Efeitos do ferro em Setaria parviflora (Poir.) Kerguélen e Paspalum urvillei Steudel (Poaceae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Araújo, Talita Oliveira de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Botânica estrutural; Ecologia e Sistemática
Mestrado em Botânica
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/2543
Resumo: Na localidade de Ubu, litoral do Espírito Santo, a restinga vem sendo impactada pela presença de uma usina de pelotização de ferro que prepara o minério para exportação. Uma considerável quantidade de minério de ferro em pó e outros dejetos se depositam em corpos d água utilizados nas unidades de pelotização. É comum encontrar espécies vegetais, dentre elas as gramíneas Setaria parviflora (Poir.) Kerguélen e Paspalum urvillei Steudel se desenvolvendo nesta situação. O presente trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos causados pelo ferro em duas espécies de gramíneas, caracterizando possíveis alterações anatômicas e respostas fisiológicas. Mudas de S. parviflora e P. urvillei foram cultivadas em solução nutritiva de Hoagland, a meia força iônica em pH 5,0, com constante aeração. As plantas foram submetidas, gradativamente, às diferentes concentrações de Fe3+ na solução nutritiva, na forma Fe-EDTA (0,009; 1; 2; 4 e 7 mM). Após a aclimatação, as plantas permaneceram expostas aos tratamentos por 17 dias para as análises do acúmulo de ferro, da composição mineral e das variáveis anatômicas e por 20 dias para as análises dos parâmetros fisiológicos. Foram realizadas avaliações de crescimento, trocas gasosas, fluorescência da clorofila a, permeabilidade de membrana, quantificação de pigmentos, caracterização morfológica, caracterização anatômica (em microscopia de luz, histoquímica para ferro e análise micromorfométrica), quantificação de ferro e outros nutrientes no material vegetal e nas soluções nutritivas. Foram ainda calculados o fator de translocação (FT) e fator de bioconcentração (FBC). Os dados foram submetidos à análise de variância, e as médias, comparadas pelo teste de Tukey, a 5%. O maior teor de Fe presente na placa foi encontrado na concentração 7 mM de Fe- EDTA para ambas as espécies. A concentração dos nutrientes Fe, Mn, Zn, P, K, Ca e Mg na placa de ferro diferiram em relação aos tratamentos. As espécies acumularam mais ferro na raiz do que na parte aérea. As espécies apresentaram comportamento semelhante em relação às doses de ferro nas raízes, porém na parte aérea, P. urvillei acumulou mais ferro na concentração 7 mM de Fe-EDTA do que S. parviflora. O excesso de ferro alterou significativamente o teor de Fe, Cu, K e Mg nas raízes e Fe, Mn, Zn, N, P, K, Ca e Mg na parte aérea. Entre os parâmetros de crescimento avaliados, o peso da matéria seca da parte aérea e da raiz, o número de folhas e o volume das raízes apresentaram aumento significativo em relação ao excesso de ferro. Os sintomas visuais nas folhas apareceram de forma mais discreta em S. parviflora em relação aos observados em P. urvillei. Nas raízes das espécies foram observados, com o aumento da concentração de ferro, coloração amarelada das raízes e aspecto mucilaginoso. P. urvillei e S. parviflora apresentaram alterações anatômicas semelhantes. Foram visualizadas, nas folhas, alterações no formato das células da epiderme, do mesofilo e da bainha do feixe vascular, retração do protoplasto e alterações no formato das células do metaxilema. Nas raízes, foi observado retração do protoplasto, formação de tecido de cicatrização e colapso das células do córtex, alteração no formato das células da endoderme, do protoxilema, do metaxilema, do floema e colapso das células do cilindro vascular. Em relação à histoquímica para o ferro, com 48h de exposição ao reagente, as folhas de S. parviflora exibiram reação mais forte (alta intensidade de coloração azul) do que as folhas de P. urvillei. Foi observada redução significativa entre os tratamentos de Fe-EDTA nos valores de epiderme da face abaxial e da bainha do feixe vascular nas duas espécies estudadas. Houve aumento significativo no teor de clorofila a e carotenóides nas concentrações intermediárias de ferro nas espécies estudadas. P. urvillei apresentou menores valores de A, F0, Fv/Fm e maior extravasamento de eletrólitos na concentração 7 mM de Fe-EDTA em comparação com S. parviflora. Além disso, S. parviflora apresentou maior eficiência na dissipação energética do tipo nãofotoquímica (NPQ). Conclui-se que S. parviflora e P. urvillei são espécies indicadas para utilização em áreas impactadas pelo excesso de ferro como fitoextratoras. P. urvillei acumulou mais ferro na parte aérea mostrando danos visuais e anatômicos mais intensos em relação a S. parviflora. Porém, analisando os danos fisiológicos, S. parviflora mostrou-se ser mais sensível do que P. urvillei quando submetidas ao estresse causado pelo excesso de ferro.