Seleção espermática em amostras ejaculadas e epididimárias de cães domésticos e efeito da adição de fluido prostático

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Carazo Bustamante, Lina Rosa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/26470
Resumo: Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a eficiência da seleção espermática em amostras de ejaculados e epididimárias de cães domésticos, assim como verificar o efeito da adição de fluido prostático em amostras epididimárias, previamente ao resfriamento. Para tal, foram realizados três experimentos. No experimento 1, objetivou-se testar a eficiência da técnica de seleção espermática swim- up modificado com adição de um coloide comercial (Androcoll-C TM ) (SU-AC), quando realizada em diferentes formatos e grau de inclinação do tubo de migração, na tentativa de aumentar as taxas de recuperação e a qualidade espermática em sêmen canino fresco. Quinze amostras seminais obtidas de três cães foram submetidas aos tratamentos a seguir: T0-Controle: sêmen diluído em diluente comercial; T1: SU-AC em tubo Falcon, em posição vertical; T2: SU-AC em tubo de base arredondada, em posição vertical e T3: SU-AC em tubo de base arredondada, posicionado a 45°; após 3 minutos o T2 e T3 foram avaliados e outra alíquota de meio diluente foi reposta e avaliada 30 minutos depois, constituindo os tratamentos T2a e T3a, respectivamente. Não houve diferenças nas taxas de recuperação espermática, defeitos espermáticos totais, integridade de membrana plasmática e integridade de membrana acrossomal entre os tratamentos (P>0,05); houve uma diminuição dos parâmetros cinéticos, independente do formato do tubo de migração e sua inclinação em relação ao T0 (P<0,05); em posição vertical o formato do tubo não mostrou diferenças nas avaliações seminais (P>0,05); houve diminuição das patologias espermáticas quando usado o tubo de base arredondada inclinado, verificado na avaliação de 30 min após a renovação do meio. Conclui-se que não há melhora dos parâmetros cinéticos avaliados após a técnica de SU-AC; as taxas de recuperação espermática e a integridade celular, não são influenciadas pelo uso de tubos de migração de diferentes formatos e inclinação durante a realização da técnica de SU-AC; o SU-AC permite a obtenção de um número menor de patologias espermáticas, quando realizado em tubo de migração de base arredondada e inclinado com renovação do meio no tubo de migração, com recuperação e avaliação aos 30’. No experimento 2, objetivou-se verificar o efeito da adição de 10 % de fluido prostático (FP) canino, em amostras espermáticas epididimárias (AEEs) prévio ao resfriamento por 24 horas entre 4 - 6 °C, obtidas por meio da técnica de fluxo retrógrado (FR) com uso de meio de manutenção comercial (MM) e soro fisiológico (SF). Foram obtidas AEEs a partir de oito pares de conjuntos testículo-epidídimo, pela técnica de FR com perfusão de MM ou SF com adição de ar. As AEEs foram padronizadas para 50 x 10 6 de espermatozoides / mL em MM (T1); as amostras coletadas com SF, foram subdivididas em três alíquotas, sendo uma ajustada para 50 x 10 6 de espermatozoides / mL em SF (T2); outra alíquota foi ajustada para 50 x 10 6 de espermatozoides / mL com MM acrescido de 10 % de SF (T3); a terceira alíquota foi ajustada para 50 x 10 6 de espermatozoides / mL com MM acrescido de 10 % de FP (T4). Durante 24 horas os tratamentos foram resfriados entre 4 – 6 °C e posteriormente avaliados quanto a motilidade espermática (MOT), vigor espermático (VIG), morfologia espermática, integridade funcional da membrana plasmática e teste de termorresistência (TTR). Não houve efeito (P>0,05) do MM ou do SF, na quantidade e qualidade dos espermatozoides