Desempenho, composição corporal e exigências nutricionais de bovinos Nelore de diferentes classes sexuais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Paulino, Pedro Veiga Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Genética e Melhoramento de Animais Domésticos; Nutrição e Alimentação Animal; Pastagens e Forragicul
Doutorado em Zootecnia
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Sex
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/1708
Resumo: O presente trabalho foi realizado mediante a condução de dois experimentos que visaram estudar o desempenho, consumo e digestibilidades dos nutrientes, eficiência alimentar, características de carcaça, composição corporal e exigências de energia e proteína de bovinos Nelore de diferentes classes sexuais. O primeiro experimento foi conduzido entre os meses de julho e setembro de 2004, utilizando-se 48 animais, sendo 16 machos inteiros, 16 machos castrados e 16 fêmeas, que foram alimentados individualmente por um período de 77 dias em baias individuais. Os animais apresentavam-se com 21 meses de idade e com peso vivo médio de 276,2; 265,8 e 257,3 kg, respectivamente, para os machos inteiros, os machos castrados e as fêmeas, ao início do experimento. A dieta, composta por silagens de capim-elefante e de milho (70:30) e concentrado, na relação 85:15, na base da matéria seca total, foi fornecida diariamente. Os consumos de matéria seca e dos nutrientes foram calculados semanalmente a partir da análise laboratorial dos alimentos fornecidos e das sobras. Um ensaio de digestibilidade foi realizado na 9a semana, quando também foram coletadas amostras de urina para estimação da produção de proteína microbiana, bem como de sua eficiência de síntese. Medidas ultrasonográficas foram realizadas nos animais ao final do experimento, utilizando-se ultrasom modelo Aloka 500-V, dotado de transdutor linear de 17,2 cm e 3,5 MHZ de frequência. O consumo residual foi calculado pela diferença entre o consumo observado e o estimado por uma equação de regressão entre o consumo, o ganho de peso e o peso vivo médio metabólico dos animais. Os machos inteiros foram os mais pesados, apresentando GMD superior e carcaça mais magra, porém com musculosidade mais pronunciada (P<0,05). As fêmeas foram inferiores quanto as características de desempenho, apresentando, porém, maior EGS na carcaça (P<0,05), ficando os machos castrados em posição intermediária. Os consumos de MS e dos demais nutrientes, quando expressos em função do peso, e as digestibilidades, com exceção do EE, não foram (P>0,05) significativamente afetados pela classe sexual. Quando avaliados quanto ao grupo de consumo residual, os animais com alto CR apresentaram o mesmo peso corporal, a mesma taxa de ganho de peso e não tiveram suas características de carcaça afetadas (P>0,05), apesar de terem consumido 11,5% mais MS (P<0,05). Os consumos dos nutrientes foram superiores nos animais com alto CR (P<0,05), porém os coeficientes de digestibilidade não diferiram daqueles dos animais com baixo CR (P>0,05). A produção de proteína microbiana, bem como sua eficiência de síntese não foi afetada nem pela classe sexual, nem pelo grupo de CR (P>0,05), o mesmo ocorrendo para a concentração plasmática de uréia. As excrecões de uréia na urina foram afetadas somente pela classe sexual, em que as fêmeas apresentaram valores superiores aos machos (P<0,05). Classe sexual afeta o desempenho e as características de carcaça de bovinos Nelore, ao passo que o consumo residual não incorre em impactos negativos na qualidade da carcaça. No segundo experimento, utilizaram-se 35 animais, sendo 12 machos inteiros, 11 machos castrados e 12 fêmeas, provenientes de um mesmo grupo contemporâneo. Os animais foram alimentados individualmente durante 112 dias, sendo abatidos ao final do experimento, com um grupo referência abatido ao início. Os animais foram aleatoriamente distribuídos a seis tratamentos em esquema fatorial 3 x 2, sendo três classes sexuais e 2 níveis de oferta de concentrado (oferta de concentrado de 0,6 e 1,2% do PV). Mensuraram-se os