Biomarcadores metabólicos e consumo alimentar de pacientes submetidos a cirurgia bariátrica do tipo Bypass gástrico em Y de Roux

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Pinto, Sônia Lopes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/27796
Resumo: Objetivo: Investigar a influência do Bypass Gástrico em Y de Roux (RYGB) no consumo alimentar e nos biomarcadores metabólicos em pacientes adultos após 3 e 12 meses de cirurgia. Métodos: Trata-se de um estudo de coorte prospectivo, no qual foram acompanhados por 12 meses, 58 pacientes submetidos a cirurgia RYGB, de fevereiro de 2017 a setembro de 2018, na cidade de Palmas, Tocantins. Todos os dados foram coletados em três momentos: pré-operatório, após 3 e 12 meses de cirurgia. Foram coletadas informações acerca do consumo alimentar, por meio da aplicação de três recordatórios de 24 horas, e a partir desses, foi avaliada a qualidade da alimentação pela classificação NOVA, assim como consumo calórico, macro e micronutrientes com auxílio do software Brasil Nutri®. O índice inflamatório da dieta (IID®) e a capacidade antioxidante da dieta (CATd) também foram determinados. Foram coletados dados bioquímicos, antropométricos, e de composição. Foram determinados HOMA-IR e TyG para resistência insulínica e o índice FLI (Fatty Liver Index) para esteatose hepática. A ocorrência de síndrome metabólica (SM) foi avaliada conforme a International Diabetes Federation. O estresse oxidativo foi avaliado por meio dos marcadores: óxido nítrico (ON), malondialdeído (MDA), proteína carbonilada, capacidade antioxidante total (FRAP), superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT). Foi investigada a deficiência nutricional das vitaminas B12 e D, assim como de ácido fólico, ferro e cálcio. Resultados: A idade média dos pacientes no pré-operatório foi de 39,3± 9,38 anos, 72,4% eram mulheres, 62% apresentavam obesidade grau III e 48,3% SM. Após 3 meses de cirurgia, os pacientes tiveram 47% de perda de excesso de peso (PEP), e, após 12 meses, 83%. O consumo de alimentos ultraprocessados contribuiu para 27,2%, 19,7% e 18,5% do valor calórico total, no pré-operatório, 3 e 12 meses, respectivamente. Já os alimentos in natura ou minimamente processados apresentaram aumento na contribuição calórica após cirurgia, passando de 55,7% para 70,2% (3 meses) e 63,7% (12 meses). A CATd apresentou associação inversa com o consumo de alimentos ultraprocessados aos 3 meses de cirurgia. A média do IID no pré-operatório foi de 0,39±1,49, com característica mais pró-inflamatória, mas houve redução significativa após 3 meses de cirurgia (-1,52±1,27), sendo mais anti-inflamatório, e posterior aumento aos 12 meses (-0,88±1,49). Na análise de regressão linear ajustada, o IID no pré-operatório foi inversamente associado às variações no perímetro do pescoço, razão cintura-quadril, colesterol total e LDL após 12 meses de cirurgia. A Regressão de Cox foi feita para avaliar os fatores preditores da reversão da obesidade em até 12 meses após RYGB. O IMC pré-operatório (HR: 0.78; IC95%: 0.69-0.88) e a idade (HR: 0.94; IC95%:0.89-0.99) apresentaram associação inversa, e o Δ proteína (valor com 3 meses – valor no baseline) associação positiva (HR:1.06; IC95%:1.01-1.12) com a remissão da obesidade. Houve mudanças significativas em todas as variáveis antropométricas estudadas, perfil lipídico, glicêmico, insulina, resistência à insulina e SM, após 3 e 12 meses de cirurgia. Em relação ao estresse oxidativo, observamos redução em todos os tempos somente para o óxido nítrico. Aos 3 e 12 meses em relação ao baseline, houve redução do MDA e SOD. O FRAP apresentou redução somente com 3 meses de cirurgia. Observamos também correlação positiva do óxido nítrico com TG, % PEP, CT/HDL e TyG. A prevalência de hipovitaminose D foi baixa tanto no pré-operatório, quanto após cirurgia, fato esse que pode estar relacionado com a baixa latitude da cidade de Palmas (10° 10 8 S). Já a deficiência de vitamina B12 aumentou após 3 e 12 meses de RYGB. O aumento da vitamina D após 12 meses prediz a perda de peso e de gordura corporal. Conclusões: O RYGB foi capaz de provocar mudanças significativas no consumo alimentar após 3 e 12 meses. Os pacientes com pior perfil alimentar foram os mais beneficiados com a cirurgia bariátrica. Além disso, menor IMC pré-operatório, menor idade e maior consumo de proteínas após 3 meses de cirurgia em relação ao baseline podem favorecer a remissão da obesidade em até 12 meses. Houve redução no estresse oxidativo, e correlação da mudança do ON com a perda de peso e fatores de risco cardiometabólicos. O RYGB melhorou o estado nutricional da vitamina D, porém piorou de vitamina B12. A localização geográfica de Palmas colabora com a baixa prevalência de hipovitaminose D. A cirurgia bariátrica foi capaz de promover alterações significativas nos pacientes, em diversos aspectos, o que, por sua vez, interfere em sua evolução a longo prazo. Palavras-chave: Obesidade. Cirurgia bariátrica. RYGB. Consumo alimentar. Fatores de risco cardiometabólico. Estresse oxidativo. Deficiências nutricionais.