamente necessário quantificar as relações existentes entre o CAR e as bases biológicas que o afetam, devido a sua intrínseca relação com as exigências de mantença e composição corporal e da carcaça, sem ocasionar prejuízos às características qualitativas da carcaça. Assim, este trabalho foi desenvolvido objetivando avaliar possíveis diferenças entre classes de consumo alimenta residual (alto e baixo) em características e parâmetros qualitativos da carne (EGS, EGG, AOL, rendimento de traseiro, dianteiro e ponta de agulha, rendimento de cortes nobres, FC, IFM, comprimento de sarcômero bem como colágeno e pH), características nutricionais (consumo de massa seca, ganho de peso, digestibilidade e consumo de nutrientes), metabólitos sanguíneos (IGF-I, insulina, cortisol e ácidos graxos livres) e comportamento ingestivo. |