consumos, digestibilidades, características da carcaça, composição corporal e exigências de energia e proteína. Os machos inteiros foram mais eficientes, apresentaram maior peso final, de corpo vazio e de carcaça, como resultado da maior taxa de crescimento em relação às fêmeas (P<0,05), ficando os machos castrados em posição intermediária. Os consumos relativos de MS e de todos os demais nutrientes foram superiores nas fêmeas (P<0,05) em relação ao dos machos inteiros, com os castrados apresentando valores intermediários. As digestibilidades, com exceção da digestibilidade do extrato etéreo (DEE), não foram afetadas (P>0,05) pela classe sexual. As digestibilidades da MS e da MO foram superiores (P<0,05) para a dieta em que o nível de oferta de concentrado foi de 1,2% do PV, sendo que para os demais nutrientes não houve efeito do nível de oferta de concentrado (P>0,05). As carcaças dos machos inteiros foram mais pesadas e magras (P<0,05) que as carcaças das fêmeas, com os machos castrados ficando em posição intermediária. As fêmeas apresentaram carcaças com maior teor de gordura, devido ao depósito subcutâneo ter sido mais pronunciado em relação aos machos (P<0,05). Além disso, a participação da gordura visceral e subcutânea nas fêmeas, em relação ao peso de corpo vazio total, foi superior (P<0,05), apesar das taxas de deposição dos diferentes depósitos de gordura não terem sido influenciados (P>0,05) pela classe sexual. O nível de oferta de concentrado praticamente não afetou em nada as características de carcaça, a composição corporal e da carcaça dos animais (P>0,05). Os teores de proteína e extrato etéreo no peso de corpo vazio dos machos inteiros foram, respectivamente, superior e inferior, em comparação com as fêmeas, com os machos castrados obtendo valores intermediários. A composição do ganho de carcaça e de peso de corpo vazio foi diferente entre as classes sexuais, uma vez que as taxas de acréscimo de músculo na carcaça e de proteína no peso de corpo vazio apresentaram comportamento distinto, com os machos inteiros apresentando deposições mais pronunciadas (P<0,05) que as fêmeas e os machos castrados. O ganho de peso de corpo vazio dos machos inteiros foi composto por mais proteína e menos extrato etéreo que os das fêmeas e dos machos castrados (P<0,05). Os rendimentos dos cortes comerciais da carcaça não foram influenciados pelo nível de oferta de concentrado (P>0,05), mas sim pela classe sexual (P<0,05). Fêmeas e machos castrados apresentaram maior rendimento de traseiro especial (P<0,05), uma vez que o dianteiro dos machos inteiros foi mais avantajado. As exigências de energia líquida para mantença não foram diferentes entre as três classes sexuais, apresentando valor de 75,92 Mcal/kg PCVZ0,75, enquanto que as exigências de energia metabolizável foram de 108,81 Mcal/kg PCVZ0,75. As exigências de energia líquida para ganho de peso aumentaram com o aumento do peso vivo dos animais, sendo superiores para os machos castrados e as fêmeas em relação aos machos inteiros. Para animais com peso de 400 kg, as exigências líquidas de energia para ganho de peso de corpo vazio foram de 4,16; 5,34 e 5,02 Mcal, respectivamente, para os machos inteiros, os machos castrados e as fêmeas. As equações obtidas para estimativa da energia retida foram: ER = 0,0515 PCVZ0,75 * GPCVZ0,9384 (machos inteiros); ER = 0,0696 PCVZ0,75 * GPCVZ0,9250 (machos castrados) e ER = 0,0731 PCVZ0,75 * GPCVZ1,0175 (fêmeas). A eficiência de uso da energia metabolizável para mantença obtida foi de 70%, enquanto que as eficiências de uso para ganho de peso variaram de 45 a 49%. As eficiências parciais de uso da energia metabolizável para síntese de proteína e gordura foram de 27,2 e 79,1%, respectivamente. As exigências líquidas de proteína para ganho diminuíram com o aumento do peso (PV) dos animais, sendo maiores para os machos inteiros, intermediárias para os machos castrados e inferiores para as fêmeas, podendo ser estimadas pelas equações: PR = 14,78 + 175,86 GPVJ 2,95 ER (machos inteiros), PR = 25,62 + 139,81 GPVJ 7,43 ER (machos castrados); PR = 18,13 + 177,27 GPVJ 16,57 ER (fêmeas).