Entre margens, águas e rejeitos: o desastre da Samarco e as afetações na territorialidade ilheira na bacia do rio Doce
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
Extensão Rural |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://locus.ufv.br//handle/123456789/31740 https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2023.655 |
Resumo: | Em novembro de 2015 ocorreu um dos maiores desastres socioambientais do mundo, quando houve o rompimento da barragem da Samarco na bacia do rio Doce, derramando toneladas de rejeitos de minério no curso do rio e fazendo diversas vítimas ao longo do percurso. Entre essas vítimas se encontram os ilheiros, lavradores/pescadores que tinham nas águas e ilhas do rio Doce a base material para reprodução social, econômica e cultural. Este trabalho analisa os efeitos socioambientais e territoriais ocasionados para os ilheiros após a chegada dos rejeitos em seus domínios. Têm-se como lócus de pesquisa uma população situada no município de Galiléia, região Leste de Minas Gerais. Os resultados evidenciam ruptura abrupta na rotina, na apropriação material do território, no lazer e na manutenção dos laços sociais e afetivos, acompanhados do processo de desterritorialização. Esses processos se desdobram em efeitos socioeconômicos que geram mudanças sociais importantes, a partir da necessidade de se reestabelecer novas atividades que possibilitem a reprodução da vida no território. Além disso, o conjunto de ações instituídas no âmbito da gestão do desastre ocasionou uma série de constrangimentos, especialmente no que tange o reconhecimento desses sujeitos enquanto sujeitos de direitos, em função da própria condição de “informalidade” territorial. Além disso, o processo de enquadramento dessas pessoas se mostra insuficiente para abarcar a complexidade do modo de vida ilheiro. Por outro lado, após o reconhecimento enquanto “impactados”, esses sujeitos também passaram a conviver com as consequências do deslocamento social e cultural, especialmente com os conflitos e estigma erigidos no âmbito das interações sociais, fatos que aprofundam o sofrimento social dessas vítimas. Conclui-se que o desastre causou efeitos irreversíveis na vida desses sujeitos, em função da impossibilidade de apropriação material do território, bem como pela entrada forçada no processo burocrático instituído para a gestão do desastre, que se mostra pouco transparente e efetivo. Esses efeitos deixam clarividentes os desafios postos para a política de gestão, haja vista as profundas afetações provocadas na vida dessas pessoas que transcendem a dimensão estritamente material passível de objetivação e mensuração econômica. Palavras-chave: Neoextrativismo. Mineração. Território. |