Entre margens, águas e rejeitos: o desastre da Samarco e as afetações na territorialidade ilheira na bacia do rio Doce

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Sousa, Filipe Fernandes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Extensão Rural
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/31740
https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2023.655
Resumo: Em novembro de 2015 ocorreu um dos maiores desastres socioambientais do mundo, quando houve o rompimento da barragem da Samarco na bacia do rio Doce, derramando toneladas de rejeitos de minério no curso do rio e fazendo diversas vítimas ao longo do percurso. Entre essas vítimas se encontram os ilheiros, lavradores/pescadores que tinham nas águas e ilhas do rio Doce a base material para reprodução social, econômica e cultural. Este trabalho analisa os efeitos socioambientais e territoriais ocasionados para os ilheiros após a chegada dos rejeitos em seus domínios. Têm-se como lócus de pesquisa uma população situada no município de Galiléia, região Leste de Minas Gerais. Os resultados evidenciam ruptura abrupta na rotina, na apropriação material do território, no lazer e na manutenção dos laços sociais e afetivos, acompanhados do processo de desterritorialização. Esses processos se desdobram em efeitos socioeconômicos que geram mudanças sociais importantes, a partir da necessidade de se reestabelecer novas atividades que possibilitem a reprodução da vida no território. Além disso, o conjunto de ações instituídas no âmbito da gestão do desastre ocasionou uma série de constrangimentos, especialmente no que tange o reconhecimento desses sujeitos enquanto sujeitos de direitos, em função da própria condição de “informalidade” territorial. Além disso, o processo de enquadramento dessas pessoas se mostra insuficiente para abarcar a complexidade do modo de vida ilheiro. Por outro lado, após o reconhecimento enquanto “impactados”, esses sujeitos também passaram a conviver com as consequências do deslocamento social e cultural, especialmente com os conflitos e estigma erigidos no âmbito das interações sociais, fatos que aprofundam o sofrimento social dessas vítimas. Conclui-se que o desastre causou efeitos irreversíveis na vida desses sujeitos, em função da impossibilidade de apropriação material do território, bem como pela entrada forçada no processo burocrático instituído para a gestão do desastre, que se mostra pouco transparente e efetivo. Esses efeitos deixam clarividentes os desafios postos para a política de gestão, haja vista as profundas afetações provocadas na vida dessas pessoas que transcendem a dimensão estritamente material passível de objetivação e mensuração econômica. Palavras-chave: Neoextrativismo. Mineração. Território.