Determinantes econômicos da sanidade bovina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Valente, Luiza Carneiro Mareti
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Economia e Gerenciamento do Agronegócio; Economia das Relações Internacionais; Economia dos Recursos
Mestrado em Economia Aplicada
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/27
Resumo: A pecuária bovina é um dos mais importantes setores do agronegócio brasileiro. Entretanto, a sanidade dos rebanhos brasileiros peça fundamental para a atividade ainda é uma questão pouco estudada em termos econômicos. Assim, este trabalho buscou identificar os principais determinantes do uso das medidas preventivas e dos gastos com elas. Para isso, o trabalho foi dividido em duas partes. Na primeira utilizaram-se dados do oficiais do Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose Bovinas (PNCEBT), do número de animais vacinados contra a brucelose e de exames de tuberculose. Uma análise preliminar foi realizada buscando identificar padrões espaciais (clusters) de adoção dessas medidas. Em ambas as séries, os resultados indicaram alta variabilidade no uso destas medidas entre os estados. Para os exames de tuberculose, os principais clusters encontrados foram: um de baixo uso, localizado principalmente nos Estados da região Norte para os anos de 2004 a 2006, e um de alto uso nos Estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará no ano de 2006. O primeiro cluster foi atribuido à má estruturação da defesa sanitária animal naqueles estados. O segundo é atribuído às exigências desse exame para a compra de animais financiados pelo Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar (PRONAF). Para o número de animais vacinados contra a brucelose os principais clusters encontrados foram: de alto uso, nos Estados da região Centro-Oeste de 2004 a 2006, e de baixo uso nos Estados do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco, principalmente entre 2004 e 2006. O primeiro foi atribuído à prática de vacinação já estar integrada ao manejo da região além da necessidade de comprovação dessa vacinação nas propriedades que necessitam de emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA) para o envio de animais ao abate. Atribuiu-se o segundo cluster à má estruturação dos serviços de defesa sanitária animal principalmente das regiões Norte e Nordeste. Em seguida, buscou-se identificar os possíveis determinantes para essas medidas. Para isso, utilizou-se um modelo Tobit em painel. Os principais resultados indicam que o início efetivo do PNCEBT, em 2004, estimulou significativamente o aumento das medidas. Também observou-se que a vacinação não é influenciada pelos preços pagos tanto para carne quanto para leite, mas que esses afetavam positivamente o número de exames de tuberculose. A variável de produção de carne por quilometro quadrado também indicou aumento das práticas com o aumento da produção. Variáveis relativas às transferências do governo federal por convênio aos estados e às exportações de carne ou leite não foram significativas. Concluiu-se que o PNCEBT vem apresentando bons resultados embora haja necessidade de reestruturação de sistemas estaduais de sanidade animal principalmente das regiões Norte e Nordeste de modo a viabilizar melhor educação sanitária e reciclagem dos profissionais envolvidos na produção de bovinos. Além disso, devem ser planejados incentivos econômicos aos produtores de modo a estimular o aumento das práticas preventivas estudadas. Na segunda parte foram usados dados de entrevistas realizadas com 861 produtores de leite de Minas Gerais. Pretendeu-se identificar as características dos sistemas produtivos que levam a maiores gastos com prevenção das doenças animais. Além disso, pretendeu-se verificar a existência de relação entre gastos com prevenção e tratamento. Para isso, a metodologia utilizada foi a de Minimos Quadrados em Três Estágios que permite a considerar a endogeneidade esperada entre os gastos estudados. Os resultados encontrados indicaram que os gastos com tratamento aumentam com o aumento do percentual de vacas em lactação, da produção por área e do gasto com mão-de-obra. Os gastos com prevenção aumentam com a produção por área, o gasto com mão-de-obra e com minerais, com a maior idade do produtor, usada como proxy para experiência, e com o uso de mão-de-obra familiar. Adicionalmente, propriedades que receberam mais de seis visitas por ano de um técnico têm maiores gastos com tratamento, mas menores gastos com prevenção. A relação encontrada entre os gasto foi contrária ao esperado, mostrando que quando os gastos com prevenção aumentam, os com tratamento também aumentam. Assim, concluiu-se que os produtores tem uma atitude reativa e não próativa com relação à sanidade bovina. Ainda, são os produtores menos intensivos que, em média, gastam menos com sanidade. Finalmente, foi sugerido que medidas de educação sanitária tanto para produtores quanto para técnicos são as que podem trazer maiores benefícios para a sociedade.