Vigilância epidemiológica e vigilância da qualidade da água para consumo humano. Desafios para o município: estudo de caso em Barbacena-MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Carmo, Rose Ferraz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Biotecnologia, diagnóstico e controle de doenças; Epidemiologia e controle de qualidade de prod. de
Mestrado em Medicina Veterinária
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/5024
Resumo: A relação entre qualidade da água e a ocorrência de agravos já é bastante conhecida. Nesse sentido, a distribuição de água segura para consumo humano, isto é, que atenda ao padrão de potabilidade estabelecido pela legislação e que não ofereça risco à saúde, é fundamental para a manutenção da saúde da população. Na atuação da vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para Consumo Humano, preconiza-se, com respaldo legal na Portaria MS no 518/2004, o desenvolvimento de estudos de avaliação de risco que integrem as informações levantadas pela própria Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano, pela vigilância epidemiológica e as fornecidas pelos responsáveis pelo controle da qualidade da água. O presente estudo objetivou demonstrar o potencial de desenvolvimento, no âmbito do município, das atribuições da Vigilância Ambiental em Saúde relacionada à Qualidade da Água para Consumo Humano, procurando, a partir da perspectiva de avaliação de risco, identificar perigos relacionados ao abastecimento de água e demonstrar a existência de associação entre os perigos identificados e a ocorrência de doenças diarréicas na população. Foram utilizados dados secundários relativos ao período de março de 2002 a março de 2004, disponibilizados pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (DEMAE), referentes ao monitoramento da qualidade da água tratada e distribuída por cinco diferentes sistemas de abastecimento e dados disponibilizados pelo Departamento Municipal de Saúde Pública (DEMASP), referentes às condições de saneamento e ocorrência de diarréia em crianças menores de dois anos cadastradas no Programa Saúde da Família (PSF). Os dados epidemiológicos trabalhados se referiram a seis regiões sanitárias de atuação do PSF no distrito sede de Barabacena (Carmo, Funcionários, Grogotó, Santa Cecília, Santa Efigênia e Vilela) e a três distritos pertencentes ao município (Correia de Almeida, Padre Brito e Senhora das Dores). Os sistemas de abastecimento estudados foram denominados ETA I e ETA II, responsáveis pelo abastecimento do distrito sede, ETA III, ETA IV e ETA V que abastecem respectivamente os distritos Correia de Almeida, Padre Brito e Senhora das Dores. Os pontos de coleta das amostras utilizadas neste estudo foram os reservatórios de distribuição localizados junto às ETAs e pontos das redes de distribuição. Os dados foram trabalhados a partir de técnicas de epidemiologia descritiva e de testes estatísticos de correlação. Dados referentes ao monitoramento da água foram utilizados para identificação e categorização de perigos associados ao abastecimento de água para cada sistema estudado, tendo como referência o Manual de Procedimentos de Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à Qualidade da Água para Consumo Humano, com modificações. Com relação às condições de saneamento básico, o município de Barbacena apresentou, de maneira geral, boa cobertura, sendo as regiões sanitárias Carmo e Vilela e o distrito Senhora das Dores os que apresentaram os menores percentuais de acesso a esses serviços. Todos os sistemas de abastecimento analisados apresentaram problemas no atendimento ao plano mínimo de amostragem e no atendimento ao padrão de potabilidade preconizado pela legislação. Considerando os perigos identificados, foi proposta uma categorização dos sistemas de abastecimento estudados: apenas a ETA II foi considerada como em situação de perigos menores ou inexistentes, enquanto todos os outros sistemas foram categorizados em situação de alerta máximo, perigos acentuados (ETA I, ETA III, ETA IV, ETA V). Os resultados indicam a necessidade de um monitoramento mais adequado da qualidade da água e de ajustes no controle operacional do tratamento da água. A prevalência de diarréia em crianças menores de dois anos durante o período de estudo alcançou os maiores valores na região Funcionários (7,79%) e no distrito Senhora das Dores (4,12%). Não houve diferença estatisticamente significativa entre a ocorrência de diarréia nas regiões sanitárias e nos distritos (c2 = 3,19; p = 0,074). Não detectamos comportamento sazonal na ocorrência de diarréia em nenhuma das regiões estudadas, o que provavelmente se deve ao curto período de estudo, que pode ter comprometido a análise temporal dos dados. As análises de correlação entre a ocorrência de diarréia entre crianças menores de dois anos e variáveis relacionadas à qualidade da água demonstraram resultados inconstantes, o que não exime a água distribuída da responsabilidade pela transmissão de agravos, haja vista os nítidos problemas de controle da qualidade da água detectados nos sistemas de abastecimento estudados. O esforço empreendido na sistematização dos dados de monitoramento da água distribuída permitiu a construção de um bom histórico sobre o controle da qualidade da água para consumo humano. A proposição e aplicação de uma metodologia de avaliação de sistemas de abastecimento de água considerando a identificação e categorização de perigos associados e incorporando importantes elementos da Avaliação de Risco trouxe subsídios importantes para a atuação da Vigilância junto aos responsáveis pelo abastecimento de água.