Avaliação da qualidade do ar no Parque Estadual do Itacolomi (PEI- MG) utilizando Spondias dulcis Forst F. (Anacardiaceae) como organismo bioindicador

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Santos, Eliza Louback Coelho dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Botânica estrutural; Ecologia e Sistemática
Mestrado em Botânica
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/2553
Resumo: Dentre os poluentes atmosféricos, o flúor é o de maior fitotoxicidade. Próximo ao Parque Estadual do Itacolomi (PEI) situado no município de Ouro Preto, MG, encontra-se uma fábrica de alumínio, potencial liberadora de flúor na região. Como as massas de ar podem conduzir o flúor liberado pela fábrica para o PEI, é importante verificar a qualidade do ar deste importante parque. Spondias dulcis Forst F. (Anacardiaceae), popularmente conhecida como cajá-mirim, foi indicada como bioindicadora de flúor por ter demonstrado elevada sensibilidade em resposta a este poluente. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito das imissões de flúor de uma fábrica de alumínio em Ouro Preto, em biomonitoramento ativo utilizando S. dulcis como organismo bioindicador. Para tal estudo, indivíduos foram expostos em quatro pontos no PEI (Portaria, Capela, Início da Trilha e Lagoa Seca) e em um ponto na Universidade Federal de Viçosa, como ponto referência (Casa de Vegetação) durante 5 dias. O surgimento de sintomas visuais foi avaliado diariamente ao longo do período de exposição, assim como variáveis ambientais como velocidade do vento, temperatura, umidade relativa e altitude. Foram instalados coletores de água da chuva e filtros coletores de oxidantes nas estantes de exposição durante o período experimental. Ao final das exposições, foram coletados folíolos com e sem sintomas visuais para estudos anatômicos em microscopia de luz, eletrônica de varredura, histoquímica e microanálise de raios-X. Nos folíolos sadios foram avaliadas as atividades das enzimas antioxidativas, a peroxidação de lipídios e quantificação de fenóis totais. Foi realizada, ainda, a quantificação de flúor na matéria seca das folhas. O flúor se mostrou presente em todos os pontos do PEI, mostrando que o vento pode levar este poluente para as áreas adjacentes. O ponto Portaria foi considerado o mais poluído pelas análises da água da chuva, microanálise de raios-X e quantificação de flúor na matéria seca, pois é o ponto mais próximo à usina. No entanto, as plantas do ponto Lagoa Seca foram as que apresentaram maiores sintomas visuais, devido, provavelmente, aos fortes ventos encontrados nesta localidade que provocaram quebra nas folhas, tornando-se porta de entrada para o poluente. O ponto Início da Trilha foi considerado um ponto menos impactado e com poucos sintomas visuais, apresentando concentrações de poluentes semelhantes ao ponto de referência Casa de Vegetação. Foram visualizados dois tipos de ixsintomas nos folíolos: um escurecimento da face adaxial e uma ampla necrose amarronzada. As análises anatômicas mostraram três padrões de danos: necroses superficiais, atingindo apenas o parênquima paliçádico ou o lacunoso, necroses profundas, atingindo todo o mesofilo e necroses pontuais observadas apenas nas nervuras centrais. Em microscopia eletrônica de varredura foram observados perda de turgor e achatamento da parede periclinal externa das células. Nas regiões onde o dano foi mais conspícuo, houve erosão da cera epicuticular com consequente escamação, culminando na ruptura da epiderme e exposição dos tecidos internos. Nos pontos mais poluídos do PEI houve um aumento da atividade enzimática, síntese e acúmulo de compostos fenólicos, com consequente peroxidação de lipídios estruturais devido à grande produção de espécies reativas de oxigênio causadas pelos poluentes. Pelos dados atmosféricos, os poluentes gerados pela fábrica de alumínio estão atingindo o PEI. Spondias dulcis mostrou ser uma importante espécie bioindicadora, pois com poucos dias apresentou sintomas visuais e acúmulo de flúor em seus tecidos foliares. A anatomia foliar e a fisiologia vegetal foram importantes biomarcadores para a detecção de alterações causadas pelos poluentes.