As representações da AIDS para a terceira idade, sob uma perspectiva de gênero: significados e repercussões nos domínios da vida do idoso e funcionamento familiar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Silva, Aline Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/8181
Resumo: A contaminação pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é mundialmente prevalente e tem se intensificado nas últimas décadas, principalmente na população acima dos 60 anos, emergindo como um desafio para o Brasil, no sentido do estabelecimento de políticas públicas e estratégias que garantam o alcance das medidas preventivas e a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas. Nesse sentido, as principais questões que essa pesquisa pretendeu responder foram: Qual é a realidade da infecção pelo vírus HIV/AIDS em população idosa no Brasil e, em especial, em Minas Gerais? Quais são as representações dos idosos sobre a AIDS? Quais são os motivos e reações dos idosos frente à aquisição da doença, sob uma perspectiva de gênero? Quais são as repercussões do HIV/AIDS sobre os domínios da vida do idoso (a) e o funcionamento familiar? Diante dessa realidade, o objetivo geral desse trabalho centrou-se em analisar as representações da AIDS para a população idosa, examinando seus significados e repercussões, sob uma perspectiva de gênero. Tratou-se de uma pesquisa de natureza quantitativa e qualitativa, uma vez que ambas as abordagens se complementam, com caráter exploratório-descritivo e do tipo estudo de caso. Para satisfazer os objetivos propostos, a população envolvida compreendeu homens e mulheres idosos (60 anos ou mais) com HIV/AIDS, que realizam o tratamento no Serviço de Assistência Especializada (SAE), em Juiz de Fora/MG. Procurou-se trabalhar com os pacientes idosos que abriram o prontuário no período de 2007 a 2013, e que se consultaram nos últimos 6 meses (anteriores a junho de 2015), sendo então considerados assíduos. Para a coleta de dados, foi utilizada a entrevista semiestruturada. Os dados foram analisados, por meio da análise de conteúdo e através do uso do “Analyse Lexicale par Contexte d’un Ensemble de Segments de Texte” (ALCESTE), sendo posteriormente discutidos a partir da literatura relacionada. Os resultados mostraram que os idosos têm conhecimento sobre a AIDS, mas que, no entanto, acreditam que faltam mais informações direcionadas especialmente para a faixa etária, acima de 60. Assim, alguns ainda se sentem vulneráveis devido à falta de informações, bem como à crença errônea de que somente os jovens poderiam adquirir a doença, o que os leva, muitas vezes, a esconderem o diagnóstico de outras pessoas. Quanto às representações sobre a AIDS, a maioria dos idosos associa a doença com aspectos relacionados ao medo e falta de prevenção, mas também associam à cura e aos exames. Tais representações demonstram a possibilidade da convivência com a doença, apesar de remeter a palavras tristes, também leva os idosos a pensarem nos cuidados que precisam ter tanto com a saúde quanto com a questão da transmissão. No que se refere à categoria gênero, para a análise das representações dos idosos sobre a AIDS, pode-se observar que essa variável atributo se destacou nas classes referentes ao nível de conhecimento sobre as políticas públicas de controle e prevenção e na classe tratamento e mudanças ocorridas. Em relação às repercussões da AIDS nos domínios da vida dos entrevistados, para a maioria dos idosos não ocorreram mudanças significativas em seus domínios da vida. Nas questões relacionadas ao funcionamento familiar, destacou-se a questão de alguns idosos entrevistados manterem sigilo acerca da doença e, devido a isso, não vivenciarem mudanças em seu relacionamento com a família. Contudo, para os idosos que afirmaram terem contado para a família sobre a doença, a maior parte se sentiu acolhida, o que acarretou benefícios na vida dos entrevistados. Vale ressaltar que, para o portador do HIV, enfrentar a doença sozinho gera diversos sentimentos negativos, onde a falta de apoio da família e de amigos traz consequências negativas na adesão ao tratamento, no isolamento do paciente e na dificuldade em que o idoso tem em buscar ajuda. Nesse sentido, pode-se concluir que o aumento da incidência da AIDS na população idosa está ligado muitas vezes à falta de informações, considerando que a forma predominante de contágio é a sexual, bem como à crença errônea de que as pessoas idosas não possuem vida sexual ativa, o que conduz o grupo a não se prevenir. Dessa forma, diante do aumento de casos de HIV/AIDS na terceira idade, cabe aos familiares e aos profissionais de saúde informarem aos idosos que estes também fazem parte do grupo de risco, buscando alternativas, principalmente políticas e programas de prevenção, de forma a contrapor às situações de estigma e discriminação.