Juventude e modernidade em Casa Nova: reflexões a propósito de um projeto de barragem em Minas Gerais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Medeiros, José César
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/9869
Resumo: Os conceitos de “campo de possibilidades” numa análise local (micro), e de “reflexividade da modernidade”, numa análise ampla (macro), fizeram parte das deste trabalho. Analisaram-se as opções dos jovens para a construção de seus projetos de vida e identificaram-se aspectos próprios da ‘cultura de origem’ e aspectos próprios da ‘' presentes num quadro sócio-histórico. Estes dados auxiliaram a compreensão de como ocorre a formulação e implementação dos projetos dos jovens. Com base no conceito “campo de possibilidades”, buscou-se delinear os campos de atração e de expulsão rural e urbana, construídos no processo histórico a partir de alternativas dadas. A viabilidade das opções, como diz Velho, “depende do jogo e interações com outros projetos individuais e coletivos”. No coletivo, conclui-se pelas argumentações, em que os jovens manifestaram-se contrários à construção da barragem. A luta contra a barragem e a favor de direitos, trouxe novas perspectivas para os projetos individuais dos jovens. As expectativas comportam ambigüidades; a possibilidade do projeto de barragem reforça para alguns o argumento de ter que sair, devido às condições sociais locais e, ao mesmo tempo, reafirma a importância do sentimento de pertencimento à ‘cultura de origem’. As possibilidades de concretização dos projetos de vida dos jovens tendem a estar condicionadas, em boa parte, pelas condições socioeconômicas da família. Categorias analíticas como “pequenos proprietários”, “proprietários” e “não-proprietários” caracterizaram as condições sócio- econômicas e permitiram inferir a busca de autonomia financeira como fator importante nos projetos dos jovens. A opção de deixar o meio rural é independente do projeto de barragem e está motivado principalmente pela “ilusão” de “vida fácil e conforto” no meio urbano. Entre os projetos individuais dos jovens e suas estratégias, identifica-se a oportunidade de estudar, de conseguir um bom emprego e de casar. Destacam-se diferenças nas opções dos pais para seus filhos. Para “proprietários”, há possibilidade de que seus filhos deixem o meio rural e estudem até adquirir uma “boa profissão”. Para “pequenos proprietários”, os filhos devem deixar o meio rural, trabalhar e, depois, retornarem com algum recurso, a fim de adquirir seu próprio “pedaço de chão”. Para os “não- proprietários”, o projeto para os filhos é mesmo deixar este meio, a fim de trabalhar e garantir seu próprio sustento. A presença da assessoria e a organização local da comunidade foram fundamentais para a afirmação dos valores locais, da ‘cultura de origem’. As tradições foram colocadas em conflito com os símbolos de modernidade e, por isso, não permaneceram como estavam. Ao adquirirem a consciência do risco, os jovens e suas famílias passaram a ter confiança de que era possível, neste novo cenário, interferir na realidade. A comunidade passou a revalorizar ainda mais suas tradições, seus valores, seu jeito de viver. A experiência vivida, especialmente pela juventude, foi a demonstração de que se vivem as mudanças de um mundo complexo e sofisticado em relação ao passado. Está ocorrendo a interseção entre a modernidade e a transformação da vida cotidiana.