História natural de Penelope obscura bronzina (Hellmayr, 1914) (Galliformes: Cracidae) no Campus da Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Rocha, Luís Eduardo Coura
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/9530
Resumo: O objetivo geral desse estudo foi o de contribuir para um melhor conhecimento dos jacuguaçus (Penelope obscura bronzina), assim como da situação em que ela se encontra na área, um fragmento de 75 ha de Floresta Estacional Semidecidual (conhecido como Mata da Biologia) inserido no Campus da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Este foi percorrido de forma aleatória em toda a sua extensão pela manhã e à tarde, entre os meses de julho de 2004 e maio de 2005, sendo os aspectos comportamentais dos jacuguaçus registrados em fichas de campo. Indivíduos solitários até grandes agregações de cerca de 60 jacuguaçus foram registrados. A estação reprodutiva compreendeu os meses de setembro a dezembro de 2004 (coincidindo com a estação chuvosa), caracterizado pelos displays de vôo (rufar de asas dos machos) e pela presença de filhotes novos. Foram registrados dois ninhos em oitis (Licania tomentosa) na calçada que margeia a mata (próximo ao horto), pertencentes a um mesmo casal que realizou postura de reposição após ter perdido a primeira ninhada. Ambos adultos cuidam da prole. Os filhotes são bastante ativos já na primeira semana de vida. Outro casal com dois filhotes e uma fêmea com um filhote foram registrados na área, além de indivíduos imaturos acompanhados dos adultos nos meses seguintes à estação reprodutiva. Os jacuguaçus tiveram a maior parte de sua dieta composta por frutos de 12 famílias de espécies vegetais. Consumiram frutos disponíveis na mata e visitaram com freqüência árvores frutíferas nos quintais das casas das vilas Sete Casas e Gianetti, marginais ao fragmento. Realizaram pequenos deslocamentos na mata seguindo a frutificação das plantas, concentrando-se nestes locais de alimentação. São bastante oportunistas, se alimentando na horta das casas, de milho e canjiquinha e frutas colocadas por moradores e funcionários (fato constante e corriqueiro). Além disso, consumiram a relva que cresce em alguns trechos ao longo das vias, folhas novas e brotos das plantas do subosque, e flores. Foi possível determinar sete condições favoráveis e 11 condições desfavoráveis para a espécie na área. Para as condições favoráveis foram traçadas 13 medidas potencializadoras e para as condições desfavoráveis 23 medidas mitigadoras. A maioria das medidas pode ser realizada pela própria instituição (UFV), auxiliada pelos resultados deste estudo e pelos professores e estagiários dos cursos afins. A disponibilização de alimentos pelos moradores e pelos funcionários parece ser o fator principal da concentração dos jacuguaçus em determinadas áreas, atraídos pela oferta fácil e regular de alimento, aliado ao ambiente propício - fonte de água, sombra, poleiros seguros nas araucárias e mangueiras - nos arredores da represa e à abundante frutificação de duas espécies de palmeiras exóticas. A oferta de alimento somada à mansidão que os jacuguaçus já apresentam pode estar ocasionando uma crescente domesticação das aves no local.