Morfologia do tegumento de anfíbios anuros da Mata Atlântica e sua aplicação em estudos comportamentais
Ano de defesa: | 2014 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Análises quantitativas e moleculares do Genoma; Biologia das células e dos tecidos Mestrado em Biologia Celular e Estrutural UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/2372 |
Resumo: | O tegumento dos anuros desempenha funções fisiológicas importantes, como osmorregulação, termorregulação, trocas gasosas e proteção, mecânica e química. Ele pode apresentar projeções macroscópicas, como verrugas, tubérculos e espinhos e estrias. Histologicamente, o tegumento desses animais é formado pela epiderme, composta pelas camadas córnea, espinhosa e basal, e derme subdividida em derme esponjosa e derme compacta. Entre as dermes é possível observar uma camada calcificada, denominada Eberth-Katschenko (E-K). São escassos os trabalhos descrevendo a morfologia tegumentar em espécies de anuros da Mata Atlântica, principalmente da família Hylidae. Portanto, o objetivo deste trabalho foi analisar a morfologia e histoquímica do tegumento de Phyllomedusa burmeisteri e Hypsiboas semilineatus, comparando-as quanto ao habitat e comportamento, e avaliar o tegumento das espécies Dendropsophus elegans e D. minutus evidenciando possíveis características espécie-específicas. Quatro indivíduos de cada espécie foram coletados na Mata da Biologia, em Viçosa - MG, sob a licença número 10504-1 (IBAMA) e CEUA (protocolo 067/2012). Amostras das regiões da cabeça e troncos, dorsal e ventral, foram fixadas em solução de Karnovsky, incluídas em parafina e resina, para avaliação em microscopia de luz sob aspectos histológicos, morfométricos e histoquímicos. Secções histológicas foram coradas com hematoxilina-eosina (HE), azul de toluidina (AT), periodic acid schiff (PAS), mercúrio de bromofenol (MB), alcian blue (AB) pH 2,5, picrosirius red (PS) e oil red O (ORO). Outros fragmentos foram fixados em glutaraldeído 2,5% em tampão cacodilato de sódio 0,1M, para análise e caracterização do tegumento em microscopia eletrônica de transmissão, varredura e EDS. Animais da coleção herpetológica do Museu de Zoologia João Moojen foram fotografados e avaliados em estereomicroscópio. Os resultados obtidos nas quatro espécies analisadas mostraram a presença de projeções superficiais nas regiões da cabeça e tronco dorsal de cada espécie, variando desde verrugas à pequenas elevações, e na região ventral, que apresentou grandes verrugas separadas por estrias. A camada E-K não foi observada em P.burmeisteri e H. semilineatus, mas sim em D.elegans e D. minutus, localizada em toda porção dorsal e composta principalmente por cálcio e fósforo. A variação entre a derme esponjosa das regiões e espécies se deveu à organização e presença das unidades cromatóforas, que se mostraram completas na cabeça e tronco dorsal, com iridóforos e melanóforos, em todas as espécies e xantóforos ausentes apenas em H. semilineatus. Além disso, em todas as espécies, a região ventral não apresentou essas unidades, pois as células cromatóforas estão dispostas aleatoriamente. Já a derme compacta apresentou fibras colágenas do tipo I e III dispostas em várias direções. Vários tipos glandulares foram observados entre as espécies, permitindo diferenciá-las taxonomicamente, além de validar dados comportamentais. Todas as espécies apresentaram glândulas seromucosas (PAS+, AB+ e MB+) e granulares A (MB+), enquanto que apenas a P.burmeisteri apresentou glândulas lipídicas (ORO+) e granulares B (PAS+ e MB+). Exemplares das espécies D.elegans apresentaram glândulas granulares B (AB+). Os resultados histoquímicos mostraram que há grande produção de polissacarídeos e proteínas que umidificam e protegem o tegumento. Já as glândulas lipídicas impermeabilizam o tegumento de P. burmeisteri, sendo mais eficiente contra a dessecação. Apesar da marcação histoquímica entre as glândulas granulares B ter sido diferente entre duas espécies, nos demais parâmetros histoquímicos analisados, nas três regiões corporais, não se observou diferença entre as espécies, assim como na histologia da epiderme. O parâmetro tipo glandular em D. elegans e D. minutus se mostrou o mais confiável para a diferenciação dessas espécies, quando utilizada a morfologia do tegumento como ferramenta. Portanto, observou-se que tegumento dos anuros nos fornece informações importantes quanto ao comportamento dos animais, o que permite sua ocupação em diferentes habitats, além de apoiar pesquisas relacionadas à taxonomia, já que ocorrem variações morfológicas do tegumento entre espécies. |