Mudanças climáticas, mortalidade e adaptação no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Souza, Elvanio Costa de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Economia e Gerenciamento do Agronegócio; Economia das Relações Internacionais; Economia dos Recursos
Doutorado em Economia Aplicada
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/142
Resumo: Evidências indicam que as emissões de gases de efeito estufa em decorrência das atividades humanas têm alterado o clima na terra e, como consequência, afetado a saúde humana, a agricultura, a silvicultura, as espécies/ecossistemas, o nível do mar, entre outros. O Brasil pode ser considerado uma área vulnerável aos impactos das mudanças climáticas sobre a saúde, dadas as suas características geográficas, seu perfil climático, sua grande população e seus problemas estruturais e sociais. Diante disso, este estudo teve por objetivo desenvolver uma estimativa parcial do impacto das mudanças climáticas sobre o bem-estar relacionado à saúde no Brasil. Inicialmente, procurou-se avaliar como variações na temperatura afetam a taxa de mortalidade da população e o consumo residencial de energia elétrica (devido ao uso de aparelhos que protegem a saúde), ajustando-se equações para dados em painel. A partir dos coeficientes estimados e de projeções climáticas, buscou-se prever qual será o impacto das mudanças climáticas sobre a mortalidade e o consumo residencial de energia elétrica nos próximos anos. Por fim, calculou-se a disposição a pagar/aceitar da população pelas mudanças climáticas. Os resultados mostraram que a relação mais clara entre temperatura e mortalidade se dá para as mortes relacionadas a problemas do aparelho circulatório. Os maiores impactos da temperatura sobre a taxa de mortalidade ocorrem entre as crianças e os idosos, especialmente do sexo masculino. Entre os idosos, o impacto de temperaturas mais altas sobre a taxa de mortalidade é positivo para as mulheres e negativo para os homens. As estimativas do número anual adicional de mortes nos períodos 2010-2039, 2040-2069 e 2070-2099 indicam que as mudanças climáticas afetarão principalmente as crianças com menos de um ano de idade, especialmente as do sexo masculino. Previu-se também que os meses mais quentes no futuro elevarão a mortalidade das mulheres em magnitudes bem superiores à dos homens. Isso se deve, em grande medida, à redução prevista da mortalidade entre os idosos do sexo masculino. Com exceção dos estados do Sul, que se beneficiarão com a redução do número de meses frios nas próximas décadas, as mudanças climáticas devem levar a um aumento da taxa de mortalidade em todos os outros estados, especialmente no Norte. Já a relação entre temperatura e consumo residencial de energia elétrica no Brasil é positiva e quase linear. Os maiores impactos das mudanças climáticas sobre o consumo de energia ocorrerão nos estados do Sul e Nordeste. Por conta das adaptações às mudanças no clima, o consumo residencial anual per capita de energia elétrica no Brasil deve crescer de 6 a 6,6% entre 2070 e 2099. Encontraram-se, ao calcular a disposição anual a pagar da população brasileira para evitar as mudanças climáticas, valores que variam de US$ 10,70 bilhões a US$ 108,31 bilhões (0,5% e 4,7% do PIB brasileiro em 2010, respectivamente). Dessa forma, os resultados mostraram que os impactos das mudanças climáticas sobre a mortalidade variam de acordo com o sexo, a idade e o local de residência, e que estes provavelmente seriam maiores sem o aumento no consumo de energia elétrica.