recém coletados, porém, a preservação das amostras em presença de MM durante o resfriamento, influenciou favoravelmente na MOT, VIG e longevidade das amostras (P<0,05). A integridade funcional da membrana plasmática e as patologias espermáticas não mostraram diferenças (P>0,05) após resfriamento. Ao avaliar isoladamente a influência da adição 10 % de FP ao MM, não foram observadas diferenças nos parâmetros avaliados (P>0,05). Conclui-se que a técnica de fluxo retrógrado para recuperação de espermatozoides caninos pode ser realizada mediante perfusão de SF ou MM com adição de ar, sem alterar a qualidade imediata da amostra; para obtenção de características espermáticas desejáveis e duradouras, as amostras armazenadas em MM oferecem melhores resultados após 24 horas de resfriamento; o MM com acréscimo de 10 % de fluido prostático adicionado em AEEs submetidas à refrigeração por 24 horas entre 4 - 6 °C não melhora significativamente os parâmetros qualitativos cinéticos, de integridade de membrana plasmática e do percentual de células normais. Já no experimento 3, objetivou-se avaliar a qualidade de AEEs coletadas por FR, submetidas ao processo de seleção em camada única de coloide (SLC) e à adição de 10 % de FP canino, prévio ao resfriamento por até 72 horas entre 4 – 6 °C. Oito pares de conjuntos testículo- epidídimo foram refrigerados durante 24 horas entre 4 – 6 °C (resfriamento in situ). As AEEs de ambos os epidídimos foram obtidas por FR usando para a perfusão MM e ar, sendo as AEEs associadas posteriormente em uma única amostra. Após avaliações espermáticas, as AEEs de cada animal foram subdivididas e submetidas a dois grupos de centrifugação: G1 – AEEs submetidas à SLC, com o coloide Androcoll-C TM (AC), e G2 – AEEs centrifugada com SF; as amostras obtidas em cada grupo foram ressuspendidas com ou sem FP, para preparação dos tratamentos: T1, AEE centrifugada com AC ressuspendida em MM acrescido de 10 % de FP; T2, AEE centrifugada com AC ressuspendida em MM acrescido de 10 % de SF; T3, AEE centrifugada com SF ressuspendida em MM acrescido de 10 % de FP e T4, AEE centrifugada com SF ressuspendida em MM acrescido de 10 % de SF. Após novas avaliações espermáticas os tratamentos foram refrigerados por até 72 horas entre 4 - 6 °C (resfriamento ex situ). Após 24 horas de resfriamento ex situ e após 48 horas adicionais (ou seja, 72 horas desde a coleta das AEEs), foram realizadas avaliações espermáticas nos diferentes tratamentos. As taxas de recuperação espermática foram de 18 e 38 % (para SLC e centrifugação convencional, respectivamente). Não houve diferenças (P>0,05) entre os parâmetros espermáticos antes e após centrifugações. Após 24 horas de resfriamento ex situ foi observada maior MOT no T4 em relação T2, e maior VIG no T3 em relação ao T2 (P<0,05). Após o TTR o T3 e T4 apresentaram performance superior daqueles submetidos à SLC. Após 72 horas de resfriamento ex situ o VIG no T3 foi superior comparado ao T1 e T2 (P<0,05). Os defeitos maiores, menores e totais foram menores em ao menos um dos tratamentos submetidos a SLC (P<0,05). Diante dos resultados obtidos, conclui-se que a perfusão por FR com adição de ar permite a obtenção de AEEs com características espermáticas aceitáveis; a taxa de recuperação é maior nas AEEs centrifugadas com SF do que a obtida após SLC, porém, a SLC previne o aumento de patologias espermáticas após 72 horas de resfriamento; já o acréscimo de 10 % de FP no MM não tem efeito sobre as AEEs nas condições amostradas; as AEEs resfriadas por 24 horas in situ e por até 72 horas ex situ entre 4 - 6 ° C apresentam parâmetros espermáticos compatíveis para utilização em programas de reprodução, com uso potencial em carnívoros silvestres.