Evolução das vértebras cervicais em Pelomedusoides: as famílias Araripemydidae e Podocnemididae

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Mariani, Thiago Fiorillo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/28326
Resumo: As vértebras cervicais (VC) de Pelomedusoides foram alvo de poucos estudos anatômicos comparativos e morfométricos, compreendendo poucos caracteres nos estudos filogenéticos. Além disso, a descrição anatômica é rasa e limita-se a características gerais existentes em todas as vértebras do pescoço. Nesse trabalho, as vértebras cervicas foram estudadas no seu contexto evolutivo em Pelomedusoides. Foi realizada (1) a descrição anatômica das vértebras cervicais de Bauruemys elegans, um podocnemidídeo do Cretáceo Superior da Bacia Bauru; (2) a rederscrição das VCs de Araripemys barretoi, um araripemidídeo do Cretáceo Inferior da Bacia do Araripe; (3) a revisão de caracteres vertebrais em estudos filogenéticos anteriores; (4) a reformulação e/ou criação de novos caracteres vertebrais, utilizados em uma análise filogenética com a maior proporção de caracteres vertebrais já realizada; e (5) a exploração do shape vertebral entre 3 linhagens de Pelomedusoides e seu grupo irmão Chelidae. A análise filogenética foi conduzida no TNT, pelo uso da New Technology (Ratchet seguido por Tree Fusing). O estudo morfométrico foi feito a partir de fotos das C4, C6 e C8 nas vistas caudal e lateral esquerda, com oito e 13 marcos anatômicos, respectivamente. A isso seguiu-se uma Análise de Componentes Principais (PCA) e a visualização do shape a partir do Thin-Plate Splines. As VCs de B. elegans possuem a fórmula vertebral de Pelomedusoides e possuem semelhanças anatômicas com as de Erymnochelys, principalmente considerando as superfícies de articulação do côndilo vertebral, a qual projeta-se cranialmente pelas laterais do côndilo. Além disso, os espinhos neurais e epipófises são bastante desenvolvidos como em Peltocephalus e Erymnochelys. As VCs de A. barretoi possuem semelhanças com algumas espécies de Chelidae (p. ex. Hydromedusa tectifera), tais como o centro vertebral alongado e as superfícies de articulação das pós-zigapófises grandes e unidas medialmente, indicando alta rotação entre as VCs. A análise filogenética, com ≈33% de caracteres vertebrais, encontrou 23 árvores mais parcimoniosas (AMPs) com 245 passos. A topologia consenso encontrou Araripemys, Laganemys e Euraxemydidae em uma politomia porém formando um grupo monofilético; e B. elegans mudou do primeiro nó de divergência de Podocnemididae e resolveu como o primeiro nó de Erymnochelydand. Ambos os agrupamentos foram sustentados por sinapomorfias associadas a caracteres vertebrais. O posicionamento de B. elegans reforçou as semelhanças anatômicas com Erymnochelys e Peltocephalus. Já o posicionamento de A. barretoi mostrou que o pescoço longo existente nessa espécie é uma convergência com as espécies de Chelidae que também possuem pescoço longo. Além disso, esses resultados mostram que as vértebras cervicais possuem informações filogenéticas importantes, que são negligenciadas nos estudos filogenéticos do grupo. As análises morfométricas mostraram boa estruturação dos grupos na C4, em vista caudal, e na C8, em vista lateral; nas demais vistas e vértebras a estruturação foi menor, com o grupos se sobrepondo nos PCs. Araripemys barretoi estruturou junto com espécies de Chelidae com pescoço longo nos escores da C4, possivelmente devido à hábitos de captura de presa semelhantes aos encontrados nessas espécies recentes, em que se alimentam de presas velozes e precisam projetar rapidamente o pescoço para capturar o alimento. Podocnemididae e B. elegans estruturaram no oposto, evidenciando o pescoço curto, o qual é justificado por uma alimentação mais herbívora e/ou indivíduos mais lentos. Por essa razão, essa família não tem o hábito de captura de alimento encontrado em Chelidae de pescoço longo. A C8 mostrou uma estruturação filogenética bem clara, ressaltando a importância dessa vértebra para estudos filogenéticos. Soma-se a isso o fato de ser o ponto de articulação entre o pescoço e o tronco, ponto importante para o modo de retração do pescoço para debaixo da carapaça. Logo, essa VC tem um papel fundamental para a evolução de Pelomedusoides influenciando no comportamento de defesa das espécies do grupo.