Dinâmica e sucessão de um fragmento de Floresta Atlântica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Peloso, Ricardo Vieira Del
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Manejo Florestal; Meio Ambiente e Conservação da Natureza; Silvicultura; Tecnologia e Utilização de
Mestrado em Ciência Florestal
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/3119
Resumo: O presente trabalho objetivou avaliar a dinâmica do estrato arbóreo e da cobertura florestal de uma Floresta Estacional Semidecidual Montana, domínio Atlântico, em Viçosa, MG. Foram estudadas as mudanças na sucessão natural, na composição florística, nas estruturas fitossociológica e paisagem. A dinâmica do componente arbóreo foi avaliada por meio de inventário florestal contínuo em dois blocos de 1 ha de parcelas contíguas localizadas em diferentes locais na floresta. Já a dinâmica da paisagem foi analisada por meio de índices de ecologia da paisagem, utilizando imagens aéreas dos anos 1963, 1985, 1998 e 2007 em um sistema de informações geográficas. O local 1 tem face de exposição voltada para oeste-sudoeste e declividade chegando a 45º e o local 2 tem face voltada para norte-nordeste e declividade menor que 45º. No local 1, foram feitas 4 medições nos anos 1984, 1998, 2003 e 2011, totalizando período de 27 anos de monitoramento. Já no local 2, foram feitas 3 medições nos anos 1993, 2004 e 2011, totalizando 18 anos de monitoramento. O número total de espécies foi de 90, em 1984, para 85, em 2011, no local 1, enquanto no local 2 o número de espécies se manteve em 131 entre 1993 e 2011, apesar de não serem as mesmas espécies. A densidade total de indivíduos foi de 1453 para 1542 entre 1984 e 2011 no local 1 e de 1291 para 1273 entre 1993 e 2011 no local 2. A predominância de espécies secundárias inicias foi evidente nos dois locais, com 51,1 % em 1984 e 52,4 % em 2011 no local 1 e 43,7 % das espécies em 1993 e 45,0 % em 2011 no local 2. Já a proporção de espécies secundárias tardias no local 1 foi de 32,2 % em 1984 e 31,0 % em 2011 e no local 2 foi de 31,1 % em 1993 e 30,5 % em 2011. O índice de diversidade de Shannon diminuiu no local 1 ao longo do monitoramento, com valor inicial de 3,15 nats.ind-1 em 1984 e final de 2,77 nats.ind-1 em 2011. Por outro lado, o local 2 teve maior estabilidade, com índice de Shannon constante durante todo o período de monitoramento, com valor final de 3,96 nats.ind-1 em 2011, valor próximo à média observada em diversos estudos em tipologia florestal semelhante no domínio Atlântico. As espécies que se destacaram na floresta, segundo o valor de importância, foram: Sorocea bomplandii, Anadenanthera peregrina¸ Casearia ulmifolia, Protium warmingiana, Apuleia leiocarpa, Trichilia pallida, Trichilia lepidota, Piptadenia gonoacantha, Allophylus edulis e Prunus sellowii. A espécie S. bomplandii apresentou valor de importância de 23,5 % em 2011 no local 1, com alta densidade em todo o período monitorado e alto valor positivo de taxa de mudança, chegando a 604 indivíduos em 2011. O volume total de fitomassa no local 1 foi de 250,208 m³ em 1984 para 344,880 em 2011, com incremento periódico anual médio (IPAm) de 5,671 m³.ha-1.ano-1. Já no local 2, o volume foi de 180,653 m³ em 1993 para 333,843 m³ em 2011 e IPAm de 9,124 m³.ha-1.ano-1. A análise da dinâmica da paisagem mostra que o local 1 ainda não fazia parte do núcleo da mata em 1963, enquanto o local 2 sim, indicando que o local 1 encontra-se a menos tempo em regeneração quando comparado ao local 2, o que pode explicar a maior maturidade do local 2 e consequentemente, maior estabilidade em todos os parâmetros estruturais analisados. A cobertura vegetal praticamente duplicou, com valor inicial de 47,13 ha em 1963 e 93,93 ha em 2007. A área nuclear da floresta, importante para a conservação da biodiversidade por estar protegida dos efeitos de borda, aumentou de 27,49 ha em 1963 para 65,51 ha em 2007. Apesar do aumento observado na área do fragmento, a forma teve pouca mudança, com índice de forma de 1,70 em 1963 e 1,77 em 2007. Estes resultados mostram que a restauração de baixo custo, com apenas a regeneração natural atuando, é viável. Em um período de aproximadamente 85 anos, desde o abandono da lavoura de café ali existente até os dias atuas, a floresta alcançou o estágio médio avançado de regeneração, com diversidade de espécies e fitofisionomia semelhante a outras Florestas Estacionais Semideciduais estudadas no Bioma Mata Atlântica.