Efeitos do aumento da ingestão de cálcio no controle da obesidade em mulheres com excesso de peso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Cândido, Flávia Galvão
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/26994
Resumo: O aumento do consumo de cálcio tem sido descrito como possível estratégia nutricional a ser utilizada para o controle da obesidade e de co-morbidades. A fonte de cálcio, láctea ou medicamentosa, utilizada parece influenciar os resultados obtidos. Contudo, a escassez de ensaios clínicos bem delineados é apontada como entrave para a adoção dessa estratégia em políticas públicas. Na presente dissertação são apresentados 3 capítulos. O primeiro capítulo contém um artigo de revisão e os outros dois se referem a estudos clínicos de intervenção conduzidos durante o período de mestrado. Assim, os objetivos do presente trabalho foram analisar criticamente a literatura científica sobre os efeitos do consumo de laticínios na prevenção e tratamento do diabetes tipo 2 – DM2 (capítulo 1), avaliar os efeitos do aumento no consumo de cálcio de duas fontes (láctea e medicamentosa) na antropometria, na composição corporal e nos parâmetros bioquímicos (capítulo 2), no metabolismo energético e na ingestão alimentar (capítulo 3) em mulheres com faixa etária de 18 a 42 anos. A avaliação do efeito dos laticínios no DM2 foi feita pela análise crítica dos estudos publicados nos últimos 12 anos indexados nos bancos de dados MEDLINE, PubMEd, Science Direct, Scientific Electronic Library Online (SCIELO), e Latin American and Caribbean Health Sciences Literature – LILACS, que exploraram a importância dos laticínios ou de seus componentes (cálcio, vitamina D, proteína e magnésio) no DM2. Além disso, estudos clássicos referentes ao tema, que foram publicados nessa mesma base de dados, foram selecionados. Os efeitos do aumento do consumo de cálcio no controle da obesidade foram avaliados por meio de um ensaio clínico randomizado, do tipo simples-cego, controlado por placebo. O referido estudo foi conduzido com 33 mulheres, com excesso de peso e baixa ingestão habitual de cálcio (<800mg/dia), as quais foram submetidas a restrição calórica (-500 kcal/dia), por 45 dias consecutivos. As participantes receberam planos alimentares (800 mg de cálcio/dia) e ingeriram em laboratório desjejuns sem adição de fontes de cálcio (grupo controle - C) ou contendo 700 mg de cálcio (grupos citrato de cálcio – CIT e laticínios - LAT). Desta maneira, enquanto as participantes do grupo C ingeriram 800mg de cálcio/dia, as dos grupos CIT e LAT ingeriram 1500mg de cálcio diariamente. As variáveis antropométricas, bioquímicas e de composição corporal foram avaliadas ao início e ao final da intervenção. O metabolismo energético foi mensurado após 12 horas de jejum e durante 250 minutos (~4 horas) após o consumo do desjejum por meio de calorimetria indireta, no primeiro e no último dia da suplementação. A ingestão alimentar foi monitorada na primeira, terceira e última semanas por meio do preenchimento de registros alimentares de 24h. O efeito do tempo (teste t pareado ou Wilcoxon), as diferenças entre os tratamentos (ANOVA de um fator ou Kruskal-Wallis seguidos por Tukey ou Dunn), e a interação tempo vs. tratamento (ANOVA-RM de dois fatores) foram verificados com o uso do software do SAS (Institute, versão 9.0; Cary, NC, USA, α = 0,05). A an álise dos estudos sobre a influência dos laticínios no DM2 demonstrou que na maioria dos estudos de intervenção verificou-se efeito benéfico do consumo de laticínios ou de seus componentes nos riscos de DM2 ou na resistência insulínica. O consumo de pelo menos 3 porções diárias de laticínios com baixo teor de gorduras mostrou-se apropriado para a redução dos riscos de desenvolvimento de DM2 e está em conformidade com a recomendação atual de ingestão diária de cálcio. Os resultados da intervenção nutricional indicaram aumento significativo na perda de peso de 119% e 100% no grupo LAT em relação a C e a CIT, respectivamente. O LAT foi o único que apresentou redução significativa do peso de gordura corporal (total, do tronco e andróide) e da circunferência da cintura. Essa redução do peso foi acompanhada de diminuição significativa da taxa de oxidação de proteínas de jejum no grupo LAT (Média ± EP: redução de 5,22 ± 2,71 para LAT; aumento de 4,56 ± 3,54 para C e 3,57 ± 2,10 para CIT). Apesar de não ter diferido significativamente dos demais grupos (P = 0,1788), o grupo LAT foi o único que apresentou aumento da taxa de oxidação de lipídeos em jejum. Houve redução significativa dos níveis séricos de ácido úrico em LAT e de cálcio iônico em LAT e CIT quando comparados a C. O grupo LAT apresentou maior ingestão de fósforo em relação aos demais mas a ingestão de macronutrientes e de fibras não diferiu. Conclui-se que o consumo de pelo menos 3 porções de laticínios ao dia pode ser uma estratégia nutricional importante para redução dos riscos de DM2. O aumento do consumo de laticínios, mas não do citrato de cálcio, aumentou a perda de peso e de gordura corporal, diminuiu a taxa de oxidação de proteínas durante o jejum e reduziu os níveis séricos de ácido úrico nas participantes deste estudo. Assim, o aumento do consumo de laticínios pode contribuir para o sucesso de intervenções baseadas na ingestão de dietas hipocalóricas.